30/01/2014


1969 – Um passeio à Tabatinga 

Elísio Augusto de Medeiros e Silva

Empresário, escritor e membro da AEILIJ

elisio@mercomix.com.br


Aquele passeio até Barra de Tabatinga foi uma verdadeira aventura. Quase três horas, com cinco rapazes dentro de um Fusquinha 66, por uma estrada cheia de buracos e deserta.

Chegamos à Pirangi e paramos no Bar do Pinoca para uma água de coco. Aquela praia, mesmo em 1969, já tinha bastantes veranistas.

Depois da ponte que separa as duas Pirangis (Norte e Sul) a estrada continuava sinuosa e cheia de buracos. Muitas casas de pescadores, jangadas e botes de pesca na orla.

De lá até a Praia de Búzios a “estrada” era praticamente à beira-mar, tendo seu trajeto em alguns pontos no meio dos coqueiros nativos. À medida que a viagem se alongava, a estradinha ia ficando mais deserta e difícil de trafegar.

De um lugar mais alto, logo depois de Pirangi, víamos ao longe as falésias de Búzios e a ladeira íngreme que conduzia à Tabatinga e outras praias.

Após andarmos um pouco em Búzios chegamos a um riozinho, que descia dos morros até a orla marítima. No local, o mar estava muito agitado e a areia branca era jogada pelo vento com força.

Do lado direito, avistavam-se os morros – as dunas prolongavam-se até uma exuberante mata fechada, provavelmente, repleta de lagoas e mata fechada. Aqui e ali a choupana de algum pescador. O céu e mar incrivelmente azuis nos deixaram encantados.

Um pouco mais a frente, avistamos um Jeep Willys parado a beira-mar, com uma barraca armada ao lado. Era um grupo de rapazes que tinha vindo de Natal para uma pescaria de molinete. Deles, me lembro de dois. No meio daquela paz, a paisagem era indescritível.

Aguardamos um pouco a maré baixar para prosseguirmos em nossa incursão a beira-mar. Naquela época, a beira da praia durante a maré seca era muitas vezes utilizada como estrada, pois essas praticamente não existiam por ali.

Aproveitamos para tomar um ligeiro banho de mar, pois o calor estava insuportável. Naquele trecho, as ondas eram enormes, de forma que não nos arriscamos a um mergulho, praticamente tomamos banho de areia.

Depois, continuamos pela beira-mar e nos dirigimos à estradinha de barro, que havia sido construída há pouco tempo – segundo alguns pelo Sr. Pedro Lopes, proprietário de muitos terrenos dali até Camurupim.

Finalmente, chegamos ao pé da “Ladeira de Tabatinga” e aí começaria a parte mais difícil de nossa empreitada. O fusquinha, com seu motorzinho 1.200cc, não tinha força para vencer a areia fofa daquele areal inclinado com todos os seus ocupantes a bordo.

O jeito foi revezarmos – enquanto um ia dentro do veículo dirigindo, os outros empurravam nos trechos mais difíceis para conseguirmos chegar ao fim da ladeira. Finalmente, alcançamos o topo – nosso esforço foi recompensado – a vista do alto era indescritível.

De lá prosseguimos até a pequena vila de pescadores de Tabatinga. Estacionamos em uma mercearia – ninguém é de ferro!

Para chegarmos até a praia tranquila havia um longo caminho a pé. Decidimos ficar na mercearia, onde a cerveja gelada (geladeira de querosene) e o peixe frito no dendê não nos deixaram dúvidas quanto à nossa opção.

Depois de Tabatinga as praias desertas iam se sucedendo – algumas calmas para o banho, outras de ondas altas e bravas, mas deixamos isso para outra oportunidade.

Alguns do grupo queriam prosseguir até “Campo de Santana” e de lá à Nísia Floresta. Felizmente, a maioria rejeitou a ideia.

Na volta, tudo foi mais fácil. De Búzios trouxemos inúmeras conchas coloridas – brancas, azuis, vermelhas, amarelas, azuladas, cinzentas... recolhidas a beira-mar.

Chegamos a Natal no pôr do sol e moídos de cansaço. Nada mais justo que uma parada no Teco-Teco, o bar de Geraldo na estrada de Ponta Negra. Valeu!

 

 

 

 

29/01/2014

A COLUNA PRESTES NO RIO GRANDE DO NORTE - VIII - TOMISLAV R; FEMINIC K



A Coluna Prestes no Rio Grande do Norte - VIII- Tomislav R. Femenick – Membro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do RN

 O relato do ataque da Coluna Prestes à cidade de São Miguel contado pelo senhor José Guedes – e publicado pelo historiador Luiz Gonzaga Cortez – embora importante, tem várias falhas, contradições e evidenciam alguns preconceitos. Alguns exemplos eu já publiquei em artigo anterior e hoje constato mais alguns. O depoimento procura fazer ver que não houve “nenhum heroísmo da população de São Miguel/RN nos enfrentamentos da Coluna Prestes, em fevereiro de 1926”, porém muda de atitude quando os revoltosos fogem da luta. Essa fuga deu-se quando os elementos da Coluna tomaram conhecimento de “que no Riacho Fundo, a uma légua de São Miguel, estava havendo um grande tiroteio com a polícia”. Então os oficiais da Coluna abandonaram a cidade e “mandaram levantar acampamento e todos rumaram para a estrada”. Pelo depoimento de José Guedes, os civis que estavam defendendo sua cidade e suas famílias eram covardes, mas os militares muito bem armados e com grande experiência de combate apenas queria evitar a perda de seus homens. Outro aspecto do depoimento do senhor José Guedes demonstra o preconceito do próprio Luís Carlos Prestes contra os nordestinos. O texto atribui as seguintes palavras ao líder da Coluna: “essa mundiça não merece a mínima confiança; os sulistas são bons, mas trazemos um pessoal do Maranhão e do Piauí que ninguém tolera”. Rostand Medeiros (2010) nós diz que, após saírem de São Miguel, a Coluna Prestes “seguiu em direção aos atuais territórios dos municípios potiguares de Venha Ver e Luís Gomes, onde o trajeto utilizado aparentemente foi através dos sítios Bananeira, Formoso, Bartolomeu e depois Venha Ver, na época uma fazendola com algumas casas na beira de um açude. Nesta cidade, [...] enquanto o grosso da tropa seguia adiante, alguns membros da Coluna acamparam próximos ao açude, aonde chegaram a permanecer alguns poucos dias na região, inclusive com suas mulheres. Estas utilizavam lenços e panos na cabeça de cor vermelha, mostrando orgulhosamente que faziam parte do grupo rebelado. [...] Após saírem deste lugarejo, a Coluna de Revoltosos seguiu em direção à propriedade Cacos (ou Cactos), e após passarem pela Ladeira dos Miuns, estiveram na região dos sítios Tigre, Imbé, São Bernardo, Feira do Pau e na pequena área urbana da cidade de Luís Gomes”. No dia cinco de fevereiro daquele ano, a Coluna Prestes invadiu a vila de Luís Gomes, que estava praticamente abandonada pelos seus moradores. Segundo narra o escritor Itamar de Souza (1989): “O povoado preparara-se para resistir. Mas, quando os habitantes da vila receberam o aviso de que os rebeldes estavam no Imbé, a debandada foi geral. Repetiram-se as mesmas cenas consignadas na invasão da vila de São Miguel. Primeiro, dominaram a estação telegráfica, em cujas instalações almoçaram alguns Oficiais do Estado Maior. Depois que tentaram notícias sobre a situação das forças legalistas em Pau dos Ferros, eles quebraram o aparelho de transmissão. Enquanto isto, os rebeldes saqueavam e arrombavam casas comerciais como verdadeiros vândalos. De Luís Gomes, eles se dirigiram para o território da Paraíba”. A análise que Rostand Medeiros faz desse evento é taxativa: “Em Luís Gomes se repetiram as ‘ações revolucionárias’, com uma sequência de saques de casa residências e comerciais. Foram provocados incêndios no cartório e na agência dos correios. Já no dia 6 de fevereiro, os revoltosos deixaram Luis Gomes e o Rio Grande do Norte, adentrando na Paraíba”. Uma última palavra deve ser dada em relação ao importante texto de memória do senhor José Guedes do Rego sobre a passagem da Coluna Prestes por São Miguel. Todos os autores de memórias as fazem no intuito de contribuir para a afirmação da verdade. Porém “a formação cultural do indivíduo não lhe permite uma isenção de valores, ao apreciar o fato. Então, o que vai alterar a consecução da narrativa, é o envolvimento maior ou menor do autor com um fato [...]. O autor se revela através de seu texto, seja ele histórico ou não. Fazendo uma análise do passado, ele atinge o presente. Quer confirmando a versão oficial quer apresentando abordagens diferentes, o autor sempre está buscando uma razão para a sua vida atual. Talvez, abandonando a postura de aceitar as coisas apenas como elas nos são passadas, o homem possa, através da volta ao passado, compreender a si mesmo” (Souza, 2005)
O sargento-mor Valentim Tavares de Mello

