BULA: LER OU NÃO LER? – Berilo de Castro
BULA: LER OU NÃO LER? –
A bula é um conjunto de informações
sobre um determinado medicamento que, obrigatoriamente, os fabricantes
farmacêuticos devem fornecer à embalagem dos seus produtos vendidos ou
fornecidos à rede hospitalar. Recebe um controle muito rígido da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Em décadas passadas, a bula pouco era
consultada e debatida. Somente aqueles poucos médicos interessados nas
ações farmacológicas das drogas iam a ela. Época que não existia ainda o
auxílio do útil Dicionário de Especialidades Farmacêuticas (DEF). A
obediência e o cumprimento da receita médica eram rigorosamente
cumpridas pelos consultados. Tempo bom!
Com o advento da Internet e a chegada do
Professor Doutor Google, as coisas mudaram muito; a facilidade e a
curiosidade das informações através da Internet têm levado muitos a
leitura da bula, com questionamentos e mais questionamentos sobre o uso
das medicações prescritas pelo médico consultor.
A bula tem por obrigação, isso é fato,
de informar todos os pormenores do princípio ativo que integra a droga,
passando pelas indicações, contraindicações, reações adversas,
precauções, posologia e, finalmente, as interações com outras drogas.
Elementos-chaves que o profissional médico tem por ofício ter
conhecimento.
Na prática médica ambulatorial atual,
somos muitas vezes surpreendidos com a desistência de pacientes em tomar
a medicação prescrita na consulta, devido às minúcias informações (
algumas apenas como citação) que a bula traz no seu conteúdo
informativo. É fundamental entender que são informações genéricas e
muitas ainda sem nenhuma comprovação científica. Portanto, é importante e
necessária a confiança na palavra final do seu médico assistente.
A desobediência, o não cumprimento da
prescrição médica é um ato incabível e inaceitável que fere frontalmente
a boa relação médico/paciente, podendo levar a consequências
dramáticas.
O tema me faz lembrar uma tia que
gostava muito de tomar remédios (hipocondríaca: criava e tinha doenças
sem ter e adorava tomar remédios). Lia tudo que era bula; de cabo a
rabo. Certa feita, chegando em casa do meu pai, viu um vidro de remédio,
tirou a bula de dentro e começou a ler, quando terminou, disse: “Meu
filho, que bula abençoada; tudo que nela tem é tudo o que sinto, parece
que foi feita pra mim e a mandado de Deus. Vá comprar logo um vidro pra
mim desse santo remédio. Agora vou ficar boa! Graças a Deus”!
Berilo de Castro – Médico e Escritor – berilodecastro@hotmail.com.br
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