29/06/2017
ARQUIVOS
Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com
Rebuscando papéis,
certo dia, fui achar uma carta que remeti ao jornalista e poeta maior Sanderson
Negreiros, datada de 21 de novembro de 1971. Eterno capataz dos mistérios
circundantes, o poeta utilizava os seus “Quadrantes” para captar o humanismo
asmático. Para tanto, tinha profunda e oxigenada “respiração filosófica”. Sou
seu leitor e eleitor de suas emoções. Vez por outra, me empolgava com a
cosmologia dos seus sentimentos e lhe escrevia. Ai vai uma cartinha de 46 anos
que o poeta de “Lances Exatos” recebeu sobre um assunto ainda bem atual:
“Lendo
a sua última crônica sobre os fariseus da maledicência, deduzi, com pesar, que
a grandeza de alma, nesses dias decadentes, não é contagiosa. Aqui, parafraseando
Shakespeare, é o exílio e longe a liberdade.
A
hidrofobia deixou de ser um caso veterinário para se tornar um problema
psiquiátrico de muita gente. E ninguém mais do que você se acha saciado da
expressão claramente perceptível dos homens e das coisas. Por isso, entre agir
e ser imbecil nessa terra, é preferível, permanecer na regra três. O bom é ser
místico. Místico na arte, na vida e na natureza. Buscar nas profundezas da vida
ou nas solenidades da dor, a verdade blindada: crêr no invisível para não se
suicidar no palpável. O visível encerra vícios redibitórios. Viver encarcerado
na vontade hesitante de ao invés de ser herói da própria vida, ser o espectador
do próprio drama.
Resta
assumir aquele compromisso com o imponderável de que você sempre falou. Para
que as maledicências ou o ódio dos homens não puxem o tapete de alguém, o
remédio é não tomar as feições das circunstâncias. Nesses tempos agitados a
intenção deve equilibrar-se a coragem. O importante é repetir e repetir sempre
que “o amor pode ler o que se acha escrito nas mais remotas estrelas”, no dizer
de Wilde.
E
por último a dolorosa constatação: Edmar Letreiro aplaudido pelo povo e Baracho
cultuado como santo. Daí se conclui que nos desencontros do mundo toda
celebridade quando não é célere é celerada”.”.
Qualquer semelhança com
alguma autoridade política hoje no Rio Grande do Norte é mera coincidência.
(*) Escritor.
22/06/2017
DA SUPERPOPULAÇÃO
NASCE O CAOS
Valério Mesquita
O agravamento dos problemas de saúde, segurança e
desemprego no mundo e, particularmente, no Brasil, tem a sua raiz na explosão populacional.
Não precisa ser cientista social, sociólogo, socialista ou qualquer
profissional especializado para chegar às conclusões. Há cinquenta anos as
entidades de planejamento familiar no Brasil não foram bem recebidas pela
igreja, partidos políticos, governos estaduais e sociedade civil. Velhos tabus
se interpuseram e malograram os propósitos da diminuição da natalidade que
poderia ter atenuado hoje o crescimento geométrico da população e da demanda de
saúde, de alimento, de emprego, de violência e tantas outras mazelas. O homem
continua predador do globo terrestre e da sua própria vida quando, a cada dia,
gera competitividade a si mesmo.
Observem o continente africano, com uma gama imensa de
pobreza e de carências de todo o tipo. Ali a raça humana se acha em processo de
extermínio mesmo, pela fome e pela doença. E os países ainda promovem guerras
brutais numa verdadeira e escandalosa carnificina. E qual o divertimento dessa
superpopulação oprimida e atrasada: o sexo, a procriação, que substituem ilusoriamente
a falta de sustento, de assistência, de remédio, todos subjugados ao talante
político de golpistas e demagogos corruptos. Mas, as nações do Novo Mundo, de
idiomas espanhol e português, enfrentam as mesmas sobrecargas, migrando para a
Europa que já fechou, por sua vez, as porteiras alfandegárias e diplomáticas.
