Os Trindades de Papary
João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do
IHGRN e do INRG.
Câmara Cascudo, escrevendo sobre o Sítio Floresta, que
pertenceu aos pais da escritora Nísia Floresta, conta que D. Antônia Clara,
viajando para o Rio de Janeiro e aí morando, resolveu vender Floresta e, a 9 de
junho de 1853, passou procuração bastante ao seu parente coronel Bonifácio
Câmara. Não assinou por não saber escrever. A 8 de maio de 1857, Floresta era
vendida a Luiz Bezerra Augusto da Trindade, por 400$. D. Antônia Clara já
falecera (1855) e em 1853 se dissera possuidora única de Floresta, pela morte
da filha Maria Izabel e do neto Camilo Augustos. Luiz Bezerra Augusto da
Trindade morreu em 1881 e seus filhos e netos ficaram arrendando o sítio, com
Floresta (sic). O maior proprietário era Francisco Teófilo Bezerra da Trindade
(falecido a 3 de outubro de 1938).
Procurei os livros da paróquia de Papari em busca de
informações maiores sobre os Trindades de lá. Os registros não eram bem
conservados e obtive menos informações do que procurava. Mas Genealogia se faz
com o que se tem. Com a ajuda da Hemeroteca Nacional complementei algumas
informações.
O primeiro registro
que encontro é o batismo de José: Aos oito de agosto de mil oitocentos e
cinquenta e oito, nesta Matriz de Papari, batizei solenemente, a José, nascido
a 6 desta mês, filho legítimo de Luiz Bezerra Augusto da Trindade e de Jozina
Cabral de Vasconcellos, moradores nesta Vila; foram padrinhos Alberto
Cabral de Vasconcelos e Thereza Genuína de Vasconcellos, do que para
constar mandei fazer este assento em que assino. O vigário José Alexandre Gomes
de Mello.
Posteriormente, encontro registros de batismos de dois
filhos com o mesmo nome. Observe que o nome da mãe é escrito de forma diferente
nos dois documentos.
Aos quatro de dezembro de mil oitocentos e cinquenta e nove,
nesta Matriz de Papari, batizei solenemente a Augusto, nascido aos vinte e seis
de novembro do dito ano, filho legítimo de Luiz Bezerra Augusto da Trindade e
de Jozina Rosalina Cabral de Vasconcellos Galvão, moradores nesta Vila; foram
padrinhos Amaro Carneiro Bezerra Cavalcante, por seu procurador José Coelho de
Vasconcellos Galvão e Joanna Cândida Pinheiro da Câmara, por seu procurador
Francisco Lopes Galvão, do que para constar mandei fazer este assento em que
assino, o vigário José Alexandre Gomes de Mello.
Pelo jornal “O Rio Grandense do Norte”, datado de 1856,
encontrei a informação que esse Francisco Lopes Galvão era sogro de Luiz
Bezerra, portanto, pai de Jozina. Vejamos o registro do outro Augusto.
Aos dezenove de março de 1861, nesta Matriz de Papari,
batizei solenemente a Augusto nascido a quinze de janeiro deste ano, filho
legítimo de Luiz Bezerra Augusto da Trindade e de Jozina Rozalina Cabral,
moradores nesta Vila. Foram padrinhos Francisco José Pereira Cavalcante de
Albuquerque e Otília Olímpia Galvão. Do que para constar mandei fazer este
assento em que assino. José Alexandre Gomes de Mello.
Depois dos dois Augustos, o próximo registro que encontrei
foi do ano de 1875: Aos vinte e nove de agosto de mil oitocentos e setenta e
cinco, nesta Matriz de Papari, batizei solenemente a Luiz, nascido a vinte e
três do mês próximo passado, filho legítimo de Luiz Bezerra Augusto da Trindade
e de Jozina Rozalina Cabral, moradores nesta Vila, sendo padrinhos José Coelho
de Vasconcellos Galvão e Luzia Olímpia Cabral de Vasconcellos, do que fiz este.
Vigário Manoel Ferreira Lustosa Lima.
