18/04/2018


Manias de Corbiniana



Por Gustavo Sobral


Cheia de fricotes. Se se dissesse assim, passe ai o arroz e se passasse o prato de arroz por cima do prato de macarrão, ela não comeria o macarrão porque o prato tinha passado por cima. Quando ia cortar uma costura, a toalha para forrar a mesa precisava ser lavada e esterilizada, era todo um processo. Ai, as enteadas, que não suportavam tanto capricho e mania, troçavam. Iaiá dizia deixe que eu corto isso, ai quando ia cortando a fazenda cortava o forro debaixo todinho, mas menina, quem mandou você cortar o forro também.

As meninas só comiam carne de segunda, camarão e estas coisas era para ela e o marido. Um dia Iaiá disse às irmãs, esperem que hoje a gente vai comer camarão adoidado. Maria disse, Iaiá o que é que você vai fazer. Pode deixar Maria, você vai ver o que eu vou fazer. Começou a gritar, ai, ai, ai. Um escândalo e sapateando e gritando. Um rato, um rato, um rato bem em cima dos camarões. Como é que pode, um rato, ai meu deus. Corbiniana ouviu calada e o resultado foi que a semana passou toda para as meninas no almoço a base dos camarões.


Quem servia o açúcar na mesa era ela Corbiniana, saia colocando açúcar na xícara de cada uma delas, não havia o próprio direito de se servir. Maria com raiva deste absurdo, que não aceitava, se acostumou a tomar café amargo. Quando comprava um chapéu novo, para evitar que, vindo sei lá de onde, e sabe-se lá como guardado, e se estava asséptico, forrava com um lenço, dava quatro nozinhos na ponta e cobria a cabeça antes de colocar o chapéu. Era assim Corbiniana.

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