Para africanos e asiáticos, idem. As razões defensórias são as mesmas: os
estrangeiros solapam e rivalizam o acesso à saúde, ao emprego e ao alimento com
os nacionais, além de promoverem tumultos pela conquista de direitos sociais
iguais.
O Brasil já supera os duzentos milhões de habitantes.
É uma população que já ultrapassa a grandeza da sua dimensão territorial. Isso,
por conta dos bolsões de pobreza, de desemprego, criminalidade e saúde pública
(federal e estadual) sucateadas. Outro ponto concorrente reside na migração do
homem do campo para as áreas metropolitanas. Aí se instala a desordem social,
onde tudo que é excesso se transforma em coisa demasiadamente ruim. Quer um
exemplo: a quantidade de veículos motorizados, o número crescente de assaltos,
rios poluídos, água potável contaminada, escassez de moradias, e por aí vai.
Tudo por quê? Porque existe gente demais. O país ignorante e analfabeto não
elegeu uma política educacional de controle da natalidade para um
desenvolvimento sustentável.
E daí? Tome improvisação e choque de gestão! Medidas
oficiais somente paliativas e projetos megalomaníacos. O brasileiro espera
sempre pelo milagre da terra, sem prepará-la, contudo, adequadamente, para
produzir alimentos. No Rio Grande do Norte, quem está no campo produzindo? Quem
deseja mais manter propriedade rural para ser tomada por bandos organizados e
oficializados? A economia mundial sofre a pior crise da sua história, face à
concentração de riquezas dos que aplicam dinheiro no arriscado mercado de
capitais, em detrimento de bilhões de indivíduos marginalizados. Com efeito,
levam os governos ao “salvamento” de bancos e empresas gigantescas, tirando das
populações empobrecidas o direito ao pão, à saúde e ao teto. O “crescei e
multiplicai-vos” foi levado muito ao pé da letra. Como diria um padre amigo
meu, “isso aí é uma alegoria...”. Sou a favor da vida, mas é preciso ensinar o
povo que botar gente no mundo sem condições de criar, hoje, é burrice e dor.
(*) Escritor.
19/06/2017
CHICO ANYSIO, O COMPOSITOR – Berilo de Castro
Durante muitos anos, o Brasil se alegrou, riu, aplaudiu e reverenciou o seu humorista maior – Chico Anysio.
Em março do ano de 2012, perdemos o seu
convívio. Faleceu aos 80 anos na cidade do Rio de Janeiro/RJ; uma perda
lastimável e de difícil substituição.
Como é bom poder rever os seus
inesquecíveis programas, quando são reprisados em forma de homenagem ao
grande mestre do humorismo brasileiro.
Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho -( Chico Anysio ), Maranguape/CE, abril de 1931- Rio de Janeiro/RJ, março de 2012.
Sua história como compositor, surgiu e
foi inspirada no final da década de 1950, ao escutar a música “Gente
Humilde”, na versão instrumental gravada por Aníbal Augusto Sardinha (
Garoto – 1915-1955); muitos anos depois, a música recebeu a letra de
Vinicius de Moraes e Chico Buarque de Holanda, consagrando-se como uma
das mais belas poesias musicais da MPB.
Recebeu influência direta de sua mãe
Haydée Paula, sua primeira parceira; portanto, herdara uma forte
influência genética da família, onde todos respiravam e nutriam
música.
Teve a feliz e genial companhia no
início da sua carreira de compositor, da amiga, compositora e parceira
Dolores Duran (1930-1959), chegando a gravar um LP com quase todas as
músicas de sua autoria; destaque para “A fia de Chico Brito”, um baião
que fez muito sucesso e foi destaque no LP – “Estrada da Saudade”, de
Dolores.
Em 1955, a revista Disco – Tocando/RJ,
apresentou uma relação com as 100 melhores músicas brasileiras, na qual
figuravam quatro composições de Chico Anysio em parceria com o potiguar(
macauense) Hianto de Almeida, considerado por ele( Chico) como um
grande músico e um dos precursores da Bossa Nova.
