JOÃO NA LAMBRETA
Berilo de Castro
No ano de 1965, estudante de medicina, quando trafegava com minha lambreta — LI de cor azul, passando em frente ao Estádio Juvenal Lamartine, com destino ao Hospital das Clínicas, sou parado por um pedido de “carona”. O pedinte: o meu caro e admirável amigo, pessoa super querida na cidade: o presidente da Federação Norte Rio-grandense de Futebol, João Cláudio de Vasconcelos Machado —João Machado ( 1914—1976).
— Berilo, me dê uma carona até próxima à Maternidade Januário Cicco!
— Pois não, amigo!
De imediato me veio à reflexão: como é que João vai se acomodar em um pequeno e estreio espaço na garupa da lambreta, sabendo e já conhecendo da existência da sua inseparável, estimada e volumosa companheira hérnia escrotal.
Percebendo a minha preocupação e a minha curiosidade, falou: não esquente, deixe comigo! Como num passe de mágica, levantou o volumoso e pesado “saco” e sentou tranquilamente na garupa da lambreta e disse: acelera, vamos embora!
Não ficou nada confortável sentindo aquele volumoso e quente encosto fazendo pressão o tempo todo no meu costado. Ainda bem que o percurso foi curto e percorrido em alta velocidade.
Grande João, estamos sentindo a sua falta.
Berilo de Castro – Escritor
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