MÁRIO
TAVARES
Jurandyr Navarro
Do Conselho
Estadual de Cultura
Nascido em Natal onde iniciou os primeiros passos no estudo da Música,
continuando-o no Recife e ultimando-o na
então Capital brasileira. Impulsionado pelo ardor febril da
aristocrática profissão, conseguiu diplomar-se pela tradicional Escola Nacional
de Música. A partir daí, aperfeiçoando continuamente o entendimento musical,
percorreu, durante sua existência, trilha luminosa de triunfos os mais
animadores, sentindo, finalmente, o êxtase da glória na arte da melodia e da
sonoridade musical.
Num período de um decênio -1950-60 - atuou, com rara desenvoltura, na
Orquestra Sinfônica Brasileira. Teve a oportunidade de exercer a docência no
Conservatório Pró-arte, em Niterói e na escola Villa-Lobos.
Mário Tavares é considerado o maior intérprete do insigne compositor
Villa-Lobos. Prêmios inúmeros recebeu o emérito músico natalense, em concursos
nacionais. Foi Regente titular da Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal do
Rio de Janeiro, assinala Leide Câmara.
Representou o Brasil no V Seminário Internacional de
Música de Câmera de Zechron Yaac. Recebeu a Medalha "Gabriela
Mistral", no Chile, sendo premiado, também, em Porto Rico, Bogotá, Romênia
e Bulgária pelos seus méritos invulgares como Maestro de nível internacional.
Todas essas nacionalidades, por intermédio de dirigentes políticos e
embaixadores, reconheceram o valor do grande Regente brasileiro,
ou-torgando-lhe honras as mais distintas.
"Exaltação a Natal", poema
sinfônico-coral é de sua autoria, com letra de Fagundes de
Menezes. A sua apresentação pública deu-se, em nossa Capital, por ocasião das
festividades do Quarto Centenário, tendo sido interpretado pela Orquestra Sinfônica
do Rio Grande do Norte, no Teatro "Alberto Maranhão" e na Catedral
pela Orquestra do Coral Canto do Povo, sob a Regência de Mário Tavares.
A Música, a arte da sonoridade, enlevou a alma sensível do ilustre
Maestro. Para quem estuda e vive a Música deve experimentar o seu sabor todo
especial.
Carlos Beauquier, na sua "Fisiologia da
Música", tece o seguinte comentário sobre as
maravilhosas combinações de ondas e vibrações, comparando às outras artes, nos
termos:
"Tais combinações de sons e de movimentos equivalem aproximadamente o
que é para a vista a arte pura da decoração, da ornamentação; os caprichosos
arabescos, os florões, os desenhos, os estofos, de tapeçaria, etc. Há, na
Música, ideias
filosóficas de sentimentos, de imitação, de propósito literário, quanto no
estampado de um rico tecido de damasco ou de brocardo, ou nas pinturas
decorativas das velhas catedrais... Estes desenhos, que o decorador tira da
imaginação, feitos com linhas e cores, o músico os compõe com os sons. Desenha
com o ritmo e pinta com a harmonia. Uma sinfonia não passa, pois, de um vasto painel
decorativo, cujas linhas estão em movimento, um quadro que se descobre
sucessivamente... A impressão geral da música sobre o ouvido é
a mesma do caleidoscópio sobre a vista"
Em relação
ao sentimento humano, todas as artes que tocam a vida afetiva dão a mesma
sensação de prazer. Todas elas exaltam os sentidos. O poeta, o pintor, o músico
se comovem com um verso, uma tela, uma melodia...
Mário
Tavares experimentou, na alma, a emoção e o perfume embriagador desta arte que
envolve uma auréola de Beleza.
O ilustre
filho do Rio Grande do Norte foi Membro da Academia Nacional de Música.
A operosa e
brilhante atividade artística do grande Regente conquistou o aplauso dos seus
conterrâneos. E a memória cultural guardará, com desvelo, o nome de Mário
Tavares, orgulho da nossa arte divina.
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