Para escrever, escrivaninha
Texto Gustavo Sobral e ilustração de Arthur Seabra
Importada do bureau francês, como também é conhecida, é um móvel para
escritório. Seja o de casa, seja o do trabalho, para as atividades de
trabalho e estudo. Pode existir como uma cômoda, quando se abre o
compartimento superior e nele se revelam gavetas e um lugar para
escrever, assim conhecido como secretária; ou uma mesa ladeada por
gavetas para guardar o serviço de toda ordem a que pertence, como
documentos, papéis, lápis e canetas, cartões, etc. Tudo comum ao
universo da sua atividade.
Um cronista conhecido da cidade, proprietário de vasta biblioteca que
se estica por mesas, prateleiras e estantes teve a sua escrivaninha
impossibilitada do seu ofício, ao vê-la tomada aos poucos, invadida, por
eles, de maneira que agora, ao invés de lugar para escrever, virou mais
uma seção da biblioteca.
Debruçados sobre ela pais de família dedicam-se aos registros
financeiros da família, anotações das contas, despesas e
receitas. Estudantes queimam as pestanas, aprendendo gramática e
matemática, as crianças rabiscam os primeiros desenhos e, assim, se
configura essencialmente espaço para a labuta que demanda concentração e
atividade, geralmente na áurea do silêncio, cercado por livros, pastas e
documentos, ou no quarto, junto a cama e o armário, dedicado espaço
para as atividades intelectuais. Um móvel apropriado para o incentivo e
atestado da inteligência do homem, aquele em que ele aprende e escreve.
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