25/04/2014

Arquivos


Arquivos públicos e privados: uma reflexão!

Luciano Capistrano  - luciano.capistrano@natal.rn.gov.br

Historiador/SEMURB

Professor/Escola Estadual Myriam Coeli


Na pesquisa histórica, a relação do historiador com o documento não é uma ação de neutralidade. A fonte histórica fala com a voz do pesquisador, com toda a subjetividade de quem olha o passado com o olhar do presente. Aqui não é nossa intenção fazer uma reflexão historiográfica, e, sim, trazer a reflexão, sobre nossos arquivos e seus acervos, para a ordem do dia. Compartilhar das angustias, de quem se sente impotente, diante do descaso que teima em persistir quando o assunto é preservação de vestígios do tempo passado. Este é o objetivo deste artigo.

O historiador, por seu oficio, dialoga permanentemente com o passado. Este fazer histórico o leva a andar entre arquivos públicos e privados, buscar construir os caminhos e descaminhos das gerações passadas é a tarefa primeira. Um labutar, por entre, poeiras, revirando velhos manuscritos, documentos, hoje, fontes que dizem mais do que uma carta de amor ou um balancete comercial. O objeto pesquisado não exerce a mesma função de outrora. No tempo presente o olhar do historiador, dá “voz” ao passado através de sua interpretação do documento selecionado.   

O encontro do documento é um dos momentos de maior felicidade do historiador. Como bem lembrou o professor Carlos Bacellar (2006): “o trabalho com fontes manuscritas é, de fato, interessante, e todo historiador que entra por essa seara não se cansa de repetir como os momentos passados em arquivos são agradáveis”.            

Realmente, a descoberta, o encontro com o passado através dos achados realizados nos arquivos é de uma imensa alegria. Saber que um álbum de fotografias, pode dizer muito dos valores constituídos de uma determinada sociedade, em uma determinada época, são fundamentais na construção da história.

Nossa cidade Natal, como o Brasil, carece de uma política de valorização dos arquivos, como espaços guardiões de nossa memória. Nestes, lugares, apesar da boa vontade dos seus funcionários, falta infraestrutura e equipamentos adequados para a conservação do acervo.

Um exemplo, bem ilustrativo, da situação destes lugares de memória, são o arquivo Público Estadual e o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Volto a repetir, meu caro leitor, nossos arquivos contam com profissionais comprometidos na preservação da documentação pertencentes aos seus acervos.  

Acervos em situação de risco. Coleções de jornais, manuscritos, fotografias, livros de óbitos, diversos tipos de documentos, enfim, encadernados mas impossibilitados de serem consultados, pois, o estado em que se encontram correm riscos de abertos, se desmancharem, virarem pó.

Urgente faz necessário, desenvolver políticas públicas referentes a preservação dos acervos  guardados nestes lugares de memória. Os arquivos públicos ou particulares, não podem ser tratados como, “lugar de mortos”, e sim “lugar de vivos”. Espaços em que encontramos o pulsar das gerações passadas, fazedores do amanhã. Aos órgãos de preservação da memória nacional, resta efetivar uma política de salvaguardar os acervos deixados por nossos antepassados. Uma política que contemple dois vieses: a organização dos arquivos  e o desenvolvimento de Educação Patrimonial. Deste modo, o indicativo infraestrutura e educação caminhando de mãos dadas na guarda dos “tesouros da história”.

  Não deixemos, então, as traças devorarem a nossa memória.

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