PROFESSORA
ALICE DE LIMA E MELO
Valério Mesquita*
Alice
de Lima como era mais conhecida, nasceu em Macaíba aos 11 de fevereiro de 1916.
Foram seus pais o “mestre” Corcino, único arquiteto e engenheiro existente na
cidade no inicio do século e a professora Joaquina Hermilinda, D. Quina, que
ensinou várias gerações de macaibenses à rua Prudente de Morais, no centro da
cidade.
Alice
aprendeu com a mãe as primeiras letras, transferindo-se depois para o
tradicional Grupo Auta de Souza. Professora por vocação, junto a mãe D. Quina,
alfabetizou uma legião de alunos. Mais foi como funcionária pública municipal
que ficou conhecida. Entrou na prefeitura pelas mãos do prefeito Luis Curcio Marinho,
ocupando o cargo de secretária geral do município, que concentrava as demais
unidades administrativas hoje existentes. Com o assentimento das Forças
Armadas, era a pessoa que alistava os candidatos ao serviço militar.
Foi casada com João Muniz de Melo,
com quem teve três filhos: Luciano, Itamar e Ângela, além de nove netos e dois
bisnetos. Alice era religiosa e ajudava aos pobres da cidade nos afazeres da
Matriz desde os tempos em que fora “Filha de Maria”, nas décadas de 30 e 40.
Faleceu
aos 52 anos em Macaíba no dia 24 de maio de 1968, após longos dias de
sofrimento. A prefeitura custeou-lhe o funeral, sendo sepultada no cemitério
público. Como gratidão a sua bondade, e os exemplos que nos deixou foi
inaugurado na gestão do então prefeito Geraldo Pinheiro, o “Clube de Mães Alice
de Lima e Melo”. O pesquisador macaibense e jovem estudante Anderson Tavares
cobrou-me esse artigo sobre a notável conterrânea e me forneceu suas
informações biográficas.
Relembrá-la
é um ato de justiça e de reconhecimento aos seus méritos de mãe, educadora e
servidora pública modelar. Fui seu aluno antes de ingressar no Colégio Marista.
Estudava particular em sua residência ao lado de outros colegas. A casa ficava
situada no largo marítimo João Lau, perto do antigo cais do rio Jundiaí, local
onde hoje está edificada a Escola Câmara Cascudo. Alice caracterizava-se pela
modéstia e pela seriedade com que enfrentava os seus desafios. Conheci, também,
D. Quina. Quando eu passava em frente a sua escola gostava de ouvir as crianças
em côro uníssono soletrar cantando: “Um B com A beabá, um B com E beébe, um B com I beibi, um B com O beobó, um B com
U beubu.” Posso afirmar que, com professora Alice me preparei para enfrentar o
pesado ensino dos Irmãos Maristas, assim considerado na época. Apenas, deploro
não haver estudado no Auta de Souza. No meu ensino primário tive como
professoras Enedina Bezerra, Naide Tinôco e Alice de Lima e Melo.
Posteriormente, Sônia Lucena me introduziu no idioma Francês.
Havia
outro traço fundamental na personalidade e no comportamento da funcionária
municipal Alice Melo. Era a confiança que inspirava aos seus chefes, todos
prefeitos de Macaíba dos anos cinquenta aos sessenta. Luis Curcio Marinho, José
Maciel, Aldo Tinoco, Alfredo Mesquita Filho, Mônica Dantas e Manoel Firmino de
Medeiros, mantiveram-na no posto de secretária pela competência e lealdade com
que desempenhava o posto. Alice era a secretária do município e não do prefeito
circunstancial. Posso dizer que era uma funcionária pública padrão, cônscia de
suas obrigações e responsabilidades. Ao recordá-la aqui, cumpro um dever de
consciência, de respeito e de tributo a sua trajetória para que Macaíba nunca
se esqueça de que ela existiu e nos legou admiráveis lições de vida.
(*) Escritor.
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