Foi na canção “Conversa de Sofá”, da
parceria Chico/ Hianto, que o maestro Tom Jobim, fez o seu primeiro
arranjo – o início da consagração e da imortalidade do genial maestro.
Chico compôs mais de 200 músicas. Seus
principais parceiros foram: Dolores Duran, Arnaud Rodrigues (1942-2010) e
Piau, que juntos criaram o trio musical e humorístico “Caetano e os
Novos Baianos”(1970), como uma sátira ao movimento tropicalista; fez
grande sucesso; gravou vários LPs; registro maior para a música “Vou
batê pá tu”. Outra feliz parceria foi com Nonato Buzar (1932-2014), com a
música ” O Rio Antigo”, com a belíssima interpretação de Alcione; com
João Roberto Kelly,compôs “Rancho da Praça 11”, gravada brilhantemente
por Dalva de Oliveira, a canção foi premiada no carnaval carioca do IV
Centenário, no ano de 1965; com o músico potiguar Hianto de Almeida,
gravou mais de 60 músicas.
Teve as suas músicas gravadas por
grandes e famosos intérpretes, como: Dolores Duran, Elizete Cardoso,
Dalva de Oliveira, Luiz Gonzaga, Benito di Paula, Alcione e outros.
É bom rever, revelar e reviver essa bela e inteligente faceta, do nosso genial humorista Chico Anysio.
Saudades!!!
Berilo de Castro – Médico e escritor17/06/2017
QUASE 90 ANOS VIVIDOS
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes
Mesmo sem a obrigação de escrever diariamente uma crônica para alimentar o meu blog, ultimamente tenho me metido a besta e me arvoro como escritor para registrar passagens que considero marcantes do cotidiano, boas ou não, mas necessárias para atiçar a cabeça dos meus leitores – será que não é mais um atrevimento pensar que os tenho! Estou sendo pretensioso ou preterdoloso?
Pois bem, após um dia um tanto emocional, com o falecimento da amiga guerreira Wilma de Faria, a quem fui reverenciar com o último adeus na Catedral Metropolitana de Natal, acompanhado de Bob Furtado, passei a tarde escrevendo a continuação da segunda versão do meu livro Traços e Perfis da OAB/RN, com interrupção já a noitinha para ir à missa de 7º dia de Conceição Rocha da Costa, viúva de tio Pedro, retornando para continuar a missão.
Já no roncar da noite caí exausto no ventre da minha rede e liguei a televisão na hora do Conversa com Bial, jovem jornalista ressuscitado pela Globo com um programa de boa qualidade, apagando aquela imagem fútil e medíocre quando comandava o BBB.
Nesta noite do dia 16 o prato do dia foi nada mais, nada menos, que ARIANO SUASSUNA, que chegou a quase 90 anos bem vividos, acho eu, pois conseguiu ressurgir das cinzas após o assassinato do seu pai, tornando-se a figura mais representativa do que de melhor existe no Nordeste brasileiro para oferecer.
Sem dúvida, é um escritor multifacetário, expoente maior da verdadeira cultura do povo destas bandas, usando uma linguagem prosaica singular, nacionalista, ou melhor, regionalista,, que impõe ao Brasil a sua maior expressão de intelectualidade moderna e autêntica.
Um verdadeiro gênio em todas as dimensões – um poeta, dramaturgo, folclorista, antropólogo, etnógrafo, artista, enfim, de dimensão infinita, obnubilado pela fama de outros expoentes das letras nordestinos, alguns até chatos, que apearam, por algum tempo, o desarnar de um futuro escritor.
Diz-se, e é verdade, que para se consagrar alguém é preciso que ele morra. Tai coisa besta – ARIANO é imortal, se não ta vivinho bulindo fisicamente, sua obra continua a encantar.
Receba, pois, o seu espírito todo o meu respeito e a minha saudade, ou melhor, para não ser paradoxal, tiro a saudade porque imortal não morre e, por isso, não deixa saudade. Talvez a força da expressão tenha me traído porque a sua obra parou por aqui com o que já fez e é muita coisa!
Quem sabe se um novo Chico Xavier não aparece para receber novos contos!
