Júlio Verne – o homem das mil profecias
Elísio Augusto de Medeiros e Silva
Empresário,
escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br
Em
1863, Júlio Verne escrevia “Paris no século XX”, uma obra que permaneceu
inédita por mais de cem anos, até que fosse descoberta e publicada por seu
bisneto em 1989.
Nesse
livro, Verne nos surpreende com uma capital francesa repleta de tecnologia
muito familiar aos dias de hoje. Entre as suas propostas futuristas está o uso
do fax, de uma rede mundial de comunicação, automóveis movidos a gás, trens de
alta velocidade e arranha-céus gigantescos.
Como
poderia Verne antecipar de forma tão acertada o futuro de uma civilização?
Teria algum poder mágico?! Mas, longe de ser um bruxo, com poderes
sobrenaturais, o escritor era um homem estudioso, que desenvolveu um sistema
próprio de escrita e mantinha amizade com cientistas famosos em diversas áreas
de sua época.
Esse
seu método incluía largas pesquisas nas bibliotecas, lendo e relendo livros de
referência, revistas e periódicos científicos. De posse das informações
técnicas, buscou comparar a vanguarda tecnológica do momento e transportá-la a
um futuro bem distante, no final do século XIX. Baseado nesses fundamentos da
ciência procurou fazer projeções pessoais – e nisso era perito.
No
começo de sua carreira, Verne foi bastante incentivado pelas obras de Alexandre
Dumas, o famoso autor de “Os Três Mosqueteiros”.
Quando
iniciou como escritor, Júlio Verne produzia artigos curtos sobre temas
científicos e históricos, e, para executar esse trabalho, fazia-se necessário
documentar-se amplamente sobre múltiplos aspectos científicos.
Não
demorou muito para formar a ideia de escrever romances com os conhecimentos que
havia adquirido.
Ao
combinar narrações de ficção de escritores como Edgar Allan Poe com os recentes
descobrimentos de sua época, Verne descobriu um inovador gênero literário, que
não tardaria a ser denominado de romance científico.
Esse
tipo de leitura teve um público muito receptivo na França, existindo na época
um florescente movimento positivista que considerava o conhecimento da natureza
como algo fundamental.
Em
meio a um ambiente cultural regido pela Lei Falloux (15/3/1850), que teria uma
influência predominante sobre a educação francesa durante trinta anos, Verne
foi muito bem recebido.
Então,
Verne escreveu a sua primeira obra de sucesso – “Cinco semanas em um balão”
(1863), que serviria de base para suas obras seguintes.
Verne
buscou a assessoria de amigos e parentes, em especial o primo Henri Garcet
(professor de matemática), Jacques Arago (célebre explorador) e Gaspard-Félix
Tournachon, um aventureiro conhecido em toda França pelo apelido de “Nadar”.
Esse
último foi que logrou entusiasmar Verne pela aviação e o apresentou a um
círculo de engenheiro e cientistas notáveis. Entre esses novos amigos estava
Jacques Babinet e Guillaume Joseph Gabriel de La Landelle, um dos pioneiros da
aeronáutica.
O
desenho de Guillaume de um helicóptero com hélices verticais e horizontais
inspirou Verne a criar “Albatros”, um engenho voador que aparece na sua obra “Robur,
o conquistador” (1886).
Foi
o editor Pierre-Jules Hetzel que colaborou com Verne no início de sua carreira,
quando bastante desanimado pensava, inclusive, em desistir. O trabalho de Verne,
até então desconhecido, seria publicado vários anos nas revistas “Magasin d’Éducation
et de Récréation” e na “Bibliothèque d’Éducation et de Récréation”. Na primeira,
suas obras foram publicadas em capítulos, na forma de folhetos; e, na segunda,
como romances completos.
Essas
duas linhas editoriais dariam lugar a obras de grande sucesso, como: “Viagem ao
Centro da Terra” (1864), “Da Terra à Lua” (1865), “Vinte mil léguas submarinas”
(1869/70), “A volta ao Mundo em 80 dias” (1873), as mais vendidas de todas.
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