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, sócio do IHGRN e do INRG

Pedro Arruda, lá de Fortaleza, pede notícias de Manoel Gonçalves Branco, seu ascendente, através de Francisco de Oliveira Banhos. Diz, também ser descendente de Tomé Lopes Navarro. Em um dos meus artigos, escrevi sobre o “homem do Reino”, Manoel Gonçalves Branco. Ele é ascendente de muitas famílias deste Brasil. Neste artigo, vamos escrever sobre seu filho, Valentim Tavares de Mello, começando pelo batismo.

Em 27 de fevereiro de 1707, nesta Paroquial de Nossa Senhora da Apresentação, batizou, o Padre Coadjutor, a Valentim, filho do capitão Manoel Gonçalves Branco e sua mulher Catharina de Oliveira. Foram padrinhos o Padre Antonio Rodrigues Fontes e Thomás de Brito Ferrás. Tem os santos óleos. Simão Rodrigues de Sá.

Vinte anos depois, encontramos Valentim sentando praça, como soldado raso, nesta Capitania do Rio Grande. É um registro interessante, pois descreve, fisicamente, o assentado.

Valentim Tavares de Mello, morador nesta Capitania, filho legítimo de Manoel Gonçalves Branco, e natural desta Capitania, de idade de vinte anos pouco mais ou menos, de estatura baixa, seco do corpo, e alvarinho do corpo, digo, do rosto, cabelo crespo e castanho, olhos pardos, sobrancelha grossa, cara redonda, senta praça de soldado raso, nesta Companhia do capitão Francisco Ribeiro Garcia, por sua vontade, e mandato do dito capitão, e intervenção do Provedor e Vedor Geral, o capitão Domingos da Silveira, em quatorze de dezembro de mil e setecentos e vinte e sete, vencendo dois mil e quatrocentos reis/mês, e por ano vinte e oito mil e oitocentos réis, a saber: quinze mil e trezentos e sessenta réis em dinheiro, e, em farda, treze mil e quatrocentos e quarenta réis, na forma da ordem de sua Majestade, em que há por bem o acrescentamento dos soldos que se acha registrada nesta Provedoria a folha 142,verso, do livro 1º do Registro. Caetano de Mello e Albuquerque.

Os pais de Catharina de Oliveira e Mello, eram Francisco de Oliveira Banhos e Antonia Tavares de Mello, por isso, o sobrenome de Valentim.

Em 8 de junho de 1733, Valentim  já era capitão, e apareceu como testemunha, junto com o irmão, sargento-mor Gregório de Oliveira e Mello, no casamento de Victoriano da Frota e Maria Gomes de Sá. Nessa data, ambos eram solteiros, e o pai, Manoel Gonçalves Branco, já era defunto. Em 4 de novembro de 1734, passou a sargento-mor da Cavalaria da Ribeira do Assú, do Regimento do coronel Miguel Barbalho Bezerra, por patente do senhor capitão-mor João de Teive Barreto de Menezes.

Em 1735, ele casa pela primeira vez, pois em outros documentos aparece casado com Luzia de Albuquerque. Vejamos o registro do casamento que encontramos.
Aos dezoito de julho de mil setecentos e trinta e cinco anos, nesta Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, da cidade do Rio Grande do Norte, feitas nela as denunciações, e na Igreja de Nossa Senhora do O’ da Missão do Mipibu, perto de onde morou a contraente, e na capela de Nossa Senhora dos Remédios, próxima a qual é o lugar onde mora, apresentando-se um mandado do Reverendíssimo Vigário Geral, o doutor Antonio Pereira de Castro, em que dava (frase ilegível, mas parece uma liberação ) o impedimento ao contraente da promessa feita a Paula das Quintas, e me mandava os Recibos por palavras, sem se descobrir mais algum, sendo presentes por testemunhas, o Reverendo Padre Manoel Pinheiro Teixeira, o sargento-mor Dionísio da Costa Soares, Dona Eugênia de Oliveira e Mello (irmã de Valentim), mulher do dito, e Catharina de Oliveira, dona viúva, pessoas todas conhecidas, e moradores desta cidade, assisti ao matrimonio que entre si contraíram o sargento-mor Valentim Tavares de Mello, filho legítimo do capitão Manoel Gonçalves Branco, já defunto, e de sua mulher Catharina de Oliveira e Mello, e Angélica de Azevedo Leite, filha legítima do coronel Carlos de Azevedo do Vale, e de sua mulher Izabel de Barros, moradores e naturais desta Freguesia, e logo lhes dei as bênçãos, guardando-se em tudo a forma do Sagrado Concilio Tridentino, do que mandei fazer este assento em que por verdade assino. Manoel Gomes Correa.

Dona Angélica deve ter falecido pouco depois e Valentim casou com Luzia de Albuquerque. Maria Manoela, filha de Valentim e Luzia, casou em 20 de maio de 1766, na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, com o viúvo Estevão Cunha de Mendonça. Este último casal gerou um filho que recebeu o nome do avô, Valentim Tavares de Mello, e que casou em 1802, com Thereza Maria de Jesus, filha de Jerônimo da Costa e Anna Maria Pereira. Jerônimo era filho de João da Costa Almeida e Catharina de Oliveira e Melo, sendo esta última filha natural de Gregório de Oliveira e Mello, irmão de Valentim.

