17/05/2014

JN




ALUÍZIO MENEZES

Jurandyr Navarro
Do Conselho Estadual de Cultura

Ao saber do falecimento de pessoa grada, do cenário da distante juventude, junto a ela compartilhada, a memória evoca recordações que estavam encobertas pelo manto do tempo.
Refiro-me a Aluízio Menezes de Melo!
Fez ele parte integrante da rapaziada dos anos 40/50, quando a nossa cidade ainda tinha bonde. Nesse passado, repartimos com ele momentos aprazíveis, próprios da idade primaveril. Por esses distantes dias predominavam os esportes: futebol, voleibol, basquete, estes últimos nas poucas quadras existentes. E o futebol no único estadio existente no bairro do Tirol, cujo jogos só se realizavam durante o dia, os refletores chegariam depois.
Além dessas modalidades esportivas havia o remo e a natação, praticados no estuário do Potengi.
Dou essa ênfase ao Esporte em geral, por ter sido uma das preocupações predominantes da vida de Aluízio Menezes.
Em pleno Grande Ponto, centro principal dos encontros dos natalenses, fuincionava a sede do Santa Cruz Futebo Clube, cujo presidente era Euclides Lyra e José Lins, seu grande jogador. Influenciado por Aluízio, tornei-me tricolor, não somente aqui, mas, também, no Rio, torcedor do Fluminense.
À época, fazia-mos parte de um time de voleibol, camepão invencível (que orgulho tínhamos dele!) o “Centro Esportivo Masculino”, para harmonizar com o sexteto das moças do Tirol, componentes do “Centro Esportivo Feminino”.
E Aluízio Menezes começou a frquentar as partidas realizadas na quadra da praça “Pedro Velho”, onde jogáva-mos, e também no “Cobana”, da então Base Naval de Natal. Ele não praticava o voleibol, atuava na parte organizacional e técnica. De sua iniciativa, convencer Olavo João Galvão, conceituado nome da época, para trazer, do Fluminense, do Rio, através de doação, camisas tricolores, sem o escudo, para o nosso time, que tinha as mesmas cores do clube carioca. E conseguiu! Daí por diante, Olavo começou a ser nosso torcedor, acompanhando os nossos prélios noturnos e diurnos.
Algum tempo depois, o pessoal da nossa rua, Treze de Maio, criou um time de futebol e Aluízio deu o nome: “Nero Futebol Clube”. Nesse esporte bretão, os jogos eram efetuados num terreno baldio ao lado da residência do então Interventor Federal, na “Vila Cincinato”, em Petrópolis.
Vezes perdidas, jogáva-mos pelo quadro reserva do Santa Cruz, no “Juvenal Lamartine”, das treze às duas e meia da tarde, “esfriando o sol” para as equipes principais...  
Ele, Aluízio, marcou, também, conosco, o período escolar. Quando formados em Direito abrimos um Escritório de Advocacia, no Edifício “Amaro Mesquita”, no Grande Ponto, juntamente com o amigo comum Welington Xavier. Pouco tempo depois, Aluízio deixou essa Banca Advocatícia. Outros encargos, certamente, impediram-no de permanecer, pois era ele servidor da Estrada de Ferro.
Na gestão do Reitor Genário Fonseca, anos setenta, foi convocado para a UFRN, sendo, de início, Diretor do Departamento de Pessoal, ocupando, depois, outros cargos de relevância, naquela Escola Superior.
Todavia, jamais deixou de atuar no esporte como comentarista. Começou como locutor, irradiando jogos. Acompanhei-o, uma vez, ao Recife, quando transmitiu a refrega futebolística entre o ABC e o Náutico, no estádio dos Aflitos. À saída do jogo, por nós esperava, Wladimir Limeira, também, potiguar e cronista esportivo. Com ele, fomos provar umas iguarias, da noite da Mauricéia.
Recordo-me que Aluízio estreiou no rádio, num programa de Helion, na REN - Rádio Educadora de Natal. Essa apresentação se dava as nove da manhã, aos domingos. Estivemos, juntamente com ele, numa dessas programações.
Fez parte da Fundação da Associação dos Cronistas Eportivos, pelo ideal de melhormente servir à causa do Esporte potiguar.
Na avenida Rio Branco, desta Capital, defronte ao então Cinema “Rex”, no segundo andar de uma loja, funcionou por algum tempo, a sede da Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol, e nesse espaço, realizávam-se, em datas certas, as sessões do Tribunal de Justiça Desportiva, o TJD. À época, atuamos como Auditor e, em seguida, juiz da mencionada Corte Desportiva. Lembro-me de alguns juízes desse tempo: José Batista Emereciando, Wilson Dantas, José Alfran Galvão, Heriberto Bezerra, e outros. Ticiano Duarte, atuou, também, como Auditor. Aluízio comparecia a todas essas reuniões.
Recordamos que, quase rotineiramente, ao terminar essa sessões, pelas cinco e meia, seis hora da tarde, íamos a uma peixada localizada na praia da Areia Preta. Havia noites, que a mesa era iluminada somente por velas, lembro-me perfeitamente. O pequeno grupo era formado por João Machado, Humberto Nesi, Aluízio Menezes e a minha pessoa. Descíamos ladeira abaixo, e subíamos ladeira acima, no carro do autor do programa esportivo chamado “Corruchiado”, as treze horas da tarde, cujo automóvel era apelidado, salvo engano de “Frango Assado”.
A projeção de Aluízio cresceu ao ponto dele tornar-se conhecido nos principais círculos esportivos do país, a ponto de ser solicitado a tomar parte no intercâmbio de atletas famosos, o que fez, obtendo êxito pleno.
Recebeu ele um abalo psicológico durante a mocidade com a morte súbita do irmão mais velho, Ubaldo, ainda no pleno verdor dos anos. O acontecido foi superado com o passar do tempo.
Honrou-nos, sobremaneira, a mim e à minha esposa Arilda, o convite formulado por ele e sua esposa, Ivanilda, para sermos padrinhos do seu filho dileto, Alexandre.
Houve uma separação da nossa amizade, antes estreita, circunstância da vida conduziram a esse desfecho. Dodavia, a amizade sempre perdurou.
Proporcionou-nos grata satisfação, a sua presença, de surpresa, acompanhado de Ivanilda, na noite da nossa posse, na Academia de Letras, em início de mil novecentos e oitenta, guardamos, ainda, fotos alusivas à ocasião.
Na última vez que com ele estivemos, foi na festa do octogenário natalício do amigo comum, Luiz G. M. Bezerra, festejado, em alto estilo, no aprazível espaço da Nick Doceira, da afável proprietária Inêz Motta Andrade. Nessa noite, o seu semblante expandia contagiante alegria.
O nome de Aluízio Menezes não pode ficar esquecido nos anais do nosso esporte. Que seja ele lembrado por uma homenagem merecida, justa e duradoura.

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