Colégio Imaculada Conceição
27/11/2016
Texto Gustavo Sobral e ilustração Arthur Seabra
Liceus, escolas, colégios, academias, seja como for que se intitulem
os espaços onde a história se construiu pelo ensino, os edifícios se
erguem como o símbolo em pedra e cal da matéria do conhecimento.
Conventos, monastérios, ordens tomaram para si essa missão. Em Portugal,
nas cidades da Espanha, em Roma, a sabedoria se moldou pelos
corredores, salas de aulas, pátios, átrios dos colégios religiosos e sob
o olhar vigilante de Deus.
Outro não seria o silêncio de um colégio centenário que fecha as
portas, registrando para o tempo a sua arquitetura. Corredores vazios,
janelas cerradas, cúpulas que arredondam o céu. A casa do saber cerra-se
no silêncio do seu fim. Encerradas as atividades, o burburinho, as
lições, os alunos, os cadernos, tudo se perde no tempo do passado e só
vive na memória das carteiras ocupadas, na exposição dos professores,
nos apontamentos na louça.
Resta a luz da tarde que doura as paredes, preenche os pátios e
ilumina o espaço casa do saber, onde a construção do conhecimento se
forma na lição dos mestres e na compreensão dos alunos, onde desfilaram
métodos de ensino, notas, boletins, tempo das aulas e tempo das férias, e
assim, sucessivamente, se fizeram, ano a ano, cento e dez anos de
ensino e conhecimento ministrado pela abnegação das irmãs Doroteias que
para ali se mudaram em 1906, erguendo a escola com dinheiro da venda de
um terreno.
Compraram sítio na Av. Deodoro, que daria vida ao colégio construído
com a ajuda de doações. Quando derrubada a primeira construção de 1937,
fez-se uma segunda, pronta em 1942, e, como um sopro no ar, tudo foi
levado pelo vento que fez do espaço o retrato do não ser, cento e dez
anos depois. E assim se apaga na Cidade Alta a permanência do que só é
construção, estático edifício na indiferença da Av. Deodoro da Fonseca.
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