Naquela época as pessoas não ficavam viúvas por muito tempo. No dia primeiro de novembro de 1748, o capitão Manoel Gomes da Silveira, viúvo de Florentina de Mello, esta filha de Estevão Velho de Mello e Joanna Ferreira de Melo, casou com Luzia de Albuquerque Melo, viúva do sargento-mor Valentim Tavares de Melo. 
assentamento de praça de Valentim Tavares de Mello

28/01/2014

A Coluna do General Miguel Costa/Prestes  em São Miguel/RN (III)
Luiz Gonzaga Cortez*

Fita do correio provou que o telegrama informava
que bandidos sem munição iriam atacar S. Miguel.

Enquanto o chefete político João Leite e diversos familiares viram os revoltosos passarem no “aceiro” da estrada, na cidade de São Miguel muita gente pensava que a situação estava tranquila por causa da prisão de dois soldados do Exército Rebelde. Mas outros alguns comerciantes, desconfiados da situação, isto é, que não existia segurança nenhuma para seus familiares, providenciaram o transportes de  cargas de alimentos  para a zona rural. Uma delas foi a Vazante do Jacó, a mandado de Manoel Vieira. José Guedes do Rego, que trabalhava com ele, e “Doutor”, um homem negro que veio de Icó/CE para trabalhar com Manoel Vieira. Na Vazante do Jacó, quando deixavam a primeira carga, eles foram surpreendidos por “uma quantidade enorme de gente armada e muitos animais soltos no meio daquele pessoal”.
“A gente que estava preocupada com a chegada de 700 praças prometidos pelo Governador, ficamos animados e achamos que eram os soldados mandados e apressamos os passos, mas aquela gente entrar na cidade, ouvimos vários  tiros que partiam da cidade e dos homens que se aproximavam. Aí ficamos assustados e com a continuação dos tiros, resolvemos voltar, correndo. Apesar de ser muito moço, o velho Salviano, um marchante,  corria mais. O  clima era frio. Os homens voltaram, gritando “demore aí, canalhas, que a gente volta já e daremos o troco a vocês!”  Com o regresso daquela gente,  resolvemos prosseguir a viagem para a cidade, avistamos a estrada da “Aba”, cheia de gente armada e montados, sem animais soltos. Eram centenas e nessa marcha entraram na cidade. Voltamos para a casa onde estávamos arrranchados e contamos a história, ficando todo mundo  assustado. A casa ficava num local alto e de lá dava para ver a estrada com gente aos borbotões entrando na cidade”, relatou José Guedes do Rego.
De frente com Prestes
Em dado momento, avistaram um homem barbudo, vermelho, montado numa burra bonita, armado com um fuzil na perna, com sela gaúcha, que se dirigiu ao grupo, deu bom dia e perguntou se algum chimangue do governo. Nós, que não sabíamos o que era chimangue, ficamos calados, mas Manoel Vieira disse que não passou. Aí ele perguntou quem mandou nos atacar. Manoel Vieira respondeu que foi o chefe daqui, mas baseado num telegrama do governador dizendo que rumava a esse município um grupo de 70 bandidos desmuniciados e para a defesa da cidade seguiam 700 praças, motivo porque o chefe resolveu empiquetar a ladeira do Engenho, isto enquanto chegassem os referidos soldados e até agora nada”. O homem era oficial sulista e interrogou mais Manoel Vieira sobre as principais famílias e, ao final do interrogatório, mandou que todos se dirigissem a cidade.
No  retorno para São Miguel, o oficial do Exército mostrou muitos feridos no chão e perguntou a Manoel Vieira se conhecia aquelas pessoas . “È gente sua, não se interessa por essas pessoas?”, perguntou o oficial. “Não conheço, mas deve ser gente daqui”, respondeu Manoel Vieira, e seguimos para a casa dele, passando por todas as casas fechadas e ruas cheias de revoltosos.
“O oficial parou e perguntou para um que estava em cima do sobradinho, onde funcionava o telégrafo:”Ô Ramão, onde estão os feridos?”. O Ramão respondeu: “estão aí, em frente a uma farmácia”. Era o capitão do Exército Djalma Dutra, que foi para a Farmácia de Eliseu, conhecido por Zezeu, onde  estava Manoel Tenório, deitado na calçada com uma coxa quebrada de bala e  ao nos ver, gritou “Seu Vieira, me acuda se não me matam”.  Manoel Vieira chamou umas pessoas e mandou o ferido para a sua casa e o oficial dizia “adiante tem mais”. Ao passar na frente da casa do velho Doca Couto, agente do correio,  Manoel Vieira foi  levado para ser apresentado ao Estado Maior da Coluna para dar depoimento sobre o ataque aos revoltosos. Não recordo os nomes de todos, pois era um número bem elevado, mas recordo-me do capitão Luis Carlos Prestes e todos o ouviam como superior; tinham também João Alberto, Siqueira Campos e muitos outros. Então Manoel Vieira foi apresentado ao Estado Maior , chamou-os para a sua residência e lá mandou preparar café e serviu a todos do Estado Maior. Instalaram-se na casa de Manoel Vieira como se fosse o seu escritório e começaram a ouvir todas as pessoas que conseguir prender fora da cidade. A primeira pergunta que fizeram a Manoel Vieira foi como ele prova que houve o telegrama do governador do Estado dizendo que  tratava-se de bandidos? Ele respondeu: “Vão ao telégrafo e examinem as fitas”. E assim, eles fizeram, tendo sido  confirmado. (1)Disseram a ele que “se o senhor falar a verdade, está garantido com sua família e tudo quanto lhe pertencer e se nós provarmos qualquer mentira em vossa conversa, não se admire o que lhe acontecer”.  Continuou entrando gente na cidade e começaram a derrubar as portas  das casas comerciais e a utilizarem do que entendiam, juntavam-se 5 r mais homens e faziam carreira de uma só vez, barruando nas portas, que não resistiam. Dado isto, Manoel Vieira pediu ao Prestes que garantisse o estabelecimento dele, e Prestes respondeu: “ponha uma pessoa na frente do estabelecimento e quem procurar arrombar, diga que está garantido pelo Prestes; e assim ele fez, sendo que a pessoa foi eu, e já vi que medo, mas fui me habituando com aquela cena horrível e passei o dia da porta do estabelecimento para a casa de Manoel Vieira. Uma vez eu estava com ele a comentar aquilo e ouvimos uma pancada numa porta do estabelecimento. Era um cabra mal encarado, sem aparência de soldado, com uma mão de pilão que uma pessoa havia trazido para venda no mercado. Manoel Vieira disse que o estabelecimento estava garantido, mas o cabra respondeu que” eu não sei o está garantido e senhor escreva na  porta  onde começa o estabelecimento” Ele marcou o dele e mais estabelecimentos pequenos vizinhos, que eram do sacristão José Pereira José Joaquim da Silva. O cabra disse que “este é que bom prá nós que é grande”. Depois atacaram outro estabelecimento, mas Manoel Vieira disse que era de um irmão dele,e o revoltoso suspendeu, mas virando-se de imediato para  outro estabelecimento, que tinha uma inscrição “Magalhães & Queiroz”, o revoltoso disse não, este tem o nome Queiroz e esse cidadão foi nos atacar e, de imediato, botaram as portas dentro. De todo o comércio da cidade só ficaram 4 estabelecimentos em paz. Vi  o estabelecimento de Elinas Dias da Cunha sendo derrubado e os  revoltosos abrindo sacos de arroz e latas de confeitos e de bolachas,  despejando nas calçadas para os animais comerem. A maioria da população da cidade ficou dentro de casas com portas fechadas, presenciando pelas frestas das portas, como a família de Pedro Pinheiro”.
1 – O Presidente da Província do RN era José Augusto Bezerra de Medeiros.