Desse Luiz, encontrei o seu casamento, aqui na cidade do
Natal, com uma sobrinha, pois o pai da noiva era irmão do noivo e as mães tinham algum
parentesco: Aos trinta de julho de mil novecentos e quatorze, na Igreja Catedral,
feitas as proclamações sem impedimento, impetrado dispensa de segundo atingente
ao primeiro e terceiro atingente ao segundo grau simples de consanguinidade e
observadas as demais formalidade prescritas, assisti com as testemunhas Doutor
Joaquim Ferreira Chaves, Governador do Estado e Francisco Herôncio de Mello, ao
recebimento matrimonial do Bacharel Luis Segundo Bezerra da Trindade e Esther
Bezerra da Trindade, ele filho legítimo de Luiz Augusto Bezerra da Trindade e
Jozina Rosalinda Cabral de Vasconcellos, solteiro, com trinta e nove anos de
idade natural da Freguesia de Papary e
residente na cidade do Rio de Janeiro, ela filha legítima de Francisco Theóphilo
Bezerra da Trindade, e Domitilla Galvão Bezerra da Trindade, solteira com 23
anos, natural desta Freguesia e nela moradora; do que fiz este termo que assino.
O Vigário, Cônego Estevam José Dantas.
Havia outro filho de Luiz Augusto e Jozina com o nome de
Luiz: era o Bacharel Luiz Augusto Bezerra da Trindade Junior, que morreu no
Paraná, em 1890.
Outro Trindade que encontro é José Rutio Bezerra da
Trindade. Segundo o jornal Jaguarary, datado de 1851, ele era irmão de Luiz
Augusto Bezerra da Trindade. Vejamos os registros encontrados dos filhos de
José Rutio e sua esposa, Dona Maria Federalina, todos na Matriz de Papari.
Joaquim nasceu aos 21 de janeiro de 1854, e, foi batizado
aos 31 do mesmo mês e ano, tendo como padrinhos Luiz Bezerra Augusto da
Trindade e Delfina Maria da Encarnação; Joana nasceu aos 13 de fevereiro de
1859, e, foi batizada aos vinte e sete do mesmo mês e ano, tendo como padrinhos
Luiz José da Silva e Antonia Joaquina de Oliveira; Antonio nasceu a 16 de março
de 1860, e, foi batizado ao 1 de abril do mesmo anos, tendo como padrinhos
Manoel José de Moura e Maria Ignácia de Carvalho; Luiz nasceu aos 20 de agosto
de 1868, e, foi batizado aos 24 do mesmo mês e ano, tendo como padrinhos João
Freire de Amorim e Maria Francelina Freire, por sua procuradora Francelina
Freire de Oliveira; José nasceu aos 27 de agosto de 1876, e, foi batizado ao 1
de janeiro de 1877, tendo como padrinhos o cônego Gregório Ferreira Lustosa,
com procuração de Luiz Bezerra Augusto da Trindade e Joanna Cerqueira de
Carvalho Souto.
Dessa família era Virgilio Galvão Bezerra da Trindade.
Vejamos o batismo dele, aqui em Natal: Aos trinta e um de julho de mil
oitocentos e oitenta e sete na igreja de Santo Antonio, batizei solenemente o
párvulo Virgílio, nascido a cinco de abril do mesmo ano, filho legítimo de José
Cândido Bezerra da Trindade e dona Ubaldina Leopoldina Bezerra da Trindade,
sendo padrinhos Joaquim José de Magalhães e dona Coralina Machado Magalhães; do
que para constar mandei fazer este
assento, que assino. O padre João Maria de Brito.
O registro de óbito de José Cândido, pai de Virgílio, tem
uns trechos ilegíveis por conta da tinta usada, mas segue o que conseguimos
ler: Aos sete de abril de mil oitocentos e noventa e um, nesta cidade, faleceu
da vida presente e sepultado no Cemitério Público, José Cândido Bezerra da
Trindade, oficial do Exercito, idade vinte e sete anos, natural de Papary,
casado com Ubaldina Elycina de Vasconcellos Galvão, recebeu os sacramentos da
Igreja. Padre João Maria.
Esse José Cândido, acredito era filho de Luiz Augusto, mas a idade, no óbito, não bate com o batismo de José, filho do dito
Luiz.
Não localizei o casamento de Virgílio, que foi em 31 de
dezembro de 1919, mas encontrei no livro de dispensa, que Virgílio Bezerra da
Trindade e Diva Ferreira de Andrade tiveram dispensa de 3º grau atingente aos
segundo de consanguinidade.
Em Papari encontrei um Francisco Antonio da Trindade, mas
não localizai a relação dele com Luiz Augusto e José Rutio. Vamos ver se com a
publicação deste artigo, mas luz surja para completar a genealogia desses
Trindades, da terra de Nísia Floresta.
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Eles compraram o Sítio Floresta, onde nasceu Nísia Floresta, a grande escritora do Brasil.
João Felipe da
Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do
IHGRN e do INRG.
