Cultura
Potiguar Urgente: Lembrando
o Mestre Deífilo Gurgel
Luciano
Capistrano - luciano.capistrano@natal.rn.gov.br
Historiador/Comissão
Municipal da Verdade
Professor/Esc.Est.
Myriam Coeli
“O pião entrou na roda, dessa roda ele
não sai, porque, quando entra na roda ele gira, gira e cai”. Neste verso, do
pesquisador e poeta Deífilo Gurgel, encontramos a beleza das brincadeiras de
infância, em um tempo sem os games eletrônicos, de hoje, e o ato de brincar não
era uma ação solitária, mas sim, um momento de sociabilização. O poeta
expressa, assim, a cultura de seu povo. Em outro verso, diz o poeta: “ No pilão
se pila o milho para fazer o xerém e muitas coisas gostosas o pilão pila também”.
São os saberes e fazeres do povo, digitais de sua cultura.
Neste ano, ano da Copa do Mundo, no
mês junino, aproveitando a luz das fogueiras, façamos uma reflexão sobre a
nossa cultura, nosso Patrimônio Imaterial, ou seja, aquilo que nos faz brasileiro,
nordestino, enfim, potiguar. O que aconteceu com nossos folguedos, as
danças, as apresentações de João
Redondo, as folias do Boi Calemba e os Romanceiros?
Deífilo Gurgel, estudioso do
folclore, cita Mario de Andrade, Ascenso Ferreira, Theó Brandão e Câmara
Cascudo, expoentes da pesquisa folclórica no Brasil, como admiradores das
manifestações da cultura potiguar. É o próprio Deífilo, em seu “Espaço e Tempo
do Folclore Potiguar”, quem faz um alerta:”... e elas( danças folclóricas) sobrevivem
hoje, sabe Deus, à custa de quantos sacrifícios”.
O filho ilustre de Areia Branca,
professor Deífilo Gurgel, nos alertou sobre a “morte” dos folguedos populares,
ao tempo em que apontou o caminho de sua preservação. A escola, segundo o
mestre Deífilo, deve ser o lugar de resistência dos saberes e fazeres do povo.
No campo legal existe, em âmbito estadual, a instituição do estudo do folclore
norte-rio-grandense, nos níveis fundamental e médio de ensino. Esta é uma das
alternativas para a divulgação e preservação das manifestações culturais da
terra potiguar.
Outro caminho, não menos
importante, é o desenvolvimento de uma política de apoio aos diversos grupos e
mestres da cultura norte-rio-grandense. Neste sentido é bom assinalar a Lei nº
9.032/2007, iniciativa do deputado Fernando Mineiro, que institui o Registro do
Patrimônio Vivo da Cultura Potiguar. Esta Lei, prever uma bolsa financeira de
ajuda, aquém dedica toda uma vida em prol da cultura popular.
Preservar é fazer viva as diversas
manifestações culturais. Um bom exemplo vem do “país de Mossoró”. A Cidade
Junina, consegue envolver os diversos segmentos da sociedade mossoroense, no
resgate de suas tradições. Seja através do espetáculo “Chuva de Balas no País de
Mossoró”, ou nos autos populares e no festival de quadrilhas, toda a cidade
respira cultura. Importemos então para todo o estado a boa idéia nascida na
Capital do Oeste. Lembro, também, o legado deixado pelo ex-prefeito Djalma
Maranhão, homem publico de grande sensibilidade, sua administração foi marcada
pela realização de festivais de folclore e dos folguedos populares nos diversos
bairros de Natal.
Em tempos de
globalização, ergamos barricadas culturais, não contra o que vem de fora,
simplesmente, mas objetivando preservar nossos elementos culturais. Façamos uma
campanha Cultura Potiguar: Urgente, como o mestre Deífilo alertou.
Referências
Gurgel,
Deífilo. Espaço e Tempo do Folclore Potiguar. Natal: Governo do Estado, 2006.
_______.
Os bens aventurados. Natal: RN Econômico, 2005.
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