Luiz Gonzaga Cortez * 

26/01/2014

Remédio amargo nem sempre cura
Tomislav R. Femenick – Mestre em economia e contador

            A política do Estado mínimo e o laissez-faire criaram as condições para o surgimento dos monopólios e oligopólios, do capitalismo selvagem e do imperialismo político-econômico. Assim, no século XIX, as antigas colônias e os novos protetorados se transformaram em fornecedores de matérias-primas e consumidoras de produtos fabricados na Europa e nos Estados Unidos. Essa situação criou duas contradições, uma externa outro e interna: a) os países centrais desenvolviam suas economias em ritmo nunca visto, enquanto que nas colônias e nos países periféricos esse fenômeno se dava em escala ínfima, quando não negativa, pois recebiam muito pouco pelas matérias-primas; b) nos países polos do desenvolvimento industrial havia os que se beneficiavam do crescimento econômico e os que eram explorados ao extremo para que esse crescimento pudesse haver, pois as relações de trabalho eram de exploração sem controle.
            Esse cenário gerou as condições ideias para o surgimento de teorias que se contrapuseram ao Estado mínimo e o laissez-faire; as teorias socialistas. Seus primeiros formuladores foram os franceses Saint-Simon, Charles Fourier e Louis Blanc e o galês Robert Owen, que propugnavam por um socialismo ideal, sem indicar como alcançá-lo. Por isso suas ideias são chamadas de “socialismo utópico”. Depois, essas teorias foram aprimoradas por Pierre-Joseph Proudhon e Karl Eugen Dühring, que exigem uma igualdade real para todos, porém também sem dizer como consegui-la. No conjunto, o socialismo utópico ia da boa vontade filantrópica ao reformismo do capitalismo.
            A outra corrente que surgiu foi a do “socialista científico”, defendida por Marx e Engels, cujas bases foram suas análises criticas do próprio capitalismo. Marx sempre foi a personagem central e Engels apenas um figurante. A ideia central do pensamento marxista era de que as contradições endógenas, que se originam no interior do modo de produção capitalista fariam com que o sistema desmoronasse (em função da luta de classes) e em seu lugar apareceria o socialismo e logo depois o comunismo. No Manifesto Comunista eles fazem algumas poucas propostas do que seria o socialismo científico: centralizar todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado, expropriação da propriedade da terra, abolição do direito de herança, confiscação da propriedade de todos os emigrados, centralização nas mãos do Estado do sistema bancário e dos meios de transporte. Foi uma visão antecipada do “Estado máximo”. Heilbroner (1997), diz que Marx, na verdade, escreveu quase nada sobre como a nova sociedade deveria ser [...]. É preciso ter claro que Marx não foi o arquiteto do atual socialismo. Esta gigantesca tarefa caberia a Lênin”, que dirigiu o modelo de centralização do controle econômico, político e social da União Soviética, sob a égide da ditadura do proletariado; amarga, porém seria necessária. Segundo Stalin, “A ditadura do proletariado surge [...] da expropriação dos latifundiários e dos capitalistas, no curso da socialização dos meios e dos instrumentos essenciais de produção”.
            O problema foi que o socialismo científico não se mostrou tão científico assim. A ditadura, que era para ser do proletariado, passou a ser a ditadura da nomenclatura (a elite) do Partido Comunista. Por outro lado, a tarefa de, ao mesmo tempo, legislar, normatizar, planejar, executar e distribuir a produção se mostrou tremendamente ineficiente. A centralização econômica foi a causa do desmoronamento dos países ditos socialistas. Caíram sem um tiro de estilingue.
Tribuna do Norte. Natal, 25 jan 2014.
O Mossoroense. Mossoró, 23 jan 2014.


22/01/2014


Lampião, místico ou mandingueiro?

Geraldo Duarte*

No cenário das crendices nordestinas o cangaço não poderia estar ausente.
Além daquelas arraigadas nos costumes das populações da caatinga, outras nasceram com o cangaceirismo.

Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, não somente praticava a mandingaria por ser altamente supersticioso, mas como estratégia de ilusória demonstração de miraculoso diante dos sertanejos e dos policiais incumbidos de sua perseguição. Nessa encenação ardilosa simulava e difundia feitos mirabolantes, assombrosos.
O jornal Correio de Aracaju, edição de 02/08/1938, em matéria sobre a morte de Virgulino, comenta que o povo acreditava ter ele “pacto com o diabo”, o condão de “desviar a direção das balas apontadas para si”, que “mantinha conferências com o chifrudo” e, para fugir das vistas dos perseguidores, “envultava-se”.
Mais fenômenos, absurdamente irreais, eram-lhe creditados e propalados pela cangaceirada. Garantiam-lhe ter o “corpo fechado” e oralisar “rezas fortes” capazes de o tornarem incólume e invencível.
Quando acampado ou acantonado, surgisse uma cobra ou um pássaro cantante, asseverava tratar-se de aviso agourento do sobrenatural. No mais breve tempo, reunia todo o bando e deslocava-se para outras paragens.
Com o objetivo de incutir nas pessoas das áreas invadidas ter o domínio de poderes misteriosos, fingia rituais e utilizava pantomimas várias.
Numa de suas passagens por Novo Amparo, Bahia, decidiu almoçar numa das casas do povoado. Antes da refeição, acendeu velas nos quatro cantos da sala, sussurrou palavras ininteligíveis e gesticulou, tudo sob o olhar de espanto dos presentes.
Durante os tiroteios com soldados, junto com seus capangas e aos gritos, invocava por Deus e pelo diabo. Todos imitavam grunhidos, relinchos, zurros, latidos, berros e produziam sons esquisitos com o fito de aterrorizar os militares.
Impressionados, existiram milicianos crentes de que eles “viravam demônios”.
Onde estivesse, o fictício capitão, ao meio-dia, hora que tinha como má, ajoelhava-se e orava. Por igual, repetia o rito à meia-noite, momento em que dizia estar o diabo pondo a perder as criaturas.
Jamais desrespeitava padre, inclusive, beijava as mãos dos que encontrava pelos caminhos. Os juízes recebiam veneração especial.
Pendurados no pescoço trazia escapulários, amuletos diversos e um crucifixo de ouro maciço. Sobre estes, enlaçado, um vistoso lenço, em cujas pontas viam-se medalhas presenteadas por padre Cícero, quando esteve em Juazeiro do Norte, Ceará.
O major Inocêncio de Lima, fazendeiro no município de Custódia, declarou, em 1936, a jornalista do Diário de Pernambuco, que cangaceiro maior afirmou-lhe jejuar todas as quartas-feiras em respeito ao sacerdote cratense.
As teatralidades do líder da cangaceiragem, para mostrar-se e ao seu bando poderosos e indestrutíveis, muito impressionavam os campesinos.
Cuidadosamente, o grupo apagava os rastros, em determinado trecho da marcha, para simular um “desaparecimento no ar”. Deslocava-se com os integrantes calçados com alpergatas de rabicho ao contrário, conduzindo os perseguidores a inversão do rumo tomado. Estes, constituem-se exemplos das inúmeras enganações praticadas. E, na maioria das vezes, exitosas.

