A VERVE DE “BRITO VELHO”
Valério Mesquita*
01) O ex-deputado, secretário
de estado e conselheiro do Tribunal de Contas do estado Manoel de Medeiros
Brito é dono de um repertório de históricas, nascidas do seu “fair-play”,
“savoir vivre” e bom humor. São necessários três idiomas para definir a
extraordinária espirituosidade de uma vivencia tão rica de situações e fina
hilariedade. O jornalista João Batista Machado que o chama de “Brito Velho”,
alusão ao ex-deputado federal gaúcho, possui um longo repertório e causos e
acontecências colhidos ao longo de sua vida pública.
02) Certa vez, estava no
interior quando veio o apelo irresistível de uma cachacinha. O seu fiel
escudeiro era Raul, motorista. “Raul”, recomenda Brito, com parcimônia, “veja
se encontra nesses botecos uma cachaça pelo menos razoável”. Empreendida a
busca, volta Raul com a recomendação protocolar: “Doutor Brito, tem umas mas
não são de boa qualidade”. Brito, sediço e aliciador, sentencia: “Seu Raul,
ruim é não ter”.
03) Brito é um exímio
apreciador da “pinga” nordestina. Degusta o precioso liquido como se fosse um
príncipe do semi-árido. Como secretário do Interior e Justiça, Brito gostava de
integrar a comitiva oficial às reuniões da Sudene em Recife. E explicava ao
jornalista Machadinho: “eu vou porque lá é tudo muito bom e barato”. Mas nunca
perdia o paladar de uma branquinha. Na capital do frêvo, encontrava sempre o
amigo Raimundo Nonato Borba, chefe da Representação do Rio Grande do Norte junto a Sudene. Como é do seu hábito
arranjou-lhe logo um apelido: Borba Gato. E no trajeto do aeroporto à Sudene,
do banco traseiro Brito avisava: “Borba
Gato não se descuide de parar antes num boteco para eu beber um “rabo de
lagartixa”.
04) O Palácio Campo das
Princesas, em Recife, era o local refinado nas reuniões da Sudene para os
convescotes e rega-bofes, do mundo oficial do Nordeste. Num desses eventos
gastronômicos, estava presente o então secretário da Industria e Comércio do
Rio Grande do Norte Jussier Santos, conhecido pela sua finesse, foi logo servindo-se de champion e sugerindo a Brito para provar
aquela delicia. E esse responde de bate pronto: “Jussier, eu não como frieira”.
05) Em outro almoço,
alguém da comitiva oficial do Rio Grande do Norte provoca Brito ao avistar
apetitosos camarões: “Brito, sinta o cheiro inconfundível”. Este, com aquele
olhar jardinense do Seridó corrige: “IN
não. Cheiro confundível!”.
(*) Escritor.
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