30/01/2014


1969 – Um passeio à Tabatinga 

Elísio Augusto de Medeiros e Silva

Empresário, escritor e membro da AEILIJ

elisio@mercomix.com.br


Aquele passeio até Barra de Tabatinga foi uma verdadeira aventura. Quase três horas, com cinco rapazes dentro de um Fusquinha 66, por uma estrada cheia de buracos e deserta.

Chegamos à Pirangi e paramos no Bar do Pinoca para uma água de coco. Aquela praia, mesmo em 1969, já tinha bastantes veranistas.

Depois da ponte que separa as duas Pirangis (Norte e Sul) a estrada continuava sinuosa e cheia de buracos. Muitas casas de pescadores, jangadas e botes de pesca na orla.

De lá até a Praia de Búzios a “estrada” era praticamente à beira-mar, tendo seu trajeto em alguns pontos no meio dos coqueiros nativos. À medida que a viagem se alongava, a estradinha ia ficando mais deserta e difícil de trafegar.

De um lugar mais alto, logo depois de Pirangi, víamos ao longe as falésias de Búzios e a ladeira íngreme que conduzia à Tabatinga e outras praias.

Após andarmos um pouco em Búzios chegamos a um riozinho, que descia dos morros até a orla marítima. No local, o mar estava muito agitado e a areia branca era jogada pelo vento com força.

Do lado direito, avistavam-se os morros – as dunas prolongavam-se até uma exuberante mata fechada, provavelmente, repleta de lagoas e mata fechada. Aqui e ali a choupana de algum pescador. O céu e mar incrivelmente azuis nos deixaram encantados.

Um pouco mais a frente, avistamos um Jeep Willys parado a beira-mar, com uma barraca armada ao lado. Era um grupo de rapazes que tinha vindo de Natal para uma pescaria de molinete. Deles, me lembro de dois. No meio daquela paz, a paisagem era indescritível.

Aguardamos um pouco a maré baixar para prosseguirmos em nossa incursão a beira-mar. Naquela época, a beira da praia durante a maré seca era muitas vezes utilizada como estrada, pois essas praticamente não existiam por ali.

Aproveitamos para tomar um ligeiro banho de mar, pois o calor estava insuportável. Naquele trecho, as ondas eram enormes, de forma que não nos arriscamos a um mergulho, praticamente tomamos banho de areia.

Depois, continuamos pela beira-mar e nos dirigimos à estradinha de barro, que havia sido construída há pouco tempo – segundo alguns pelo Sr. Pedro Lopes, proprietário de muitos terrenos dali até Camurupim.

Finalmente, chegamos ao pé da “Ladeira de Tabatinga” e aí começaria a parte mais difícil de nossa empreitada. O fusquinha, com seu motorzinho 1.200cc, não tinha força para vencer a areia fofa daquele areal inclinado com todos os seus ocupantes a bordo.

O jeito foi revezarmos – enquanto um ia dentro do veículo dirigindo, os outros empurravam nos trechos mais difíceis para conseguirmos chegar ao fim da ladeira. Finalmente, alcançamos o topo – nosso esforço foi recompensado – a vista do alto era indescritível.

De lá prosseguimos até a pequena vila de pescadores de Tabatinga. Estacionamos em uma mercearia – ninguém é de ferro!

Para chegarmos até a praia tranquila havia um longo caminho a pé. Decidimos ficar na mercearia, onde a cerveja gelada (geladeira de querosene) e o peixe frito no dendê não nos deixaram dúvidas quanto à nossa opção.

Depois de Tabatinga as praias desertas iam se sucedendo – algumas calmas para o banho, outras de ondas altas e bravas, mas deixamos isso para outra oportunidade.

Alguns do grupo queriam prosseguir até “Campo de Santana” e de lá à Nísia Floresta. Felizmente, a maioria rejeitou a ideia.

Na volta, tudo foi mais fácil. De Búzios trouxemos inúmeras conchas coloridas – brancas, azuis, vermelhas, amarelas, azuladas, cinzentas... recolhidas a beira-mar.

Chegamos a Natal no pôr do sol e moídos de cansaço. Nada mais justo que uma parada no Teco-Teco, o bar de Geraldo na estrada de Ponta Negra. Valeu!

 

 

 

 

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