MATHEUS MOREIRA
Jurandyr Navarro
Do Conselho Estadual de Cultura
O livro do Martirológio do
Cristianismo teve a sua primeira página escrita com o sangue de Estevão - "o primeiro testemunho assinado com sangue", disse
Daniel-Rops da Academia
Francesa, no seu livro "A Igreja dos Apóstolos e dos Mártires",
vol. 1.
Com Estevão era dado início ao tempo heróico dos
possuidores de "alma de fogo".
Significado do termo Martírio,
expressado pelo autor acima mencionado:
"Quando a Providência dispõe, que o testemunho
seja prestado, é necessário ir até o fim.
Esta é, na sua sabedoria e na sua grandeza, a moral do heroísmo dos mártires".
Eles "perderão a vida
para salvá-la", pregou o doce Rabi da Galileia.
Costuma-se figurar o começo do
Martiriológio depois de Cristo, iniciando com Estevão. Todavia, a perseguição cruenta de Herodes, aos pequeninos, de até dois anos de idade,
foram eles, realmente, os primeiros mártires!, segundo conceitos judiciosos do Padre
Fernando José C. Cardoso, que expõe, diariamente, belos comentários exegéticos bíblicos, pela "Rede Vida", programa
televisado da Arquidiocese de São Paulo.
E, em
seguida, alguns anos depois, veio a decapitação de João Batista que, na opinião do
Venerável Beda, também, pode-se considerar martírio, por
ter sido sacrificado "em
nome da Verdade", embora o móvel do delito ter sido outro.
Após à Ressurreição, recomeçou, em avalanche, os cruentos sacrifícios impostos pelo paganismo.
O Cristianismo nascente, no tempo das Catacumbas, foi implacavelmente
perseguido pelos poderosos do Império Romano. Várias as perseguições em
massa ordenadas pelos Césares. A primeira teve
no histrião Nero, o seu mandante,
quando ele, com segundas intenções,
incendiou Roma, pondo a culpa nos cristãos. Esta
a artimanha da perseguição inaugural.
Depois,
os seus sucessores imitaram-no, sendo as perseguições mais cruentas as
determinadas por Domiciano e, principalmente, as de Diocleciano.
Verdade
é que somente
em 312, depois de mais de dois séculos de horror e matanças, sob a coroa de
Constantino, o Grande, foi que os cristãos respiraram mais livremente. E, em seguida,
sob a clâmide de Teodósio, a religião cristã foi oficializada em Roma.
Passados treze séculos, em
1645, no Brasil-Colônia, em terras
potiguares, houve quem
imitasse as crueldades perpetradas nos primórdios do Cristianismo.
Sob as ordens do cruel holandez calvinista Jacob Rabbi, alguns de seus
compatriotas e numerosos índios massacraram pessoas
pacatas de duas comunidades interioranas do Rio Grande do Norte.
Os 30
mártires
sacrificados em tamanha crueldade deram a vida pela sua Fé. Resistiram, ao modo cristão,
heroicamente, à felonia, à bestialidade, à torpeza e toda gama de ações agressivas e animalescas, de que é capaz a
pessoa humana quando perde o sentimento humanitário.
Dom Alair Vilar, o Arcebispo patrocinador do processo de Beatificação dos Mártires de
Cunhaú e Uruassu, declarou ao saudar os peregrinos do II Congresso Eucarístico Nacional, em Natal, 1991, na presença do Papa
Paulo II:
"A Eucaristia, sacrifício de Jesus
é também a força e o
sustento dos que vivem a Fé e por ela oferecem a sua própria
vida". Ao Pontífice mencionado, disse:
"Seja benvindo a Natal,
Pontífice
Soberano, à cidade Presépio, banhada pelo sangue dos servos de Deus martirizados nos primórdios de
nossa história..." E, concluindo, na oração do Congresso:
"Os
mártires de
ontem e de hoje", recordando de modo especial,
um filho do Rio Grande do Norte "Mateus Moreira, que dando
testemunho de seu amor eucarístico, ao lhe ser arrancado o coração pelas costas, exaltou no seu derradeiro instante, o Santíssimo Sacramento". (Auricéia A. Lima,
2001).
Esses bravos heróis da Fé, em número de 30, dentre sacerdotes
e leigos, podem ser aqui representados pelo
rapaz - Matheus Moreira, o mártir da Fé, cujos lábios
exclamaram, com a coragem pacífica e
digna somente dos Mártires, no momento em
que lhe arrancaram o
coração pelas
costas:
"Louvado seja o Santíssimo
Sacramento!" Foi beatificado pelo Papa Paulo II. Deu-lhe a
impavidez, pelo sangue derramado, sem oferecer resistência, a excelsa coroa do martírio.
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