KERGINALDO CAVALCANTI
Jurandyr Navarro
Do Conselho
Estadual de Cultura
William Pitt, erudito e
festejado político inglês foi aclamado pela sua eloquência, na estréia no
Parlamento, chegando ao ponto do conceituado político Burke afirmar:
"O partido a que este
homem se unir
dominará sempre a
opinião".
O mesmo
ocorreu com Mirabeau a respeito de Robespierre, quando este assomou a tribuna,
pela vez primeira, na Assembleia Nacional, ao tempo da Revolução Francesa.
Acreditamos
ter, também, Kerginaldo Cavalcanti de Albuquerque, provocado semelhante
expectativa em torno da sua eloquência tribunícia, na sua apresentação no Congresso
Nacional brasileiro.
Estudante
no Ceará o seu nome transpunha, cedo ainda, os umbrais do academicismo pela
flama ardente da oratória. São João Crisóstomo era cognominado, pelos contemporâneos,
o "Boca de ouro ", por sua falação irradiante. Dele disse o Papa da Rerum
Novarum. - "esse áureo rio de eloquência".
Kerginaldo
Cavalcanti foi chamado de "Patativa do Nordeste", devido ao mavioso
gorjeio desprendido pela sua
encantadora e vibrante eloquência.
Os seus discursos eram
cadenciados pela onda vibratória da perfeita modelação da, voz. O seu verbo
revestido da ortoépia, a arte de bem pronunciar o som vocálico.
A sua fama de orador era
reconhecida, reverenciada e aplaudida.
Diplomou-se
em Advocacia e exerceu a Política na sua plenitude. Nos anos áureos pertenceu
ao Partido Social Progressista, liderado por João Café Filho, seu amigo, tendo
rompido os laços partidários, depois, quando o irrequieto natalense, nascido
nas Rocas, assumiu a Vice-Presidência da República.
Foi,
Kerginaldo, eleito Senador e naquela Casa Legislativa bem desempenhou o mandato
a ele conferido pelo sufrágio universal dos eleitores potiguares.
Inúmeros
pronunciamentos, discursos, proposições, projetos e intervenções tiveram ele
como autor, cujo teor substancial, tanto político quanto jurídico, o credenciou
como um dos mais nobres "pais da Pátria".
Kerginaldo
exibiu-se grande político, provando-o o seu desempenho impecável no Senhado da
República. Era ele o político adequável à Democracia pela sua desenvoltura no
Legislativo e na Tribuna.
Para
Aristóteles, a forma opressora de governo seria a mais frágil das
estabelecidas. A intenção política correta é aquela direcionada para o
bem-estar dos governados, assinala ele. E adianta: - o Estado existe para o
homem, e não o homem para o Estado. A felicidade precípua do homem, conclui, é
a sua felicidade.
Kerginaldo Cavalcanti detinha no
seu caráter, a chamada nobreza moral em política. Essa, a dádiva, a jóia
preciosa do “guerreiro feliz”, na frase do discípulo de Platão, acima citado.
Para
ele, a excelência da vida humana não era baseada como criatura amante do
individualismo, porém, criatura
condicionada a ser socialmente admitida.
O nobre
representante da nossa bancada, pela sua inteligência bem representou os
potiguares nos debates da ágora legislativa e pela honradez da sua performance
como político militante. Nos seus argumentos sempre foram baseaqdos na possível
justiça, na esperança de dias, sempre melhores, na compreensão e na paz.
A sua
ação honrou sobremodo o nome augusto que o espírito sobraçava, cheio de
dignidade cívica. Portou-se sempre como um verdadeiro patriota. No seu último
mandato sobressaiu-se como denodado nacionalista, defendendo a nação
brasileira, a riqueza do seu subsolo, o seu petróleo, a sua economia e outros
bens subjetivos e axiológicos da nacionalidade pátria.
Foi um
homem emblemático da Oratória. Na Grécia Antiga o discurso forense e a oração
política representavam função por excelência, na ordem social da Polis.
A oratória, tal a Poesia,
imortaliza.
As
alocuções de Kerginaldo Cavalcanti, algumas conservadas, outras dispersas,
muitas perdidas, tais pétalas de rosa perfumada, espalhadas ainda ecoam na alma
da Nação, em forma de polinização, para fecundar, na mente da mocidade
brasileira, o sentimento cívico de nacionalidade que ele tanto cultuou e
defendeu.
No
outono de sua vida, cheia de vitórias da inteligência, não juntou ele as folhas
secas espalhadas pelo vento, mas colheu e acariciou, na lembrança fugidia, o
sentimento da saudade, que jamais murcha no coração.
A saudade das belas orações
declamadas pela sua alma altiva e generosa.
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