Câmara Cascudo, escrevendo sobre o Sítio Floresta, que
pertenceu aos pais da escritora Nísia Floresta, conta que D. Antônia Clara,
viajando para o Rio de Janeiro e aí morando, resolveu vender Floresta e, a 9 de
junho de 1853, passou procuração bastante ao seu parente coronel Bonifácio
Câmara. Não assinou por não saber escrever. A 8 de maio de 1857, Floresta era
vendida a Luiz Bezerra Augusto da Trindade, por 400$. D. Antônia Clara já
falecera (1855) e em 1853 se dissera possuidora única de Floresta, pela morte
da filha Maria Izabel e do neto Camilo Augustos. Luiz Bezerra Augusto da
Trindade morreu em 1881 e seus filhos e netos ficaram arrendando o sítio, com
Floresta (sic). O maior proprietário era Francisco Teófilo Bezerra da Trindade
(falecido a 3 de outubro de 1938).
Procurei os livros da paróquia de Papari em busca de
informações maiores sobre os Trindades de lá. Os registros não eram bem
conservados e obtive menos informações do que procurava. Mas Genealogia se faz
com o que se tem. Com a ajuda da Hemeroteca Nacional complementei algumas
informações.
O primeiro registro
que encontro é o batismo de José: Aos oito de agosto de mil oitocentos e
cinquenta e oito, nesta Matriz de Papari, batizei solenemente, a José, nascido
a 6 desta mês, filho legítimo de Luiz Bezerra Augusto da Trindade e de Jozina
Cabral de Vasconcellos, moradores nesta Vila; foram padrinhos Alberto
Cabral de Vasconcelos e Thereza Genuína de Vasconcellos, do que para
constar mandei fazer este assento em que assino. O vigário José Alexandre Gomes
de Mello.
Posteriormente, encontro registros de batismos de dois
filhos com o mesmo nome. Observe que o nome da mãe é escrito de forma diferente
nos dois documentos.
Aos quatro de dezembro de mil oitocentos e cinquenta e nove,
nesta Matriz de Papari, batizei solenemente a Augusto, nascido aos vinte e seis
de novembro do dito ano, filho legítimo de Luiz Bezerra Augusto da Trindade e
de Jozina Rosalina Cabral de Vasconcellos Galvão, moradores nesta Vila; foram
padrinhos Amaro Carneiro Bezerra Cavalcante, por seu procurador José Coelho de
Vasconcellos Galvão e Joanna Cândida Pinheiro da Câmara, por seu procurador
Francisco Lopes Galvão, do que para constar mandei fazer este assento em que
assino, o vigário José Alexandre Gomes de Mello.
Pelo jornal “O Rio Grandense do Norte”, datado de 1856,
encontrei a informação que esse Francisco Lopes Galvão era sogro de Luiz
Bezerra, portanto, pai de Jozina. Vejamos o registro do outro Augusto.
Aos dezenove de março de 1861, nesta Matriz de Papari,
batizei solenemente a Augusto nascido a quinze de janeiro deste ano, filho
legítimo de Luiz Bezerra Augusto da Trindade e de Jozina Rozalina Cabral,
moradores nesta Vila. Foram padrinhos Francisco José Pereira Cavalcante de
Albuquerque e Otília Olimpia Galvão. Do que para constar mandei fazer este
assento em que assino. José Alexandre Gomes de Mello.
Depois dos dois Augustos, o próximo registro que encontrei
foi do ano de 1875: Aos vinte e nove de agosto de mil oitocentos e setenta e
cinco, nesta Matriz de Papari, batizei solenemente a Luiz, nascido a vinte e
três do mês próximo passado, filho legítimo de Luiz Bezerra Augusto da Trindade
e de Jozina Rozalina Cabral, moradores nesta Vila, sendo padrinhos José Coelho
de Vasconcellos Galvão e Luzia Olímpia Cabral de Vasconcellos, do que fiz este.
Vigário Manoel Ferreira Lustosa Lima.
Desse Luiz, encontrei o seu casamento, aqui na cidade do
Natal, com uma prima legítima, onde os pais eram irmãos e as mães tinham algum
parentesco: Aos trinta de julho de mil novecentos e quatorze, na Igreja Catedral,
feitas as proclamações sem impedimento, impetrado dispensa de segundo atigente
ao primeiro e terceiro atigente ao segundo grau simples de consanguinidade e
observadas as demais formalidade prescritas, assisti com as testemunhas Doutor
Joaquim Ferreira Chaves, Governador do Estado e Francisco Herôncio de Mello, ao
recebimento matrimonial do Bacharel Luis Segundo Bezerra da Trindade e Esther
Bezerra da Trindade, ele filho legítimo de Luiz Augusto Bezerra da Trindade e
Jozina Rosalinda Cabral de Vasconcellos, solteiro, com trinta e nove anos de
idade natural da Freguesia de Papary e
residente na cidade do Rio de Janeiro, ela filha legítima de Francisco Theóphilo
Bezerra da Trindade, e Domitilla Galvão Bezerra da Trindade, solteira com 23
anos, natural desta Freguesia e nela moradora; do que fiz este termo que assino.
