Igreja São Francisco de Assis da Pampulha
texto Gustavo Sobral e ilustração Arthur Seabra
O pintor foi Candido Portinari. O projetista, Oscar Niemeyer. O
calculista, Joaquim Cardoso. O jardim é de Burle Marx. Para São
Francisco, na Pampulha, se fez uma igrejinha em 1943, protegida e
guardada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional. É patrimônio
da humanidade.
Reza a história que o santo Francisco de tudo se despejou para viver a
natureza, entre os pássaros, sob as árvores, pregando a abnegação e o
amor ao próximo. E assim sua imagem e semelhança perduraram séculos e em
seu nome se fez o templo que repousa às margens da lagoa, em Belo
Horizonte/MG.
Seus construtores eram jovens e idealistas como o santo, crentes na
mudança das formas e do espaço, na projeção de uma nova arquitetura que
não se faria sozinha. A exemplo de Francisco, a sua casa era obra do
trabalho coletivo, erguendo-se um novo templo, como nunca havia
existido.
O concreto armado por invenção de Oscar e o cálculo de Cardozo
curvaram-se à obra do santo. A estrutura côncava da cobertura nasceu do
chão em meia-lua, não era mais de laje e pilotis a arquitetura. Operaram
os construtores um novo milagre da arquitetura, dispensada a alvenaria,
fez-se um telhado com toda a estrutura.
Nascia a casa para o santo Francisco que merecia para completo
trabalho ser adornada pelas mãos de artistas, então, invocado, o artista
Candido Portinari desenhou Francisco e os animais que o cercavam, e
assim entregou a concepção dos painéis de azulejo e da composição da via
sacra. Foi chamado o escultor Alfredo Ceschiatti para trabalhar os
baixos-relevos em bronze do batistério e Paulo Werneck, também artista,
para desenhar a capela.
A obra de Francisco era uma composição de todos. Nada podia faltar. A
casa de Francisco assumia, nas mãos desses artesãos brasileiros, a
beleza dos seus contornos, a mesma simplicidade e o despojo em que viveu
e pregou o santo que a casa nomeia.
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