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06/04/2014



KERGINALDO CAVALCANTI
Jurandyr Navarro

Do Conselho Estadual de Cultura

William Pitt, erudito e festejado político inglês foi aclamado pela sua eloquência, na estréia no Parlamento, chegando ao ponto do conceituado político Burke afirmar:

"O partido a que este homem se unir

dominará sempre a opinião".

O mesmo ocorreu com Mirabeau a respeito de Robespierre, quando este assomou a tribuna, pela vez primeira, na Assembleia Nacional, ao tempo da Revolução Francesa.

Acreditamos ter, também, Kerginaldo Cavalcanti de Albuquerque, provocado seme­lhante expectativa em torno da sua eloquência tribunícia, na sua apresentação no Con­gresso Nacional brasileiro.

Estudante no Ceará o seu nome transpunha, cedo ainda, os umbrais do academicismo pela flama ardente da oratória. São João Crisóstomo era cognominado, pelos contempo­râneos, o "Boca de ouro ", por sua falação irradiante. Dele disse o Papa da Rerum Novarum. - "esse áureo rio de eloquência".

Kerginaldo Cavalcanti foi chamado de "Patativa do Nordeste", devido ao mavioso gorjeio   desprendido pela sua encantadora e vibrante eloquência.

Os seus discursos eram cadenciados pela onda vibratória da perfeita modelação da, voz. O seu verbo revestido da ortoépia, a arte de bem pronunciar o som vocálico.      

A sua fama de orador era reconhecida, reverenciada e aplaudida.         

Diplomou-se em Advocacia e exerceu a Política na sua plenitude. Nos anos áureos pertenceu ao Partido Social Progressista, liderado por João Café Filho, seu amigo, tendo rompido os laços partidários, depois, quando o irrequieto natalense, nascido nas Rocas, assumiu a Vice-Presidência da República.

Foi, Kerginaldo, eleito Senador e naquela Casa Legislativa bem desempenhou o mandato a ele conferido pelo sufrágio universal dos eleitores potiguares.

Inúmeros pronunciamentos, discursos, proposições, projetos e intervenções tiveram ele como autor, cujo teor substancial, tanto político quanto jurídico, o credenciou como um dos mais nobres "pais da Pátria".

Kerginaldo exibiu-se grande político, provando-o o seu desempenho impecável no Senhado da República. Era ele o político adequável à Democracia pela sua desenvoltura no Legislativo e na Tribuna.

Para Aristóteles, a forma opressora de governo seria a mais frágil das estabelecidas. A intenção política correta é aquela direcionada para o bem-estar dos governados, assinala ele. E adianta: - o Estado existe para o homem, e não o homem para o Estado. A felicidade precípua do homem, conclui, é a sua felicidade.

Kerginaldo Cavalcanti detinha no seu caráter, a chamada nobreza moral em política. Essa, a dádiva, a jóia preciosa do “guerreiro feliz”, na frase do discípulo de Platão, acima citado.

Para ele, a excelência da vida humana não era baseada como criatura amante do individualismo, porém,  criatura condicionada a ser socialmente admitida.

O nobre representante da nossa bancada, pela sua inteligência bem representou os potiguares nos debates da ágora legislativa e pela honradez da sua performance como político militante. Nos seus argumentos sempre foram baseaqdos na possível justiça, na esperança de dias, sempre melhores, na compreensão e na paz.

A sua ação honrou sobremodo o nome augusto que o espírito sobraçava, cheio de dignidade cívica. Portou-se sempre como um verdadeiro patriota. No seu último mandato sobressaiu-se como denodado nacionalista, defendendo a nação brasileira, a riqueza do seu subsolo, o seu petróleo, a sua economia e outros bens subjetivos e axiológicos da nacionalidade pátria.

Foi um homem emblemático da Oratória. Na Grécia Antiga o discurso forense e a oração política representavam função por excelência, na ordem social da Polis.

A oratória, tal a Poesia, imortaliza.

As alocuções de Kerginaldo Cavalcanti, algumas conservadas, outras dispersas, muitas perdidas, tais pétalas de rosa perfumada, espalhadas ainda ecoam na alma da Nação, em forma de polinização, para fecundar, na mente da mocidade brasileira, o sen­timento cívico de nacionalidade que ele tanto cultuou e defendeu.

No outono de sua vida, cheia de vitórias da inteligência, não juntou ele as folhas secas espalhadas pelo vento, mas colheu e acariciou, na lembrança fugidia, o sentimento da saudade, que jamais murcha no coração.

A saudade das belas orações declamadas pela sua alma altiva e generosa.

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