Terminei por hoje, ou, por amanhã! Já são 2 horas da matina de outro dia.
16/06/2017
O ESTADO ESTÁ DE LUTO
Morre a ex-governadora Wilma de Faria
16 Jun 2017
Pioneira na política do Rio Grande do Norte, tendo sido a primeira mulher eleita deputada federal, primeira prefeita de Natal e primeira governadora do estado, uma das lideranças mais carismáticas da história potiguar, a “guerreira” Wilma de Faria morreu às 23h40 deste feriado de Corpus Christi, 15 de junho, aos 72 anos de idade.
Wilma vinha convivendo com câncer no sistema digestivo há mais de dois anos, quando passou por tratamentos quimioterápicos e algumas cirurgias em São Paulo e Natal.
Mas sempre tentando conciliar com agenda de trabalho, uma de suas maiores fontes de vida e razão pela qual tem reconhecimento dos norte-rio-grandenses, – pelo legado de muitas ações e investimentos em todas as regiões do estado.
Eleita vereadora de Natal na última eleição, Wilma estava licenciada da Câmara desde o dia 18 de abril. Ainda cogitava retornar às atividades, mas teve que ser internada mais uma vez. Estava desde o dia 3 de junho na Casa de Saúde São Lucas, onde permaneceu até agora quando veio a óbito por falência múltipla de órgãos.
O velório acontecerá no Palácio da Cultura e o sepultamento no Morada da Paz, em Emaus, com horários a serem definidos.
PROFESSORA
Mestra em Educação e especialista em Sociologia, Wilma Maria de Faria nasceu em Mossoró, na região Oeste, e cresceu em Caicó, no Seridó. Tem quatro filhos e 13 netos; era professora aposentada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde se licenciou em Letras.
Sua trajetória política foi marcada pelo pioneirismo e ousadia. Quebrando a forte herança machista no estado, Wilma foi eleita a primeira deputada federal pelo RN em 1986, atuando em defesa dos direitos dos trabalhadores – o que lhe rendeu nota 10 do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Em 1988 se elegeu a primeira prefeita de Natal, cidade que administrou por três mandatos (1988, 1996 e 2000). Já no ano de 2002 marcou mais um capítulo da história política do estado, ao ser eleita a primeira mulher a governar o Rio Grande do Norte, liderando uma frente de pequenos partidos. Foi reeleita em 2006.
Wilma de Faria também foi vice-prefeita da cidade do Natal entre 2012 e 2016, e presidente estadual do Partido Socialista Brasileiro (PSB/RN) por 20 anos. Atualmente era vereadora de Natal pelo Partido Trabalhista do Brasil (PTdoB) para a legislatura 2017-2020.
LEGADO
Por onde passou, Wilma foi destaque pelo seu trabalho e dedicação, principalmente na área social. Mas foi à frente do executivo estadual que a ‘guerreira’ desenvolveu suas maiores ações e obras, entre elas a expansão da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), a Refinaria Clara Camarão, em Guamaré; a Ponte de Todos Newton Navarro, em Natal; a Ponte da Ilha de Santana, em Macau; a Ponte de Jucurutu; o Complexo Turístico Ilha de Santana, em Caicó; a Revitalização da Av. Rio Branco, a construção do Expocenter e a implantação do Curso de Medicina, em Mossoró.
Destaque ainda para o Programa de Segurança Alimentar, com os Restaurantes Populares, assim como a duplicação do número de Centrais do Cidadão; além de ter realizado um grande programa rural de apoio ao homem do campo: o Desenvolvimento Solidário.
Wilma orgulha-se também de ter melhorado os índices socioeconômicos do estado, sobretudo em energia eólica, que alçaram o RN de zero em energia limpa ao 1º lugar nos leilões do país, além de no turismo, principal atividade econômica, ter colocado o RN como destaque do Nordeste.
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FONTE: POLÍTICA EM FOCO
15/06/2017
RELEMBRANDO MOSSORÓ
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14/06/2017
GUARAPES 2017:
AUDIÊNCIAS PÚBLICAS!
