Arquivos públicos e privados: uma reflexão!
Luciano
Capistrano -
luciano.capistrano@natal.rn.gov.br
Historiador/SEMURB
Professor/Escola
Estadual Myriam Coeli
Na pesquisa histórica, a relação do
historiador com o documento não é uma ação de neutralidade. A fonte histórica
fala com a voz do pesquisador, com toda a subjetividade de quem olha o passado
com o olhar do presente. Aqui não é nossa intenção fazer uma reflexão
historiográfica, e, sim, trazer a reflexão, sobre nossos arquivos e seus
acervos, para a ordem do dia. Compartilhar das angustias, de quem se sente
impotente, diante do descaso que teima em persistir quando o assunto é
preservação de vestígios do tempo passado. Este é o objetivo deste artigo.
O historiador, por seu oficio, dialoga
permanentemente com o passado. Este fazer histórico o leva a andar entre
arquivos públicos e privados, buscar construir os caminhos e descaminhos das
gerações passadas é a tarefa primeira. Um labutar, por entre, poeiras,
revirando velhos manuscritos, documentos, hoje, fontes que dizem mais do que
uma carta de amor ou um balancete comercial. O objeto pesquisado não exerce a
mesma função de outrora. No tempo presente o olhar do historiador, dá “voz” ao
passado através de sua interpretação do documento selecionado.
O encontro do documento é um dos momentos de
maior felicidade do historiador. Como bem lembrou o professor Carlos Bacellar
(2006): “o trabalho com fontes manuscritas é, de fato, interessante, e todo
historiador que entra por essa seara não se cansa de repetir como os momentos
passados em arquivos são agradáveis”.
Realmente, a descoberta, o encontro com o
passado através dos achados realizados nos arquivos é de uma imensa alegria.
Saber que um álbum de fotografias, pode dizer muito dos valores constituídos de
uma determinada sociedade, em uma determinada época, são fundamentais na
construção da história.
Nossa cidade Natal, como o Brasil, carece de
uma política de valorização dos arquivos, como espaços guardiões de nossa
memória. Nestes, lugares, apesar da boa vontade dos seus funcionários, falta
infraestrutura e equipamentos adequados para a conservação do acervo.
Um exemplo, bem ilustrativo, da situação
destes lugares de memória, são o arquivo Público Estadual e o Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Volto a repetir, meu caro
leitor, nossos arquivos contam com profissionais comprometidos na preservação
da documentação pertencentes aos seus acervos.
Acervos em situação de risco. Coleções de
jornais, manuscritos, fotografias, livros de óbitos, diversos tipos de documentos,
enfim, encadernados mas impossibilitados de serem consultados, pois, o estado
em que se encontram correm riscos de abertos, se desmancharem, virarem pó.
Urgente faz necessário, desenvolver políticas
públicas referentes a preservação dos acervos
guardados nestes lugares de memória. Os arquivos públicos ou
particulares, não podem ser tratados como, “lugar de mortos”, e sim “lugar de
vivos”. Espaços em que encontramos o pulsar das gerações passadas, fazedores do
amanhã. Aos órgãos de preservação da memória nacional, resta efetivar uma
política de salvaguardar os acervos deixados por nossos antepassados. Uma
política que contemple dois vieses: a organização dos arquivos e o desenvolvimento de Educação Patrimonial.
Deste modo, o indicativo infraestrutura e educação caminhando de mãos dadas na
guarda dos “tesouros da história”.
Não deixemos,
então, as traças devorarem a nossa memória.
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