FACULDADE DE DIREITO DA RIBEIRA
Carlos
Roberto de Miranda Gomes, ex-aluno
Quando era
precária a esperança, mercê dos problemas dos porões da burocracia, eis que
surge uma luz no fim do túnel para iluminar o caminho da restauração da velha
Faculdade de Direito da Ribeira, obra originária do Grupo Escolar Augusto
Severo, prédio concebido pelo Arquiteto Herculano Ramos em 1907.
Na
sexta-feira passada, foi realizada proveitosa e eficiente audiência na Reitoria
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, presidida pelo Professor José
Daniel Diniz Melo, em exercício, oportunidade em que, com sua equipe técnica,
apresentou para os presentes e os representantes da OAB/RN Paulo Coutinho,
Marcos Guerra e Carlos Gomes, as dificuldades encontradas para a realização das
obras/serviços e o projeto de restauração pretendido pela UFRN, com a aprovação
do IPHAN.
Naqueles
instantes fomos envolvidos por uma atmosfera de saudade da Casa que abrigou os
estudantes por muitos anos e os instantes de aflição decorrentes do movimento
de 1964, onde foram caçados colegas e professores, barrados os agentes da
repressão pela autoridade do então Diretor Otto de Brito Guerra.
Retornaram
às nossas mentes pessoas e fatos que marcaram a vida daquele estabelecimento de
ensino superior, os passos iniciais da assistência jurídica aos necessitados,
das palestras e outros eventos no aconchegante auditório, nas assembleias, exposições,
comentários e momentos de lazer no pátio que ficava defronte à biblioteca,
criada e mantida com todo amor pelo Professor Otto.
Foi possível
avaliar a viabilidade da restauração, não apenas como recomposição de um
patrimônio histórico, mas com objetivo elogiável de dar continuidade ao
atendimento aos necessitados, com uma central de assistência jurídica e social,
como utilização do auditório para funcionamento de sessões de arte e de cinema,
além da apresentação de memoriais contando a história do Grupo Escolar e da
Faculdade e dos momentos marcantes da própria UFRN, afixando para a posteridade
as placas de formaturas e o painel dos perseguidos durante o estado de exceção,
como ficou decidido no relatório da Comissão da Verdade da UFRN.
A
restauração marcará a recuperação do bairro histórico da Ribeira, fazendo
ressurgir a sua funcionalidade e restaurando um dos períodos mais importantes
da vida política, cultural e social da Cidade de Natal.
Esta
iniciativa da nossa Universidade, com a colaboração da Ordem dos Advogados do
Brasil, Seção do Rio Grande do Norte merece o aplauso da população e o anseio
maior de todos aqueles que viveram os tempos de ouro da cidade presépio, ponto
fundamental no conflito da 2ª Grande Guerra e berço cultural do modernismo
literário, da efervescência da economia local e das imorredouras sessões da
Casa de Espetáculos concebida pelo Governo Alberto Maranhão, erguido no largo
histórico do bairro dos Canguleiros, por muitos anos guarnecido pela vigilância
de Luís da Câmara Cascudo.