Valério
Mesquita*
O ponto alto das comemorações dos 140 anos da emancipação
política e administrativa de Macaíba será o aniversário de 208 anos de
nascimento do seu fundador Fabrício Gomes Pedroza, cujas cinzas foram
trasladadas do Rio de Janeiro para a igreja matriz de Nossa Senhora da
Conceição. O vinte e sete de outubro de 1877, pela lei nº 801, Macaíba – que
antes se chamava Coité – desmembrou-se de São Gonçalo. Aí amplia-se o período
de esplendor comercial do porto de Guarapes que irradiou energia econômica a
todos os quadrantes. Monopolizou o sal para o sertão, incentivou a indústria
açucareira do vale do Ceará-Mirim, financiou a produção adquirindo as safras
das fazendas de algodão, cereais, couros e peles. Fundou a “Casa dos Guarapes”
e do alto da colina comandou o seu mundo de transbordamentos, onde tudo era
rumor, vida, agitação, atividade.
É nesse vácuo de duzentos anos que reside a minha perplexidade.
Um silêncio dominado pelo abandono e a indiferença. Ninguém coloca em cena a
coragem de contemplar restituído o universo oculto de Fabrício que fez brilhar
o nome de Macaíba dentro e fora do Rio Grande do Norte, na segunda metade do século
dezenove. Não bastam, apenas, reprisá-lo com lendas e narrativas, como tivesse
sido um mundo de ficção. Melhor que a dispersão da palavra solta é ouvir o eco
de suas paredes reerguidas, das vozes trazidas pelo vento das vidas que não se
pulverizaram mas renasceram pelas mãos das novas gerações. Esse universo
semidesaparecido, clamo por ele, aqui e agora, afirmando que a melhor imagem de
um homem, após a morte, não são as cinzas, mas a obra (casarão dos Guarapes)
que legou à posteridade, revivida e restaurada como reconfortante e fiel
fotografia de sua história e vida. Audiência pública urgente! Na Assembleia
Legislativa e na Câmara de Macaíba.
Como guerreiro solitário, luto há mais de quinze
anos pela restauração dos escombros do empório dos Guarapes. Como membro,
àquela época, do Conselho Estadual de Cultura do Estado, consegui o tombamento.
De imediato, no desempenho do mandato parlamentar obtive do governo a
desapropriação da área adjacente. Batalhei, em alto e bom som, junto aos
gestores públicos a elaboração do projeto arquitetônico, que, até hoje, dormita
em armário sonolento da burocracia. Foi uma agitação, apenas, que não se moveu
nem comoveu. Saí dos movimentos da superfície oficial, para as janelas da
imprensa e outras vozes, em coro uníssono, oraram comigo pelas ruínas da mais
reluzente história da economia do Rio Grande do Norte: os Guarapes. Todo esse
conjunto de verdades fixas foi ilusão imaginar que a lucidez jamais se
disfarçaria em surdez. Como enfrentei e venci no passado, partindo de perspectivas
débeis e precárias, óbices quase intransponíveis para a restauração das ruínas
do Solar do Ferreiro Torto e da Capela de Cunhaú, sinto que não perdi os laços
entre a fragmentação do sonho e a fé incondicional no meu pragmatismo, de que
tudo, até aqui, nada foi em vão. Audiência pública urgente! Na Assembleia
Legislativa e na Câmara de Macaíba.
Reproduzir a realidade, tal que se imagina
que fosse, o burburinho comercial e empresarial daquele tempo de Fabrício,
faz-nos refletir e aprender para ensinar aos jovens de hoje através de
exemplos, imagens e ritmos, a saga de que vultos como o dele iniciaram uma
figuração, nova, nítida e luminosa, pouco tempo depois, numa Macaíba que
começava a nascer com Auta de Souza, Henrique Castriciano, Tavares de Lyra, Augusto
Severo, Alberto Maranhão, João Chaves, Octacílio Alecrim e outros que
construíram em modelos de vidas o prestigio da terra natal – que não se
evapora, nem se desmancha. Essa realidade para mim é tensa e inquieta, porque
cabe hoje revivê-la em todos nós. É imperioso que os nossos governantes tracem
esboços para uma saída, uma superação, criando-se fendas e passagens, para
juntos, todos, respirarmos o oxigênio da convivência com os nossos
antepassados. Se todos nós pensarmos assim, com cada palavra significando
labareda, lampejo, no centésimo quadragésimo aniversário, derrubem, pois, os
obstáculos que impedem as luzes do empório dos Guarapes refletirem sobre a
posteridade. Se assim não agirmos tudo será cinzas.
