Pinotes de Basílio
Por Gustavo Sobral
Marcha, maxixe, gingados de capoeira, bastava soar na rua o carnaval e
Basílio saia para brincar. Apressados metais em todo sopro desciam
frevo que lavava o bairro de São José a pulsar o coração no Recife, lá
ia o moço Basílio, sem enfado, todo prosa, na instiga, no estilo
desenhando passos. Cada pinote, orquestrado e galante que só se vendo.
O carnaval que passava pela rua da Concórdia ele não perdia. A rua em
que moravam as sobrinhas, a rua em que seu coração batera carnavais.
Não custava nunca relembrar cada frevo, cada confete, cada passagem, a
viva alegria de ser todo carnaval. Quando via o Bacuri, não se acanhava,
era marcar o passo e dançava, era o sucesso.
Todo mundo adorava o moço como respeitava o velho que virou. Todos os
meses saia de Duarte Coelho, onde residia, próximo ao Convento da
Caridade de Santa Thereza, para apanhar os proventos a que tinha
direito. Viúvo, conversador e alegre, era funcionário aposentado da
delegacia fiscal. Já de idade, bigode bem aparrado, a cabeleira bem
penteada, lembranças no velho do rapaz que foi, aurora da sua vida,
tempo que não esquecia jamais.
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