05/07/2015

Fordismo, toyotismo e verticalização

Tomislav R. Femenick – Contador e economista

vinheta116

A verticalização da produção é uma ação de uma empresa ou grupo empresarial, que visa à otimização dos recursos que lhe são disponíveis, integrando processos de compra, produção, distribuição e venda de seus produtos. Ao agregar insumos, processos e tecnologia, a empresa ou o grupo estaria reduzindo custos ou ampliando suas vendas; no mesmo setor ou em segmento correlatos.
Há dois tipos básicos de integração da produção; aquela que visa fortalecer a organização assegurando o fornecimento de matérias-primas e outros insumos que lhe são necessários (integração para trás), e a outra que objetiva agregar consumidores (integração para frente); não confundir com diversificação de atividades.
A verticalização da escala produtiva e padronizada foi uma das bases do fordismo, concepção desenvolvida por Henry Ford em sua fábrica de automóveis, segundo a qual tudo deve pertencer ao mesmo dono e deve ser controlado de maneira centralizada, objetivando manter um ritmo adequado da produção. Por esse motivo, no inicio do século passado foi amplamente utilizado o conceito de integração vertical do processo produtivo (integração para trás), centralizado em um mesmo empreendimento. Na forma de pensar da época, as organizações verticalizadas eram chamadas de “tradicionais” e analisadas de forma desvinculadas de seu mercado consumidor.
Nos anos 1950 teve início o processo de mudança na estratégia das empresas para garantir suprimentos para sua linha de produção. A própria Ford adotou a prática do outsourcing, ou seja, a aquisição de componentes junto a terceiros. Essa política foi adotada com o objetivo de reduzir os custos de produção, já que reduz os investimentos fixos (com edificações, máquinas, equipamentos, por exemplo), bem como os custos de estocagem e gerenciamento de material e outros, além de reduzir os encargos financeiros, visto que a redução de necessidade de ativos produtivos reduz a necessidade de tomada de recursos de terceiros para financiá-los.
O conceito de verticalização da produção mais ou menos que perdurou até os anos 1970, quando houve o surgimento de novos paradigmas técnico-econômicos tais como: a) a produção enxuta; b) a customização – personalização, adaptação, adequação dos produtos – de acordo com o gosto ou necessidade do mercado, e c) os blocos regionais – União Europeia, Mercosul etc.
Então foi o declínio das indústrias do modelo fordistas, ou seja, do sistema de produção baseado na verticalização e o nascimento da produção enxuta, também conhecida como toyotismo (desenvolvido pela montadora japonesa Toyota), modelo que integra o just-in-time, kanban, TQC. O just-in-time é um processo de administração da produção que visa reduzir estoques e os custos decorrentes, evitando comprar, produz ou transportar qualquer insumo ou produto antes da hora exata. O kanban é uma técnica que controla os fluxos de produção. Esse conjunto de novas visões sepultou a integração para trás.
            Essa onda de mudanças também atingiu a integração para frente, onde os processos de distribuição da produção, integração dos produtos como insumos de outros setores e “fechamento” da cadeia produtiva deixaram de ser atrativos por produzirem resultados não satisfatórios, tendo em vista os custos de aquisição de novas tecnologias para essas novas atividades.
Então, o novo paradigma industrial passou a se articular sob três dimensões básicas: a) cooperação entre empresas fornecedoras e compradoras; b) uso intensivo de novas tecnologias nas atividades básicas; c) padrão de organização voltada para melhores resultados nas atividades básicas.

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