Audiência pública urgente! Na Assembleia Legislativa
e na Câmara de Macaíba.
(*) Escritor.
13/06/2017
UMA NOITE INESQUECÍVEL
A Solenidade realizada ontem na Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, pode ser considerada inesquecível, mercê de haver guardado um cerimonial elogiável, distribuído em quadros marcantes.
O evento foi patrocinado por três entidades - a ANRL, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte e a Academia de Letras Jurídicas do RN - ALEJURN, representado pelo Acadêmico Lúcio Teixeira dos Santos.
Inicialmente o Acadêmico Diogenes da Cunha Lima abriu a solenidade cumprimentando os presentes e as Instituições, dentre as quais a Maçonaria, que teve papel preponderante na luta nacionalista na Revolução Pernambucana de 1817.
Em seguida houve uma encenação emocionante de estudantes do Grupo de alunos do Cenep-Centro Estadual de Educação Profissional Senador Jessé Freire, por gentileza da Professora Isaura Rosado que diante do quatro de Parreiras encenaram a prisão e o julgamento do Padre Miguelinho, o grande homenageado da noite, nos seus 200 anos de morte (12 de junho de 1817), grupo muito aplaudido e elogiado.
Composta a Mesa dos Trabalhos com os representantes da Instituições Patrocinadoras - Cláudio Emerenciano, pela ANRL, sendo inclusive o ocupante da cadeira n° 1 em que é Patrono Padre Miguelinho, seguido do Acadêmico e Jornalista Vicente Serejo, pela ANRL que revelou aspectos históricos da vida do homenageado, calçado em opiniões de escritores potiguares reveladoras de verdades das ocorrências, tendo em Edgard Ramalho Dantas o terceiro orador, que exaltou a obra do seu avô Manoel Dantas, com novas revelações contundentes e, encerrado a solenidade, a fala abalizada do Acadêmico Jurandyr Navarro, num discurso intimista do grande Herói e Mártir, estes últimos representando o IHGRN.
Foi realmente uma noite esplendorosa para o resgate de uma história imorredoura, que enriquece a história do Rio Grande do Norte e consagra definitivamente o nosso maior herói, o Frei e posteriormente Padre secular Miguel Joaquim de Almeida
e Castro (Padre Miguelinho).
A COMUNIDADE POTIGUAR AGRADECE TÃO MEMORÁVEL SOLENIDADE.
Casa do Mestre Cascudo
13/06/2017
texto Gustavo Sobral e ilustração Arthur Seabra
Um canto de muro esconde muito coisa que só ele revela. Num canto de
muro habitam insetos, saltam pássaros, andam formigas, caem goteiras,
crescem ervas daninhas, passeiam e sonham meninos. Um canto de muro
feito assim vira literatura nas mãos de um Cascudo amigo que pela janela
do seu sobrado colecionava os fins de tarde do rio Potengi.
Casa na avenida com nome do dono, Câmara Cascudo, subida da Ribeira
para a Cidade Alta, Natal/RN. Na porta de entrada, a segurança
necessária: um cangaceiro pintado pelo artista completo de todos, e
amigo, Dorian Gray Caldas. Transposta a segurança, a escadaria leva ao
alpendre que ali toma nome de vento e sossego de um chão desenhado de
mosaico.
