O tamanho do Estado e o bem-estar social
Tomislav R. Femenick – Mestre em economia e contador
As
relações do Estado com a economia têm sido um dos assuntos mais polêmico nos
compêndios de economia política. É possível sintetizar as várias teorias em
três ou quatro “escolas” de pensamento. O que há de comum entre elas é que
todas fazem formulações sobre o espaço que o Estado deve ocupar no âmbito
econômico. O que há de divergência é o quanto de beneficio a sociedade pode
receber, dependendo do tamanho desse espaço. Entretanto esse assunto não se
limita a um problema de escala de extensão do governo. Ele é o principal
divisou de fronteira entre as ideologias capitalistas e socialistas; dele
derivam as divergências entre a democracia capitalistas e as ditaduras socialistas.
Muitos
foram os economistas formuladores da teoria do “Estado mínimo”, que defenderam a interferência mínima do governo nos assuntos
econômicos da coletividade, com completa ausência de regulação estatal. Entretanto esse conceito foi mais
bem expresso por León Walras (1983), que tomou por base a ação racional das
pessoas como produtoras e consumidoras, o mercado funcionando em regime de
concorrência perfeita e o livre rendimento dos fatores de produção. Nessas
condições, a economia atingiria o máximo das possibilidades produtivas e caminharia
para uma situação de equilíbrio de preços, de pleno emprego e de máximo bem-estar
social. Essa situação ideal exigiria que o Estado reduzisse suas funções
somente àquelas voltadas à manutenção da ordem e justiça, deixando o provimento
de serviços aos indivíduos e empresas por eles contratadas.
Os defensores do estado mínimo alicerçavam suas ideias,
também, com base no conceito de estado de direito, que atribui aos cidadãos o
normativo da opção própria, sem interferência do governo. Assim, a opção
econômica seria um derivado da opção da cidadania.
Essa política – cuja base é intimamente associada com os
conceitos e a doutrina do laissez-faire,
que se desenvolveu na França entre as décadas de 1750-1770 – teve o seu apogeu
na Grã-Bretanha durante quase todo o século XIX. No entanto, já nas últimas
décadas desse século as grandes mudanças provocadas pela revolução industrial
evidenciaram as contradições do modelo, quando ensejou o aparecimento de
oligopólios e monopólios, que engessaram o livre desenvolvimento.
A
primeira teoria econômica mais bem elaborada sobre o papel do Estado na
economia foi desenvolvida por Adam Smith, em sua obra A Riqueza das Nações. Sua crença básica era de que a mão invisível (a oferta e a demanda) resultaria em um equilíbrio
dos valores do mercado. Todavia, as análises mais apressadas que seus
defensores e críticos fazem de sua obra atribuem ao economista inglês posições
nem sempre condizentes com as suas opiniões reais. Como disse o professor
Winston Fritsch (1983): “a defesa
qualificada que Smith faz ao laissez-faire
não o classifica nem como apóstolo do interesse burguês e pregador da harmonia de interesses entre as
classes sociais como querem os primeiros, nem como defensor empedernido da
iniciativa privada e inimigo à ‘outrance’
da interferência do Estado, como querem os últimos”. Isso porque sua
concepção teórica não incluía a ausência de Estado ou a ideia de um Estado
mínimo. Desconstruir essa falácia tem sido uma árdua tarefa, na qual se
destacam os professores Winch (1978; 1983; 1992) e Brown (1994).
Desde
meados do século passado alguns economistas voltaram a defender a tese do
Estado mínimo, entre eles Buchanan (1975), Milton Friedman (1984) e Hayek
(1960), todos eles ligados à chamada “escola de Chicago”.
Tribuna
do Norte. Natal, 12 jan 2014.
O
Mossoroense. Mossoró, 09 jan 2014.
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