O Vigário, Cônego Estevam José Dantas.
Havia outro filho de Luiz Augusto e Jozina com o nome de
Luiz: era o Bacharel Luiz Augusto Bezerra da Trindade Junior, que morreu no
Paraná, em 1890.
Outro Trindade que encontro é José Rutio Bezerra da
Trindade. Segundo o jornal Jaguarary, datado de 1851, ele era irmão de Luiz
Augusto Bezerra da Trindade. Vejamos os registros encontrados dos filhos de
José Rutio e sua esposa, Dona Maria Federalina, todos na Matriz de Papari.
Joaquim nasceu aos 21 de janeiro de 1854, e, foi batizado
aos 31 do mesmo mês e ano, tendo como padrinhos Luiz Bezerra Augusto da
Trindade e Delfina Maria da Encarnação; Joana nasceu aos 13 de fevereiro de
1859, e, foi batizada aos vinte e sete do mesmo mês e ano, tendo como padrinhos
Luiz José da Silva e Antônia Joaquina de Oliveira; Antonio nasceu a 16 de março
de 1860, e, foi batizado ao 1 de abril do mesmo anos, tendo como padrinhos
Manoel José de Moura e Maria Ignácia de Carvalho; Luiz nasceu aos 20 de agosto
de 1868, e, foi batizado aos 24 do mesmo mês e ano, tendo como padrinhos João
Freire de Amorim e Maria Francelina Freire, por sua procuradora Francelina
Freire de Oliveira; José nasceu aos 27 de agosto de 1876, e, foi batizado ao 1
de janeiro de 1877, tendo como padrinhos o cônego Gregório Ferreira Lustosa,
com procuração de Luiz Bezerra Augusto da Trindade e Joanna Cerqueira de
Carvalho Souto.
Dessa família era Virgílio Galvão Bezerra da Trindade.
Vejamos o batismo dele, aqui em Natal: Aos trinta e um de julho de mil
oitocentos e oitenta e sete na igreja de Santo Antonio, batizei solenemente o
párvulo Virgílio, nascido a cinco de abril do mesmo ano, filho legítimo de José
Cândido Bezerra da Trindade e dona Ubaldina Leopoldina Bezerra da Trindade,
sendo padrinhos Joaquim José de Magalhães e dona Coralina Machado Magalhães; do
que para constar mandei fazer este
assento, que assino. O padre João Maria de Brito.
O registro de óbito de José Cândido, pai de Virgílio, tem
uns trechos ilegíveis por conta da tinta usada, mas segue o que conseguimos
ler: Aos sete de abril de mil oitocentos e noventa e um, nesta cidade, faleceu
da vida presente e sepultado no Cemitério Público, José Cândido Bezerra da
Trindade, oficial do Exercito, idade vinte e sete anos, natural de Papary,
casado com Ubaldina Elycina de Vasconcellos Galvão, recebeu os sacramentos da
Igreja. Padre João Maria.
Esse José Cândido, acredito era filho de Luiz Augusto, mas a idade, no óbito, não bate com o batismo de José, filho do dito
Luiz.
Não localizei o casamento de Virgílio, que foi em 31 de
dezembro de 1919, mas encontrei no livro de dispensa, que Virgílio Bezerra da
Trindade e Diva Ferreira de Andrade tiveram dispensa de 3º grau atingente aos
segundo de consanguinidade.
Em Papari encontrei um Francisco Antonio da Trindade, mas
não localizai a relação dele com Luiz Augusto e José Rutio. Vamos ver se com a
publicação deste artigo, mas luz surja para completar a genealogia desses
Trindades, da terra de Nísia Floresta.
Abraços
João Felipe da Trindade
Natal, Rio Grande do Norte
Natal, Rio Grande do Norte
Parabéns pelo seu trabalho. Meu avô, de sobrenome "Bezerra da Trindade", nasceu em 1899 e, pelo que soube, no R.G. do Norte. Porém, pouco sei de sua vida, além de que veio para o Rio de Janeiro e, posteriormente, casou com minha avó, de nome Lourdes, que viera de Santa Catarina. Espero poder saber mais a respeito da família e assim, conhecer meus ancestrais. Saudações! Evandro M. Bezerra da Trindade
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