Certa feita, atacados por uma volante policial, provocaram fumaça na mata e, através dela, escaparam em rigoroso silêncio. O ocorrido propalou-se como um sumiço mágico, graças às forças protetoras do além, sendo arguido com o testemunho da própria tropa.
Devoto de São Jorge, Santa Luzia e São Thiago, recorria a esses santos nos momentos difíceis de seu sangrento banditismo.
Ida Ribeiro de Sousa, sobrevivente da refrega de Angicos, em 1938, e mulher de José Ribeiro da Silva, o Zé Sereno, citou as rezas obrigatórias diárias da rotina de Lampião. O Padre Nosso e o Ofício a Nossa Senhora, no amanhecer do dia, ato compartilhado com os seguidores.

Frequentemente, costumava recitar a oração de fechamento de corpo, que teria recebido das mãos do “Padim Ciço”:
"Justo juiz de Nazaré, filho da Virgem Maria, que em Belém fostes nascido entre as idolatrias. Eu vos peço senhor, pelo vosso sexto dia e pelo amor do meu padrinho Padre Cícero que, meu corpo não seja preso, nem ferido, nem morto, nem nas mãos da justiça envolto. Pax tecum, pax tecum, pax tecum.
Cristo assim disse aos seus discípulos: se os seus inimigos vierem para prender-me, terão olhos e não me verão, terão ouvidos e não me ouvirão. Terão bocas e não me falaram. Com as armas de São Jorge serei armado. Com a espada de Abraão serei coberto. Com o leite da Virgem Maria serei borrifado.
Na arca de Noé serei arrecadado. Com a chave de São Pedro serei fechado,
onde não me possam ver, nem ferir, nem matar, nem sangue do meu corpo tirar. Também vos peço senhor, por aqueles três cálices bentos, por aqueles três padres revestidos, por aquelas três hóstias consagradas, que consagrastes ao terceiro dia, desde as portas de Belém até Jerusalém e pelo meu santo Juazeiro, que com prazer e alegria eu seja também guardado
de noite como de dia. Assim como andou Jesus no ventre da virgem Maria,
Deus adiante paz na guia. Deus me dê à companhia, que deu sempre a virgem Maria, desde a casa santa de Belém até Jerusalém. Deus é meu pai. Nossa mãe das dores, minha mãe. Com as armas de São Jorge serei armado. Com a espada de São Thiago serei guardado para sempre, amém.".

Na madrugada de 28 de julho de 1938, na fazenda Angico, fronteiriça à vila Piranhas, Sergipe, estava Lampião morto e derrotado o cangaceirismo. Sem misticismo ou mandingaria.
                                                                            
                                                             *Geraldo Duarte é advogado, administrador e dicionarista.
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Colaboração do Amigo Jornalista Walter Gomes - Brasília, DF

Júlio Verne – o homem das mil profecias

Elísio Augusto de Medeiros e Silva

Empresário, escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br


Em 1863, Júlio Verne escrevia “Paris no século XX”, uma obra que permaneceu inédita por mais de cem anos, até que fosse descoberta e publicada por seu bisneto em 1989.
Nesse livro, Verne nos surpreende com uma capital francesa repleta de tecnologia muito familiar aos dias de hoje. Entre as suas propostas futuristas está o uso do fax, de uma rede mundial de comunicação, automóveis movidos a gás, trens de alta velocidade e arranha-céus gigantescos.
Como poderia Verne antecipar de forma tão acertada o futuro de uma civilização? Teria algum poder mágico?! Mas, longe de ser um bruxo, com poderes sobrenaturais, o escritor era um homem estudioso, que desenvolveu um sistema próprio de escrita e mantinha amizade com cientistas famosos em diversas áreas de sua época.
Esse seu método incluía largas pesquisas nas bibliotecas, lendo e relendo livros de referência, revistas e periódicos científicos. De posse das informações técnicas, buscou comparar a vanguarda tecnológica do momento e transportá-la a um futuro bem distante, no final do século XIX. Baseado nesses fundamentos da ciência procurou fazer projeções pessoais – e nisso era perito.
No começo de sua carreira, Verne foi bastante incentivado pelas obras de Alexandre Dumas, o famoso autor de “Os Três Mosqueteiros”.
Quando iniciou como escritor, Júlio Verne produzia artigos curtos sobre temas científicos e históricos, e, para executar esse trabalho, fazia-se necessário documentar-se amplamente sobre múltiplos aspectos científicos.
Não demorou muito para formar a ideia de escrever romances com os conhecimentos que havia adquirido.
Ao combinar narrações de ficção de escritores como Edgar Allan Poe com os recentes descobrimentos de sua época, Verne descobriu um inovador gênero literário, que não tardaria a ser denominado de romance científico.
Esse tipo de leitura teve um público muito receptivo na França, existindo na época um florescente movimento positivista que considerava o conhecimento da natureza como algo fundamental.
Em meio a um ambiente cultural regido pela Lei Falloux (15/3/1850), que teria uma influência predominante sobre a educação francesa durante trinta anos, Verne foi muito bem recebido.
Então, Verne escreveu a sua primeira obra de sucesso – “Cinco semanas em um balão” (1863), que serviria de base para suas obras seguintes.
Verne buscou a assessoria de amigos e parentes, em especial o primo Henri Garcet (professor de matemática), Jacques Arago (célebre explorador) e Gaspard-Félix Tournachon, um aventureiro conhecido em toda França pelo apelido de “Nadar”.
Esse último foi que logrou entusiasmar Verne pela aviação e o apresentou a um círculo de engenheiro e cientistas notáveis. Entre esses novos amigos estava Jacques Babinet e Guillaume Joseph Gabriel de La Landelle, um dos pioneiros da aeronáutica.
O desenho de Guillaume de um helicóptero com hélices verticais e horizontais inspirou Verne a criar “Albatros”, um engenho voador que aparece na sua obra “Robur, o conquistador” (1886).
Foi o editor Pierre-Jules Hetzel que colaborou com Verne no início de sua carreira, quando bastante desanimado pensava, inclusive, em desistir. O trabalho de Verne, até então desconhecido, seria publicado vários anos nas revistas “Magasin d’Éducation et de Récréation” e na “Bibliothèque d’Éducation et de Récréation”. Na primeira, suas obras foram publicadas em capítulos, na forma de folhetos; e, na segunda, como romances completos.
Essas duas linhas editoriais dariam lugar a obras de grande sucesso, como: “Viagem ao Centro da Terra” (1864), “Da Terra à Lua” (1865), “Vinte mil léguas submarinas” (1869/70), “A volta ao Mundo em 80 dias” (1873), as mais vendidas de todas.



