OBRIGADO, IDENILDE –
Nos
anos de 1950, surgiu, na cidade do Rio de Janeiro, uma voz feminina que
chamou a atenção do cantor Nelson Gonçalves (1919-1998). De pronto, o
ainda não famoso intérprete apresentou a jovem e iniciante cantora ao seu parceiro maior, o compositor romântico Adelino Moreira (1918-2002).
Na época,
pouco se valorizava a voz feminina. Ao ouvi-la, Adelino ficou
surpreendido e encantado com a voz da jovem morena jambo, oriunda do
Nordeste. Seu nome: Idenilde Araújo Alves da Costa.
Idenilde Araújo Alves da Costa nasceu no município
de Açu/RN, em 21 de janeiro de 1937. Ainda pequena com a idade de 3
anos, foi morar na cidade do Rio de Janeiro com a sua mãe Maria Luíza. Desde criança já gostava de se exibir como cantora, fazendo do cabo de vassoura um microfone, imitando a voz dos seus ídolos da época: Vicente Celestino e Dalva de Oliveira. Aos 8 anos, participou do programa “Clube do Guri” da Rádio Tupi/Rio.
Em 1958, trabalhando como vendedora das Lojas Pernambucanas foi incentivada, por um amigo de nome Samuel Rosemberg, a participar do concurso de calouros “A voz de Ouro ABC”, na TV Tupi, com o nome de Nilde de Araújo. Um dos jurados, Jordão Magalhães, proprietário da boate Clave, impressionado com a bela voz da jovem, convidou-a para ser crooner da sua casa noturna.
Em 1959, com o nome de Nilde de Araújo, gravou por incentivo do cantor e compositor Joel de Almeida o seu primeiro disco, um 78 rpm pela gravadora Polydor, com as músicas: “Sou eu”,de Valdir e Rubens Machado, e “Vai de vez”, de Ricardo Galeno e Paulo Tito.
Em suas apresentações na boate Clave, conheceu o compositor Adelino Moreira por intermédio do seu amigo e admirador, o cantor Nelson Gonçalves, momento que passou a usar o nome artístico Núbia Lafayette, sugerido por Adelino, por achar que o nome dava mais sonoridade e energia a bela voz da jovem cantora.
No ano de 1960, já com o seu nome artístico, gravou, pelo selo RCA Camden, o seu primeiro disco, um 78 rpm com 2 músicas de Adelino Moreira: “Devolvi” e “ Nosso amargou”. Daí para frente só deu Núbia gravando Adelino, a ponto de causar uma ciumeira danada nas outras intérpretes, entre elas a mais queixosa de todas: Ângela Maria.
Em 1970, grava um novo disco pela CBS, com destaque para “Casa e comida”, de Rossini Pinto; “Aliança com filete de prata”, de Glória Silva; “Mata-me depressa”, de Rossini Pinto; “Quem eu quero não me quer”, de Raul Sampaio e Benil Santos; “Lama”, de Aylce Chaves e Paulo Marques; e o grande sucesso de Mário Lago: “Fracasso”.
Apesar dos modismos, Núbia sempre se manteve ligada às canções sobre dor de cotovelo, amores acabados, fossas, mágoas, traição, desconsolo; gravou também outros grandes nomes como: Lupicínio Rodrigues, Herivelto Martins, Raul Sampaio, Jair Amorim, Evaldo Gouveia, Ataulfo Alves, Carlos Gardel, entre outros.
Recebeu na sua carreira artística muitos troféus: Roquete Pinto, Revista do Rádio, Airton Perlingeiro, Buzina de Ouro do Chacrinha, O Velho Capitão, estatueta em bronze do busto do homem da comunicação do Brasil, Assis Chateaubriand.
Em 1976, foi classificada em segundo lugar no Festival da Canção na Colômbia, interpretando a música “A vida tem dessas coisas”, de César Sampaio. Gravou a canção “Uno”, de Carlos Gardel e Espinita, lançado em compacto.
A partir do ano 1990, passou a morar em Maricá, litoral norte fluminense, com um rítmico de trabalho bem mais lento. Ano em que se apresentou em Natal, no Recanto do Garcia, no Jiqui Country Clube, no América Futebol Clube; participou ainda do projeto Natal em Canto, em companhia do Trio Irakitan.
Núbia faleceu em Maricá, no dia 18 de junho do ano de 2007, numa segunda-feira, às 13h15, no Hospital de Clínica de Niterói, aos 70 anos. Acometida por um segundo episódio de acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH).
Os norte-rio-grandenses, em especial a comunidade açuense, se sentem ricamente orgulhosos pela sua inserção na história da música popular brasileira, como uma das melhores intérpretes de samba-canções e boleros, com sua inigualável e inimitável voz jamais esquecida e vivamente escutada.
Um legado inapagável.
Obrigado, Idenilde!
Berilo de Castro – Escritor
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