Ah! Os guarda-chuvas!
Elísio Augusto de Medeiros e Silva
Empresário,
escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br
Quando eu era criança, tive muitas
capas de chuva, fabricadas de tecidos impermeáveis, e um sem-número de
guarda-chuvas, que normalmente eram comprados na “Formosa Syria”, na Av. Rio
Branco.
Perdi tantos... que acabei desistindo
de usá-los. Desde essa época, que vivi sem nenhum desses abrigos contra a
chuva. Também em Natal não chovia muito! De uns tempos para cá é que resolveram
cair essas chuvas torrenciais na Cidade do Sol! Chove de dia, de tarde, de
noite!...
Então, de início, em vez de andar com um
guarda-chuva pendurado, pingando água, preferia usar as proteções das marquises
das lojas, ou dos estacionamentos cobertos, dos shoppings, embora,
ocasionalmente, isso não impedisse um ou outro banho de chuva.
Esse ano, como vocês devem ter
percebido, está chovendo muito em Natal, e como preciso deslocar-me diariamente
a vários lugares, resolvi não tomar mais chuvas. Então, decidi comprar novamente
um guarda-chuva, mesmo sabendo de antemão que seria um problema conduzi-lo... e
não perdê-lo.
A Formosa Syria não existe mais, porém,
vocês precisam ver como existem camelôs que vendem guarda-chuvas na Av. Rio
Branco.
Desde que os ingleses passaram a
adotá-lo, em 1786, com a função correta, tornou-se um dos objetos mais fáceis
de perder, principalmente, pelos proprietários que não têm o hábito de saírem
com eles todos os dias. O uso ocasional faz com que ele suma na primeira
distração – dizem os mais antigos que isso não acontecia com as bengalas, que,
acredito, serem parentes dos guarda-chuvas. Pelo jeito, só se é fiel àqueles a
quem faz dele uso constante!
Como vocês sabem, o guarda-chuva dobrável,
surgido em 1805, permaneceu imutável: quase os mesmos, pois nunca conseguiram
mudá-lo totalmente: austeros, de tecidos pretos, cabo curvo (vários materiais)
e as infinitas aspas... como quebram essas aspas! Embora convenhamos,
atualmente, vários modelos dispõem de recursos sofisticados.
Desde que foi inventado, a sua função
continua a mesma: proteger os usuários. Faça chuva ou faça sol!
A história nos informa que, na
Mesopotâmia, região atual do Iraque, há 3400 anos, já se usavam artefatos
destinados a proteger a cabeça dos reis – mas, contra o sol, pois a chuva era
rara ali.
Então, lembro-me que, durante a minha
infância, mesmo não sabendo do detalhe acima, os guarda-chuvas tinham o aspecto
de coisa muito antiga. Em alguns países, uma de suas características era ser
usado em enterros.
Fúnebre, não?!
Quando, após ser usado, está molhado e
escorrendo água, descansa normalmente encostado a uma parede, sem ter a
liberdade de ser aberto para secar – isso somente no sol!
As senhoras adoram as sombrinhas, que
têm a mesma função, enquanto o pessoal mais jovem não lhes dá muita atenção,
mas, mesmo assim, nunca saiu de uso.
Existem uns parentes seus, próximos,
bem maiores: os guarda-sóis de praia, que, com seus coloridos, enfeitam as
nossas orlas, desde os anos 50.
Durante o carnaval, os passistas do
frevo usam umas sombrinhas pequenas, para embelezarem os seus passos. Embora
com uma função totalmente diferente, devem ser da mesma família.
Depois que voltei novamente a usar o
guarda-chuva, constatei que se encontram totalmente em desuso os porta-guarda-chuvas,
tão comuns nos finais do século XIX. Estou procurando um, se souberem, me
avisem.
Pelo jeito, vou incorporar novamente o
guarda-chuva no meu dia a dia, e aprender a conviver com ele. A propósito...
vocês o viram por aí?