A CÂMARA MUNICIPAL DE NATAL, em sessão solene, entregará o título de "Cidadão Natalense" ao eminente PROF. MANOEL DE MEDEIROS BRITO, 18,30 horas, no Palácio Padre Miguelino.
BRITO: CIDADÃO NATALENSE DIA 08 DE
MAIO
Valério Mesquita*
01) O ex-deputado, secretário
de estado e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Manoel de Medeiros
Brito é dono de um repertório de históricas, nascidas do seu “fair-play”,
“savoir vivre” e bom humor. São necessários três idiomas para definir a
extraordinária espirituosidade de uma vivencia tão rica de situações e fina
hilariedade. O jornalista João Batista Machado que o chama de “Brito Velho”,
alusão ao ex-deputado federal gaúcho, possui um longo repertório e causos e
acontecências colhidos ao longo de sua vida pública.
02) Certa vez, estava
no interior quando veio o apelo irresistível de uma cachacinha. O seu fiel escudeiro
era Raul, motorista. “Raul”,
recomenda Brito, com parcimônia, “veja
se encontra nesses botecos uma cachaça pelo menos razoável”. Empreendida
a busca, volta Raul com a recomendação protocolar: “Dr. Brito, tem umas mas não são de boa qualidade”. Brito, sediço
e aliciador, sentencia: “Seu Raul,
ruim é não ter”.
03) Brito é um exímio
apreciador da “pinga” nordestina. Degusta o precioso liquido como se fosse um
príncipe do semi-árido. Como secretário do interior e justiça, Brito gostava de
integrar a comitiva oficial às reuniões da SUDENE em Recife. E explicava ao
jornalista Machadinho: “eu vou porque
lá é tudo muito bom e barato”. Mas nunca perdia o paladar de uma
branquinha. Na capital do frêvo, encontrava sempre o amigo Raimundo Nonato
Borba, chefe da representação do Rio Grande do Norte junto a SUDENE. Como é do
seu hábito arranjou-lhe logo um apelido: Borba Gato. E no trajeto do aeroporto
à SUDENE, do banco traseiro Brito avisava: “Borba Gato não se descuide de parar antes num boteco para eu beber um “rabo
de lagartixa”.
04) O Palácio Campo das
Princesas, em Recife, era o local refinado nas reuniões da SUDENE para os
convescotes e rega-bofes, do mundo oficial do Nordeste. Num desses eventos
gastronômicos, estava presente o então secretário da industria e comércio do
Rio Grande do Norte Jussier Santos, conhecido pela sua finesse, foi logo servindo-se de champion e sugerindo
a Brito para provar aquela delicia. E esse responde de bate pronto: “Jussier, eu não como frieira”.
05) Em outro almoço,
alguém da comitiva oficial do Rio Grande do Norte provoca Brito ao avistar
apetitosos camarões: “Brito, sinta o
cheiro inconfundível”. Este,
com aquele olhar jardinense do Seridó corrige: “IN não. Cheiro confundível!”.
06)
Vivia-se o tempo áureo da UEB, a extinta União de Empresas Brasileiras que
instalou em Natal o Hotel Ducal, a Sparta Confecções, a Seridó Tecidos e a
Incarton. Na Sparta, fabricante de camisas, pontificava como diretor o nosso
Manoel de Medeiros Brito, o Brito Velho de guerra. Para conhecer as instalações,
convidou o jornalista João Batista Machado, que levou de contrapeso o colega
Aluízio Lacerda. A fidalguia de Brito tem o selo da fartura de Jardim do
Seridó. Após os drinks
e sucos regionais, o almoço foi servido com direito, ao final, a charutos odoríficos
e fumegantes. Por fim, chegaram à imensa sala das máquinas onde o labor das
costureiras explodia no ar um frenético torvelinho de vozes e ruídos mecânicos.
Machadinho, já conhecedor da proverbial “queda de asa” de Brito pelo mulheril,
provoca curiosamente o seu cicerone: “Brito, e as mulheres aqui?”. Sem perder a
postura e como se informasse um detalhe fabril, detona: “É de médio a
refugo...”.
07) O garçom do Palácio
Campos das Princesas em Recife, chamava-se Paulo Maluf e se tornou amigo
incondicional de Brito. Quando terminava a reunião da SUDENE e os primeiros
grupos chegavam ao salão de recepção para os aperitivos inaugurais do almoço, e
uma voz se erguia em meio aos circunstantes: “Maluf, Maluf, cadê a minha cachaça!”. Era Brito exercitando o
ritual.
(*)
Escritor.
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