O CAPITALISMO, O MANIFESTO E A ENCÍCLICA. AUTORIA DE TOMISLAV FEMINICK.





Entre o início da revolução industrial no século XVIII e as primeiras décadas do século XX, a política de “Estado mínimo” – associada à doutrina do laissez-faire - ensejou o aparecimento de oligopólios e monopólios e fez aparecer o lado mais desumano do capitalismo primitivo: o capitalismo selvagem. Sem nenhuma disposição legal estabelecendo normas de relações de trabalho entre proprietários dos meios de produção e produtores diretos, o padrão empresarial se regulava somente por um dispositivo: obter mais lucro. Nessas condições, o trabalho nas fábricas era terrível: longas jornadas, ambientes insalubres, fechados, sem ventilação e iluminação adequadas. Crianças, idosos e adultos, todos com jornada diária que chega a dezesseis horas, sete dias por semana. Por outro lado, as cidades recebiam contingentes de camponeses que abandonavam as zonas rurais em crise. Esses novos habitantes urbanos alimentavam a crescente necessidade de mão de obras das indústrias e iam morar em casebres imundos, sem água, luz e esgoto. As cidade mais inchavam que cresciam. Em Londres, Nova York, Berlim, Rio de Janeiro, na Índia, China, Japão em todo parte, os trabalhadores viviam uma vida abjeta e sem esperanças, enquanto as corporações cresciam e se multiplicavam e o comércio se expandia internamente e entre os países, sob a hegemonia do Império Britânico e de outras potencias; todas impotentes para solucionar os graves problemas enfrentados pelos trabalhadores. As grandes reações ao capitalismo selvagem foram a revolução francesa de julho de 1830, os movimentos de massa que aconteceram na Europa (notadamente na Inglaterra e Alemanha) e, mais tarde, nos Estados Unidos com as manifestações de rua e a greve geral de Chicago, em 1886. Foi nessa época de confrontação que, em fevereiro de 1848, Karl Marx e Friedrich Engels lançaram o Manifesto Comunista, um contra ponto ao Estado mínimo. Baseado em um projeto de socialismo científico, propuseram uma “fórmula única: abolição da propriedade privada [...], por uma violação despótica dos direitos de propriedade e das relações burguesas de produção [...]. Todavia, nos países mais adiantados, as seguintes medidas poderão geralmente ser postas em prática”: abolição do direito de herança, confisco da propriedade de todos os emigrantes, centralização bancária e de todos os meios de transporte nas mãos do Estado, trabalho obrigatório para todos. Haviam outras proposituras. Na mesma linha de reação à desumanidade praticada pelo capitalismo selvagem, em maio de 1891 o Papa Leão XIII publicou a sua célebre encíclica Rerum Novarum, pela qual a Igreja Católica tomou uma posição de confronto com o liberalismo selvagem e com o pensamento dos comunistas. Denunciou a situação de “um pequeno número de ricos e opulentos, que impõem, assim, um jugo quase servil à imensa multidão de proletários”, e se opôs aos socialistas que, “para curar esse mal [...] pretendem que toda a propriedade de bens particulares deve ser suprimida [...]. Mas, semelhante teoria, longe de ser capaz de por termo ao conflito, prejudicaria o operário se fosse posta em prática. Outrossim, é sumamente injusto, por violar o direito legítimo aos proprietários, viciar as funções do Estado e tender para a subversão completa do edifício social”. Então, usando a lógica da dialética de Hegel, o capitalismo selvagem (tese) teria sido confrontado por comunistas e catolícos (antítese), o que teria dado origem a uma outra forma de capitalismo (síntese), um capitalismo menos selvagem e mais humano.





 Tribuna do Norte. Natal, 19 jan 2014

Tribuna do Norte. Natal, 19 jan 2014. O Mossoroense. Mossoró, 17 jan 2014.O Mossoroense. Mossoró, 17 jan 2014.

A COLUNA PRESTES NO RIO GRANDE DO NORTE - VII - TOMISLAV R. FEMINICK.

A Coluna Preste no Rio Grande do Norte - VII 
 Tomislav R. Femenick(*)
 – Membro da diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do RN 

 Uma das tarefas mais árduas do historiador ao relatar um acontecimento histórico é manter-se imparcial perante os acontecimentos e para isso há que “separar o joio do trigo”, os fatos das versões e, principalmente, se desviar das ciladas preparadas por fontes cheias de preconceitos, lacunas propositais e interpretações ideológicas. No caso das ocorrências mais recentes, eventos das primeiras décadas do século passado, por exemplo, nem as fontes primárias (depoimentos de pessoas envolvidas, documentos escritos, fotografias etc.) escapam dessa armadilha. É o que se dá quando se escreve sobre episódios da Coluna Prestes. Muitos dos relatos primários estão impregnados de versões adversas à realidade, de ataques injustificados ou com viés de caráter laudatório. O mesmo também acontece com as fontes secundárias, a historiografia baseada nas fontes primárias. É o caso de uma obra de Jorge Amado, um dos maiores escritores do país que, ao escrever sobre a Coluna Prestes, produziu uma versão edulcorada, doce, mansa, suave. “Vida de Luis Carlos Prestes: el caballero da Esperanza”, foi escrita em Buenos Aires em 1942 e publicada em espanhol, pelo Editorial Claridad, depois reeditada no Brasil pelas editoras Martins, Record, Circulo do Livro e mais recentemente pela Cia. das Letras. Segundo Marcelo Bortoloti publicou na revista Época em dezembro passado, a biografia de Prestes escrita pelo escritor baiano é laudatória, sem equilíbrio e com grande dose de parcialidade. Estranhamente o próprio autor (ou a Editora Record) baniu o livro da relação de “Obras de Jorge Amado”, inserida na última página do seu romance “Tieta do Agreste”, publicada em 1977. Talvez tenha sido porque o pensamento político de Jorge tenha mudado quando ele deixou o Partido Comunista, em 1958, e ele já não mais concordava com o que tinha escrito sobre Prestes. Essas palavras – a propósito da necessidade de “exigência crítica” sobre as fontes primárias e secundárias dos relatos históricos – estão sendo aqui inseridas com referência à série de artigos que está sendo publicada pelo historiador Luiz Gonzaga Cortez (meu confrade do Instituto Histórico e Geográfico do Rio do Norte), sobre o mesmo evento aqui abordado: a passagem da Coluna Prestes pelo Rio Grande do Norte, em 1926. Minhas únicas vantagens é que comecei primeiro e falo sobre o Rio Grande do Norte e ele, até agora, tem falado somente sobre São Miguel. No resto estamos juntos na tarefa de reavivar a historia de uma época que poucos conhecem, história presa nas páginas de livros velhos armazenados em estantes empoeiradas ou em papéis amarelecidos pelo tempo. Cortez tem baseado seu trabalho em um depoimento feito por José Guedes do Rêgo, em “cinco páginas datilografadas sobre o que viu e ouviu”. E, com muita sutileza, desde o primeiro artigo tem deixado aflorar fatos contraditórios ou que mostram a parcialidade do depoente. Em primeiro lugar deixou ver que na cidade de São Miguel uma parcela da população – certamente a maior – tomou posição contraria aos revoltosos e outra se dispôs a acolher e dar guarida os membros da Coluna. No primeiro caso estavam os liderados pelo presidente da Intendência Municipal (prefeito), cel. João Pessoa de Albuquerque, também conhecido por João Leite; no outro, estavam os simpatizantes dos revolucionários, os que acompanhavam o comerciante Manoel Vieira de Carvalho que, segundo o historiador Rostand Medeiros (2010), hospedou os líderes dos revoltosos em sua na casa e “buscou receber o grupo da melhor forma possível”, com o que garantiu a segurança de sua família e a integridade de seu patrimônio, enquanto que o cel. João Pessoa e seus familiares tiveram que se refugiar na zona rural. A descrição que José Guedes do Rêgo faz dos fatos – segundo mostra Cortez – é ambígua. Ao mesmo tempo em que indiretamente louva a atitude de seu empregador (sim, em 1926 Zé Guedes era empregado de Manoel Vieira de Carvalho), classifica o cel. João Pessoa, um cidadão com 72 anos de idade, como “fujão” e “chefete” e apresenta seu filho, José Augusto Pessoa, como um covarde “que nunca se envolveu em luta”. Luiz Carlos Prestes esteve ligeiramente na zona urbana de São Miguel, deixando o comando das operações a cargo dos tenentes João Alberto, Siqueira Campos e Djalma Dutra. O líder da Coluna passou a maior parte do tempo em seu Estado Maior, localizado a pequena distancia da cidade. Porém em determinado momento o comando dos revoltosos, a convite do próprio Manoel Vieira, se instalou na sua residência “como se fosse seu escritório e começaram a ouvir todas as pessoas que conseguiram prender fora da cidade”. Isso está dito no depoimento de José Guedes do Rêgo, que teria presenciado o episódio. Comentando a passagem da Coluna Prestes por nosso Estado, o historiador Geraldo Maia, em artigo de 01.04.2009, sintetizou: “o fato histórico ocorrido aqui na região, mostrando que longe de atingir os seus objetivos, a Coluna dos Revoltosos, como ficou aqui conhecida, deixou um rastro de medo e destruição”. João Pessoa de Albuquerque foi Presidente da Intendência de São Miguel de 1911 a 1913, deputado estadual em 1915 a 1926 e, em 1963 quando o antigo distrito Baixio de Nazaré foi desmembrado de São Miguel e se tornou Município, recebeu o nome de Coronel João Pessoa, em sua homenagem. Depois da Revolução de Trinta, Manoel Vieira de Carvalho foi prefeito nomeado de São Miguel de 1930 a 1932. José Guedes do Rêgo foi eleito vice-prefeito de Pau dos Ferros em 1957.

