07/08/2018
Sítio de Burle Marx
texto Gustavo Sobral e ilustração Arthur Seabra
Manuel Bandeira, poeta, quando pensou em um jardim para a sua Pasárgada, lembrou de Burle Marx. Sabia que esse artista da paisagem entendia o jardim como se entende poesia. Puro encanto, harmonia, beleza, forma. Atento à condição climática local, compondo forma, ritmo e espaço, Burle Marx estudou a flora brasileira e inventou jardins.
Dedução de um observador atento ao comportamento das palmeiras do cerrado e das bromélias e cactos do sertão. Estudioso da botânica, explorador da natureza, em cada jardim que concebia reunia uma orquestra de espécies diversas de plantas, buscando compor um todo harmônico, preocupando-se com a tonalidade das cores das folhas e das flores, atento ao período anual de floração. Como todo artista, compreendia a dimensão estética da composição e a capacidade de produzir sensações. Da cor extraía volume e texturas. Obra maior, o sítio onde se refugiava e de onde tramava suas criações paisagísticas.
Sítio feito de pedras, plantas, espelhos d’água. Quadro em movimento, beleza e diversidade. Aberto à visitação, o sítio de muitos mil metros quadrados fica na estrada de seu nome: Estrada Roberto Burle Marx, 2019, Barra de Guaratiba/RJ. Comprado em 1949, em sociedade com o irmão, terreno onde se chantava uma pequena capela e uma casa de fazenda prontamente restauradas para uso e conservação.
Outras construções importantes foram anexadas, laboratório e biblioteca para pesquisa dos botânicos, auditório e salas de aula. Da casa foi feito um museu. Em exposição, a produção artística do paisagista e objetos de sua coleção particular. Art Naïf em telas, cerâmicas e tapeçarias do artista. O ateliê, em arcos de pedra, é uma varanda que encontra o tempo.
Ali Burle Marx conservou, cuidou e cultivou uma coleção de plantas tropicais das mais variadas espécies. Bromélias, palmeiras, três mil e quinhentas espécies. A diversidade da flora se orquestra e compõe um cenário protagonizado pela beleza. Patrimônio cultural brasileiro.
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