M A C A I B A
Por Jansen Leiros
No começo do século XX, o Rio Grande do Norte ainda
era uma província que se escrevia com letras minúsculas.
Macaíba, um pouco mais que uma vila, guardava cinco ou seis casarões coloniais, aonde haviam morado famílias ilustres,
reservas morais daqueles tempos.
Lembro-me de que alcancei o casarão onde nascera Auta
de Souza, transformado em Grupo Escolar e aonde fiz meus dois últimos anos do
primário.
Lembro-me do casarão dos Albuquerque Maranhão, na esquina
fronteiriça ao pátio do Mercado Público, pomposo, nobre. Aristocrático.
Lembro-me do casarão onde residira o velho Alfredo
Mesquita, avô de Valério; no qual se viam traços mais modernos.
Subindo a rua Dr. Pedro Velho, via-se o casarão do
Caxangá, da ilustre família do Major Andrade; o casarão da rua do
Pernambuquinho, residência do Cel. Manoel Maurício Freire, conhecido como o
Solar da Madalena (tombado pelo patrimônio HISTÓRICO), cercado por
jabuticabeiras e dois tipos de mangueiras,
a manga Rosa, pesando em média 0,800 gm e a manga espada, menor, mas
dulcíssima;
A casa do Dr. Enoque Garcia, próxima da bifurcação do
Rio.
E, por fim, o famoso casarão do Ferreiro Torto,
tombado pelo patrimônio histórico do RN.
Foi essa a Macaíba que conheci e é a que guardo no meu
coração de Macaibense! Que, debruçado nas balaustradas do muro protetor das
marés, assistia a partida dos barcos para Natal, bem assim seus retornos com as
marés cheias.
São as recordações que batem as portas das lembranças;
das matinês do Pax Clube, nos bailes improvisados pelas moçoilas domingueiras,
com seus vestidos rodados e os corações
ávidos de emoções, embalados pelos
romances que agasalhavam nos corações de meninas que sonhavam sonhos de
domingos na praça.
Macaíba que foi invadida pelos forasteiros,
arrogantes, petulantes, desaforados e despreparados, jejunos dos traquejos
sociais que se constituíam muros divisórios
da sociedade de Macaíba.
Lembro-me das famílias que fizeram suas malas e
arredaram os pés de nossa cidade, antes tão amada, hoje tão temerária e
afugentadora.
Jansen Leiros*
Da Academia Macaibense
de Letras;
Academia de Letras
Municipais do Brasil;
Academia Anapolina de Filosofia,
Ciências e Letras;
Academia Interamericana
de Literatura e Jurisprudência;
União Brasileira de
Escritores;
Comendador da Soberana
Ordem do Mérito Apostólico de Santiago de Jerusalém;
Associação dos
Diplomados da Escola Superior de Guerra;
Do
Instituto de Genealogia do RN;
Advogado,
Graduado pela Universidade do Brasil, e pós Graduado em Morfo-sintaxe pela
UFRN;
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