Na sala de entrada, retratos. Foto do zepelim, que sobrevoou a cidade
dos anos 1900 e jogou flores ao aeronauta Augusto Severo, e de Villa
Lobos, que oferece uma testa larga para um Cascudo amigo. E depois, na
casa, as paredes pintadas com as assinaturas de quem entrou porta
adentro e viu e viveu o mestre quando conversava no balanço da cadeira e
baforava a lentidão no charuto.
A máquina de escrever descansa mais de cento e sessenta livros e
plaquetes escritos e publicados sobre tudo, desde história, folclore,
alimentação a cultura, tanto que teve de virar livro, trabalho de toda
hora e de todo tempo para escrever sobre todas as coisas numa disciplina
da madrugada de leitura e redação que o aviso na porta advertia: o
mestre Cascudo só atende à tarde, que pela manhã dorme e à noite
escreve.
O endereço ficou marcado para que não se perdesse, recebendo o seu
nome, então a casa antiga ficou pertencendo à rua do dono, Avenida
Câmara Cascudo, 377. Dizem que sua forma é chalé, a que gosto de época
não se sabe, mas suas obras findaram em 1900, até ser comprada pelo
sogro de Cascudo em 1910, e depois por ele, em 1947. Os pedacinhos da
casa estão nas páginas dos seus livros, porque foi naquele chão e
embaixo daquele teto que livros e mais livros, e muita história com
sabor de quem conta, saíram por aí pelas páginas, provocando o encanto
da descoberta de ler o que Cascudo conta.
12/06/2017
11/06/2017
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10/06/2017
09/06/2017
UMA NOITE DE ALEGRIA
Foi indiscutivelmente uma noite de alegria - O Instituto Histórico e Geográfico reabre as suas portas para os seus associados e para o público.
Contando com as bençãos da Igreja, através do associado e amigo, Padre Bianor Júnior, tem início a solenidade oficial comandada pelo Presidente Ormuz Barbalho Simonetti
Discurso do Presidente Ormuz Simonetti para uma platéia atenta.
Várias autoridades prestigiaram o Evento - Juiz Federal Ivan Lira de Carvalho, representando o Poder Judiciário, Deputado Hermano Morais, representando o Poder Legislativo Estadual, Iaperi Araújo, Presidente do Conselho de Cultura, os Eminentes Presidentes Honorários Jurandyr Navarro da Costa e Valério Alfredo Mesquita, Lúcio Teixeira dos Santos, Presidente da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte, Vereadoras Eleika Bezerra, Júlia Arruda e Nina Souza. Também compareceram os integrantes da Diretoria.
Várias autoridades prestigiaram o Evento - Juiz Federal Ivan Lira de Carvalho, representando o Poder Judiciário, Deputado Hermano Morais, representando o Poder Legislativo Estadual, Iaperi Araújo, Presidente do Conselho de Cultura, os Eminentes Presidentes Honorários Jurandyr Navarro da Costa e Valério Alfredo Mesquita, Lúcio Teixeira dos Santos, Presidente da Academia de Letras Jurídicas do Rio Grande do Norte, Vereadoras Eleika Bezerra, Júlia Arruda e Nina Souza. Também compareceram os integrantes da Diretoria.
Após a execução do Hino Nacional Brasileiro, pela Banda de Música da Gloriosa Polícia Militar do Estrado, o Presidente Ormuz fez o discurso oficial da solenidade e, em seguida, registrou a outorga de títulos de Sócios Beneméritos aos jornalistas Dirceu Simabucuru e Priscilla Simonetti, entregues na Intertv e os títulos de Amigo do IHGRN ao Deputado Hermano Morais, Vereadoras Eleika Bezerra, Júlia Arruda e Nina Souza.
Inaugurada a Exposição "Presença Viva de Dorian Gray Caldas", com o descerramento de faixa pelo Presidente Ormuz e o Presidente do Conselho de Cultura Iaperi Araújo, na ocasião também representando Dione Caldas, filha e curadora da exposição do acervo do imortal artista. Na sequência convidou os presentes para constatarem as melhorias realizadas no prédio.
Terminada a solenidade, os presentes se dirigiram ao Largo Vicente de Lemos para uma confraternização e audição de artistas locais.
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