ALUÍZIO
MENEZES
Jurandyr Navarro
Do
Conselho Estadual de Cultura
Ao saber do falecimento
de pessoa grada, do cenário da distante juventude, junto a ela compartilhada, a
memória evoca recordações que estavam encobertas pelo manto do tempo.
Refiro-me a Aluízio
Menezes de Melo!
Fez ele parte integrante
da rapaziada dos anos 40/50, quando a nossa cidade ainda tinha bonde. Nesse
passado, repartimos com ele momentos aprazíveis, próprios da idade primaveril.
Por esses distantes dias predominavam os esportes: futebol, voleibol, basquete,
estes últimos nas poucas quadras existentes. E o futebol no único estadio
existente no bairro do Tirol, cujo jogos só se realizavam durante o dia, os
refletores chegariam depois.
Além dessas modalidades
esportivas havia o remo e a natação, praticados no estuário do Potengi.
Dou essa ênfase ao
Esporte em geral, por ter sido uma das preocupações predominantes da vida de
Aluízio Menezes.
Em pleno Grande Ponto,
centro principal dos encontros dos natalenses, fuincionava a sede do Santa Cruz
Futebo Clube, cujo presidente era Euclides Lyra e José Lins, seu grande
jogador. Influenciado por Aluízio, tornei-me tricolor, não somente aqui, mas,
também, no Rio, torcedor do Fluminense.
À época, fazia-mos parte
de um time de voleibol, camepão invencível (que orgulho tínhamos dele!) o
“Centro Esportivo Masculino”, para harmonizar com o sexteto das moças do Tirol,
componentes do “Centro Esportivo Feminino”.
E Aluízio Menezes começou
a frquentar as partidas realizadas na quadra da praça “Pedro Velho”, onde
jogáva-mos, e também no “Cobana”, da então Base Naval de Natal. Ele não
praticava o voleibol, atuava na parte organizacional e técnica. De sua
iniciativa, convencer Olavo João Galvão, conceituado nome da época, para
trazer, do Fluminense, do Rio, através de doação, camisas tricolores, sem o
escudo, para o nosso time, que tinha as mesmas cores do clube carioca. E
conseguiu! Daí por diante, Olavo começou a ser nosso torcedor, acompanhando os
nossos prélios noturnos e diurnos.
Algum tempo depois, o
pessoal da nossa rua, Treze de Maio, criou um time de futebol e Aluízio deu o
nome: “Nero Futebol Clube”. Nesse esporte bretão, os jogos eram efetuados num
terreno baldio ao lado da residência do então Interventor Federal, na “Vila
Cincinato”, em Petrópolis.
Vezes perdidas,
jogáva-mos pelo quadro reserva do Santa Cruz, no “Juvenal Lamartine”, das treze
às duas e meia da tarde, “esfriando o sol” para as equipes principais...
Ele, Aluízio, marcou,
também, conosco, o período escolar. Quando formados em Direito abrimos um
Escritório de Advocacia, no Edifício “Amaro Mesquita”, no Grande Ponto,
juntamente com o amigo comum Welington Xavier. Pouco tempo depois, Aluízio
deixou essa Banca Advocatícia. Outros encargos, certamente, impediram-no de
permanecer, pois era ele servidor da Estrada de Ferro.
Na gestão do Reitor
Genário Fonseca, anos setenta, foi convocado para a UFRN, sendo, de início,
Diretor do Departamento de Pessoal, ocupando, depois, outros cargos de
relevância, naquela Escola Superior.
Todavia, jamais deixou de
atuar no esporte como comentarista. Começou como locutor, irradiando jogos.
Acompanhei-o, uma vez, ao Recife, quando transmitiu a refrega futebolística
entre o ABC e o Náutico, no estádio dos Aflitos. À saída do jogo, por nós
esperava, Wladimir Limeira, também, potiguar e cronista esportivo. Com ele,
fomos provar umas iguarias, da noite da Mauricéia.
Recordo-me que Aluízio
estreiou no rádio, num programa de Helion, na REN - Rádio Educadora de Natal.
Essa apresentação se dava as nove da manhã, aos domingos. Estivemos, juntamente
com ele, numa dessas programações.
Fez parte da Fundação da
Associação dos Cronistas Eportivos, pelo ideal de melhormente servir à causa do
Esporte potiguar.
Na avenida Rio Branco,
desta Capital, defronte ao então Cinema “Rex”, no segundo andar de uma loja,
funcionou por algum tempo, a sede da Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol,
e nesse espaço, realizávam-se, em datas certas, as sessões do Tribunal de
Justiça Desportiva, o TJD. À época, atuamos como Auditor e, em seguida, juiz da
mencionada Corte Desportiva. Lembro-me de alguns juízes desse tempo: José
Batista Emereciando, Wilson Dantas, José Alfran Galvão, Heriberto Bezerra, e
outros. Ticiano Duarte, atuou, também, como Auditor. Aluízio comparecia a todas
essas reuniões.
Recordamos que, quase
rotineiramente, ao terminar essa sessões, pelas cinco e meia, seis hora da
tarde, íamos a uma peixada localizada na praia da Areia Preta. Havia noites,
que a mesa era iluminada somente por velas, lembro-me perfeitamente. O pequeno
grupo era formado por João Machado, Humberto Nesi, Aluízio Menezes e a minha
pessoa. Descíamos ladeira abaixo, e subíamos ladeira acima, no carro do autor
do programa esportivo chamado “Corruchiado”, as treze horas da tarde, cujo
automóvel era apelidado, salvo engano de “Frango Assado”.
A projeção de Aluízio
cresceu ao ponto dele tornar-se conhecido nos principais círculos esportivos do
país, a ponto de ser solicitado a tomar parte no intercâmbio de atletas
famosos, o que fez, obtendo êxito pleno.
Recebeu ele um abalo
psicológico durante a mocidade com a morte súbita do irmão mais velho, Ubaldo,
ainda no pleno verdor dos anos. O acontecido foi superado com o passar do
tempo.
Honrou-nos, sobremaneira,
a mim e à minha esposa Arilda, o convite formulado por ele e sua esposa, Ivanilda,
para sermos padrinhos do seu filho dileto, Alexandre.
Houve uma separação da
nossa amizade, antes estreita, circunstância da vida conduziram a esse
desfecho. Dodavia, a amizade sempre perdurou.
Proporcionou-nos grata
satisfação, a sua presença, de surpresa, acompanhado de Ivanilda, na noite da
nossa posse, na Academia de Letras, em início de mil novecentos e oitenta,
guardamos, ainda, fotos alusivas à ocasião.
Na última vez que com ele
estivemos, foi na festa do octogenário natalício do amigo comum, Luiz G. M.
Bezerra, festejado, em alto estilo, no aprazível espaço da Nick Doceira, da
afável proprietária Inêz Motta Andrade. Nessa noite, o seu semblante expandia
contagiante alegria.
O nome de Aluízio Menezes
não pode ficar esquecido nos anais do nosso esporte. Que seja ele lembrado por
uma homenagem merecida, justa e duradoura.
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