A Influência dos Anos 50 - III
“Well, shake it up, baby, now, (shake it up, baby)
Twist and shout. (twist and shout)
Cmon, cmon, cmon, cmon, baby, now, (come on baby)
Come on and work it on out. (work it on out)”
Twist and shout. (twist and shout)
Cmon, cmon, cmon, cmon, baby, now, (come on baby)
Come on and work it on out. (work it on out)”
-The Beatles, 1964
Quatro rapazes, de ternos cinza
escuro, ainda não cabeludos e ainda igual e praticamente desconhecidos, alegres
e freneticamente pulando no ar, acima de uma velha muralha de pedras é a capa
do primeiro compacto dos Beatles para o single Twist and Shout, do álbum Please
Please Me, gravado em final de 1963 e “estourado” em 1964 (Anos difíceis no
Brasil). Pronto, o Rock incendiou e incendiou-se de novo!
Nesse momento, como um furacão, os
quatro rapazes de Liverpool começavam a dirigir sua locomotiva musical com
vários vagões inéditos cheios de sonoridade, poesia, histórias e melodias,
falando tudo o que os jovens inquietos de todo o mundo queriam sentir, falar e
viver, enquanto o caminhoneiro do rock, um surpreso Elvis Presley teve que dar
passagem pra não ser atropelado, mesmo mantendo ainda seu caminhão na estrada
que cabia todos, bastando para isso obedecer aos sinais de trânsito e
velocidade. Agora a onda que apenas começava era Twist and Shout (Gire, balance e grite). A beatlemania apareceu
como um passe de mágica e o velho Rock renovavam suas baterias e energia que
iriam incendiar o Planeta por quase uma década mais!
Junto com os Beatles o vulcão musical
do rock tocado e vivido por uma plêiade de artistas das mais variadas
tendências e estilos, com sua irreverencia, protesto e comportamento explodiu e
jogou larvas nos quatro cantos do Planeta.
Estava, portanto, aberto um ciclo
musical que não era apenas musical, mas, sobretudo, comportamental e que
influenciaria jovens de todo o mundo. E, o mais interessante é que este ciclo
ainda não se fechou, corroborando a famosa frase de Lennon: “The Dream is not
over!”, embora lamentavelmente, o próprio Lennon já não exista mais.
Enquanto isso no Brasil, já
influenciado por todo esse movimento desencadeado nos Estados Unidos, cuja
influência advinda dos anos pós-guerra e, mais fortemente dos meados dos anos
50 e, portanto, no final da década de 50 e início dos anos 60 é a época tida
como chegada do rock and roll do Brasil, o qual, considerando ainda como
genuíno, se prolongaria até os anos 70, era incontestavelmente uma realidade e
o fenômeno, chamado por muitos como contracultura, era um acontecimento que
ninguém mais poderia interromper.
A chegada dos primeiros astros do
rock no Brasil, Bill Halley e seus Cometas (1958) e Neil Sedaka (1959)
sedimentaria de vez a explosão musical da juventude e, a partir daí, a juventude
brasileira teria, além de seus ídolos americanos, seus próprios cantores e
representantes musicais.
Cantores, bandas e conjuntos eram de
uma forma ou de outra, a própria explosão do Rock and Roll e a música pop,
mudando a forma de pensar, vestir, falar e se comportar da juventude dos Anos
Dourados. O programa brasileiro Jovem Guarda da TV Record, comandado pelo
fenômeno Roberto Carlos, conseguiu reunir em seus shows e apresentações
praticamente todos os artistas da época da revolução musical do Rock no Brasil.
Abaixo, alguns desses representantes no Brasil, na década de ouro ou Anos
Dourados:
Comandado por Roberto Carlos, Erasmos
Carlos e Wanderléia, o Programa Jovem Guarda foi o mais autêntico movimento
musical em forma de veículo divulgador que pôde mostrar ao Brasil e ao mundo,
alguns dos astros e estrelas brasileiras que permaneceram durante e até depois
desse próprio fenômeno musical brasileiro. Somente para registrar alguns desses
astros e estrelas que permaneceram como parte do elenco da Jovem Guarda,
genuíno movimento musical brasileiro, além dos astros e estrelas solo, as mais
famosas bandas e grupos musicais que se destacaram, por muito tempo!
É claro que, a juventude natalense, a
exemplo dos jovens de todo o mundo, não apenas sofreu este impacto, como também
bem o absorveu e fez eco repetitivo através dos primeiros grupos e bandas
musicais da história de Natal.
É inegável admitir e até necessário
lembrar que a SCBEU (Sociedade Cultural Brasil-EEUU), por ser um centro
binacional e, que imprimia a cultura americana em Natal entre os anos 50, 60 e
70, teve papel preponderante nesta história, pois além de ser uma Sociedade
Cultural, era de uma forma ou de outra, um pedaço da América, no seio de Natal
e, já havia lá, talvez uma das únicas bibliotecas atuais com discografia
recente com os maiores sucessos musicais do momento. Além disso, quem quisesse
cantar ou entender o que os artistas e cantores americanos cantavam, tinha que
passar pela SCBEU, onde era liberado espaço e ambiente para ensaios e jam
sessions, além de shows e festas realizadas na própria instituição e nos
principais clubes da cidade.
As “Festas Americanas” que
influenciaram os “Assustados”, os shows de bandas locais surgidas dos colégios
e escolas que passaram a se apresentar em show abertos (Juvenal Lamartine,
Lagoa Manoel Felipe), agora invadiam os principais clubes da cidade, tais quais
ABC, América, Alecrim, Atlântico e Assen.
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