João Bosco e outras pessoas conhecidas


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, membro do IHGRN e do INRG
Ultimamente tenho feito artigos genealógicos sobre pessoas que são nossas contemporâneas, em busca de elos com os mais antigos. Hoje, continuamos nesse caminho, iniciando com meu amigo João Bosco, que morava, quando o conheci, em frente ao Colégio Maria Auxiliadora. Os nomes serão escritos como aparecem nos registros da Igreja.

Aos vinte e três de março de mil novecentos e quarenta e sete, nesta Catedral, batizei, solenemente,  a João Bosco Barreto Duclerc Pinheiro, nascido em Natal, no Hospital Miguel Couto, a dez de fevereiro de mil novecentos e quarenta e sete, filho legítimo de Francisco Duclerc Pinheiro e D. Marta Barreto Pinheiro, residentes à av. Deodoro, nº 277; neto paterno de Joaquim Anselmo Pinheiro e Paulina Generosa do Amor Divino, e materno de Pio Paes Barreto e Maria Carolina Barreto. Foram padrinhos, Dr. Heitor Pereira Carrilho e D. Virgínia Ribeiro Carrilho, residentes no Rio de Janeiro, representados por Carlos Lamas e D. Berta Barreto Lamas, residentes nesta capital. E para constar mandei lavrar este termo que assino. Monsenhor José Alves Ferreira Landim.

Pio Paes Barreto era filho de Juvino Paes Barreto e Ignez Augusta de Albuquerque Maranhão, sendo esta filha de Amaro Barreto de Albuquerque Maranhão e Feliciana Maria Silva Pedroza.

Meus sogros moravam em Santa Cruz, mas vieram batizar uma de suas filhas, irmã de Graça, minha esposa, aqui em Natal, pois era aqui que moravam os padrinhos. Segue o batismo: Aos dezesseis de abril de mil novecentos e quarenta e sete, nesta catedral, o Reverendíssimo monsenhor João da Mata Paiva, de minha licença, batizou, solenemente, a Joana D’arc, nascida em Santa Cruz, Rio Grande do Norte, a dezoito de fevereiro de mil novecentos e quarenta e sete, filha legitima de Francisco Umbelino Neto, agricultor, e D. Maria Stela Rodrigues, residentes em Santa Cruz; neta paterna de José Umbelino Gomes e Maria do O’ de Medeiros Gomes; e materna de José Rodrigues de Medeiros e Felismina Rodrigues. Foram padrinhos Dr. Fernando Guilherme, farmacêutico, e D. Elima Guilherme Gomes, residentes à rua (ilegível) nº 76. E para constar mandei lavrar este termo que assino. Monsenhor José Alves Ferreira Landim. Joana casou com o cardiologista Nilton Oliveira Mendes Sobrinho, em 1969.

No registro acima, José Umbelino Gomes (de Macedo) era filho de Francisco Umbelino Gomes de Macedo e Felismina Maria de Macedo, enquanto Maria do O’ de Medeiros era filha de Felix Antonio de Medeiros e Thereza Duquesa de Farias. José Rodrigues e Felismina eram filhos: ele de Manoel Rodrigues da Silva e Francisca Mirandalina de Medeiros; ela, de Francisco Rodrigues de Freitas e Salvina Umbelina de Freitas, sendo esta última, irmã de José Umbelino Gomes.

Valdemar, meu irmão, casou com Daisy Lucena, cujo batismo segue: Aos dezoito de março de mil novecentos e quarenta e sete, nesta Catedral, o Reverendíssimo Padre Francisco das Chagas Neves Gurgel, de minha licença, batizou, solenemente, a Daisy Moraes Lucena, nascida em Natal, à av. Rio Branco, nº 682, a quinze de julho de mil novecentos e quarenta e três, filha legítima de José Cordeiro Lucena (Comercial José Lucena) e D. Georgina Moraes Lucena; neta paterna de Tobias Aguiar Lucena e Maria Francelina de Moraes (em outros registros não tem esse Moraes), e materna de Benjamin Moraes e Brasiliana de Moraes. Foram padrinhos José Ribeiro Dantas e D. Helena Vilar Ribeiro Dantas, residentes nesta capital. E para constar mandei lavrar este termo que assino. Monsenhor Landim.

Na mesma data acima foi batizada uma irmã de Daisy, de nome Dalvanira Moraes Lucena, nascida, no mesmo local acima, na data de 31 de dezembro de mil novecentos e trinta e nove, tendo como padrinhos Dr. Sebastião Monte, médico, e D. Nadir Correia Monte. Outro irmão de Daisy, Wellington (José) Moraes Lucena, nasceu aos 13 de março de 1933, em Nova Cruz, mas só foi batizado aos 13 de março de 1938, no Santuário, aqui em Natal, pelo Padre José Dantas Adelino, tendo como padrinhos Noé Lucena e sua esposa D. Luzia de Medeiros Lucena; nesse registro o nome completo do avô materno era Benjamim Constant Costa Moraes, simplificado no registro de Daisy; Wellington casou com Vera Lúcia Gentile, em 1966. Encontro  batismos de mais duas irmãs de Daisy: Therezinha, nascida em 25 de outubro de 1935, em Nova Cruz, batizada em oratório particular em 23 de janeiro de 1936, tendo como padrinhos Aurio (é o que parece) Costa e Maria Otília Carneiro; e Dalva, nascida em 15 de julho de 1937, batizada em 12 de agosto do mesmo ano, na capela do Tirol, tendo como padrinhos Eduardo Gurgel Filho e Djanira de Lucena Gurgel.

Os padrinhos de Therezinha eram os pais de Luiz Eduardo Carneiro da Costa.
Graciela, Bosco e eu

Daisy, Valdemar, e nós

Joana, Nilton e nós

19/01/2014

Verdades cruzadas - X
CARLOS ROBERTO DE MIRANDA GOMES, Professor aposentado do Curso de Direito da UFRN e Presidente da Comissão da Verdade. Sócio do IHGRN.

Artigo Final. Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem. 
Thiago de Mello: Estatuto do homem
Santiago do Chile, abril de 1964.

O Governo atual, da Presidenta Dilma Rousseff, como prefere ser denominada, através da Lei nº 12.528, de 18 de novembro de 2011 criou a Comissão Nacional da Verdade no âmbito da Casa Civil da Presidência da República, com a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticados no período fixado pela Constituição Federal – art. 8º do ADCT, que compreende o lapso temporal iniciado em 18 de setembro de 1946 – data da promulgação da Constituição de 1946 e do período conhecido como de redemocratização do Brasil até 05 de outubro de 1988 – data da promulgação da Constituição Federal vigente, denominada “Constituição Cidadã” pelo eminente Deputado Federal Ulisses Guimarães, tudo no sentido de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional.
Tal providência serviu de base para a criação de outras comissões semelhantes pelos Governos Estaduais e Municipais e Instituições Públicas, cada uma aperfeiçoando as informações pesquisadas em espaço mais próximos dos acontecimentos.
No âmbito da Universidade Federal do Rio Grande do Norte a providência da Reitora Ângela Maria Paiva Cruz surgiu com a edição da Portaria nº 1.809/12-R, de 31 de outubro de 2012 criando a Comissão da Verdade da UFRN, em conformidade com o artigo 39 do Regimento Geral, designando para a sua condução representantes das categorias docente, discente e funcional, congregando professores aposentados e em atividade, o representante do Diretório Central dos Estudantes (DCE), de representante do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais em Natal, Caicó, Currais Novos, Santa Cruz, Macaíba, Macau e Nova Cruz (ADURN Sindicato) e do Sindicato Estadual dos Trabalhadores em Educação do Ensino Superior (SINTEST)[1].
Na composição inicial foram designados os membros Carlos Roberto de Miranda Gomes, Professor Adjunto aposentado, na condição de Presidente; Ivis Alberto Lourenço Bezerra de Andrade, Professor Adjunto aposentado, na condição de Vice-Presidente; Almir de Carvalho Bueno, Professor Associado; Justina Iva de Araújo Silva, Professora Adjunta aposentada; Diretório Central dos Estudantes (DCE) representado pela aluna do Curso de Pedagogia Danyelle Rosana Guedes; Sindicato dos Docentes das Universidades Federais em Natal, Caicó, Currais Novos, Santa Cruz, Macaíba, Macau e Nova Cruz (ADURN Sindicato), representado pela Professora Associada Maria Ângela Fernandes Ferreira e o Sindicato Estadual dos Trabalhadores em Educação do Ensino Superior (SINTEST), representado pelo funcionário da UFRN, vigilante Moisés Alves de Sousa.
Para secretariar a Comissão foi designada a servidora KadmaLanubia da Silva Maia, conforme a Portaria nº 2.021/12-R, de 18 de dezembro de 2012.
Posteriormente, por motivos superiores, foram designados o aluno André Felipe Bandeira Cavalcante (Portaria nº 574/13-R, de 21 de março de 2013 em substituição a Danyelle Rosana Guedes e o Professor Titular José AntonioSpineliLindoso (Portaria nº 906/13-R, de 30 de abril de 2013) para substituir a Professora Justina Iva de Araújo Silva. Outra alteração foi feita na representação do DCE, com a substituição do estudante André Felipe pelo estudante do Curso de Direito Juan de Assis Almeida (Portaria nº 1.956-R, de 11 de setembro de 2013).
No decorrer dos trabalhos a Comissão sentiu a necessidade de recrutar alunos bolsistas, tendo realizado uma seleção que aprovou os nomes dos estudantes Edilson Pedro Araújo da Silva (Curso de História); Juan de Assis Almeida (Curso de Direito); Kaline Faria de Araújo (Curso de História); Lucila Barbalho Nascimento (Curso de História); MayaneRanice Costa da Rocha (Curso de História); Patrícia Wanessa de Moraes (Curso de História); Thales Gomes de Lima (Curso de direito); Yasmênia Evelyn Monteiro de Barros (Curso de História) e Monique Maia de Lima (Curso de História), que prestaram um serviço relevante, com eficiência e entusiasmo, permitindo êxito às tarefas da Comissão.

  Este trabalho terá complementação com o desenvolvimento de outros capítulos, que serão elaborados pelos demais membros da Comissão da Verdade, conforme se segue:
1.     Arcabouço histórico da Ditadura Militar no RN – Eclosão da ditadura e os reflexos em Natal e na UFRN.
Professor Antônio Spineli e bolsistas Yasmênia, Monique e Edilson.
2.     Estrutura da repressão: ASI/UFRN – DSI – SNI/DOPS. Atuação da ASI. Ligações entre os órgãos de informações. Professor Almir Bueno e bolsistas Monique, Mayane e Edilson.
3.     IPM da UFRN: 1964/RO. IPM do Restaurante Universitário: 1968/7ªRM. Professor Carlos Roberto de Miranda Gomes, membro Juan de Assis e dos bolsistas Lucila e Thales.
4.     A ação estudantil pré-1964 e posterior ao golpes e atuação das entidades estudantis DCE e DA´s no período. Professor Ivis Bezerra e bolsistas André, Kaline, Mayane Patrícia.
5.     Movimento Docente. Criação da ADURN no período de redemocratização. Professora Ângela Ferreira e bolsistas...
6.     Movimentação dos servidores. Caso Alberto Lima, servidores da ASI. Servidor Moisés e bolsistas...
7.     Graves violações aos Direitos Humanos (mortos, desaparecidos e presos políticos). Caso de Luiz Maranhão Filho, José Silton Pinheiro e Emmanoel Bezerra. Bolsistas Lucia, Yasmênia e Edilson.
8.     Conclusões (recomendações). Colegiado da Comissão.



[1] A ideia partiu dos estudantes do Curso de Direito.