Ah! No meu tempo.
AUGUSTO LEAL, engenheiro
Ouvi muito meu pai falar, no meu tempo as coisas eram bem
melhor e eu pensava comigo mesmo. “Papai brincou muito, teve muitas alegrias e
não esquece.” Pensava ainda. O que passou. passou. Mas não é bem assim. Hoje
não digo a mesma coisa, mais repito. No meu tempo as coisas eram diferentes. A
minha juventude tinha hábitos mais saudáveis, era mais romântica, menos
violenta mas, às vezes penso comigo
mesmo, era mais bonita, porque eu era
jovem, e sem dúvida a juventude é a época mais bonita do nosso viver. É tanto
que é gostoso se falar ou recordar as boas coisas passadas, então resolvi
voltar ao passado, fazer uma pequena viagem no tempo.
Natal, a
nossa cidade não era violenta, quase não se ouvia falar em drogas, quando
aparecia, eram cinco gatos pingados, aliás, drogados. Assassinatos? Raridade, assaltos não existia,
era uma cidade calma, onde ás noites a juventude saia para fazer belas
serenatas para namoradas ou amigas. “Mulher casada que anda sozinha, é
andorinha.” Assim era a marchinha de carnaval, vejam a diferença, quase que não
existiam cornos, era palavra só usada em momento de raiva, hoje hem? Tem mais
corno rondando por aí que mosquito da dengue, que, aliás, ninguém ouvia falar
no tal mosquito, o único mosquito famoso era Mosquito jogador de basquete.
O Grande
Ponto. Não existia shopping, então a Rua João Pessoa, Rio Branco, Ulisses
Caldas, Princesa Isabel, e Avenida Deodoro era ponto de encontro para papos e
namoros, encontros nos Cinemas Nordeste, Rex, Rio Grande, saídas das garotas
dos Colégios das Neves e Imaculada da Conceição pelas manhãs, e à tardinha do
nosso querido Atheneu. Ainda existia a saída da Escola Normal, que ficava na
Praça Pedro Velho. Mas voltando ao Grande Ponto, ficava ou fica? Não sei, mas
vamos para o passado, ficava na Rua João Pessoa, ia da Av. Deodoro até o Cinema
Nordeste, lá a rapaziada ficava em pé papeando, e as moças mostrando suas belas
mini saias ou suas melindrosas em um desfile sem juízes e sem holofotes, as
luzes? Eram os nossos olhos, ou o sol que dava graça aquele belo espetáculo. A
moda era o corte de cabelo Chanel, por isto ficavam todas parecidas, a cabeleleira
do momento era Dá Luz e só tinha ela.
Quando era o
Natal aquele quadrilátero ficava todo iluminado e o comércio abria a noite,
então se tornava uma grande festa, lá ficavam os magazines e confeitarias mais
famosos da cidade, Confeitaria Cisne, Casas Vesúvio, Joalharia Nasser, Waldemir
Germano (fotos), Loja Quatro e Quatrocentos, Duas Américas, Formosa Síria, Casa
Rio, Lanchonete Ki-Show, Lanchonete e Bar Dia e Noite, Café Maia e São Luiz,
Sorveteria Oasis e outras. Neste mês ( dezembro) podíamos chegar em casa um
pouco mais tarde, entre 22 e 23 horas, e mais nada, no outro dia tinha aula no
colégio ou faculdade e “ai de quem duvidar.” A rapaziada mostrando os
“possantes” automóveis. Fusca, DKW, Gordine ou Duaphine, Jeep, corcel, ou Rural
Willys, estes eram os principais, os “mais ricos” andavam de Sinca Chamboard ou
Aero Willys
Nossos pais compravam queijo do reino, passas
secas, ameixas, doces de frutas desidratadas, nozes, castanha do Pará tudo isto
para a ceia do Natal, que vinha acompanhada do famoso peru.
Depois do
Natal, vinha o veraneio. As praias mais movimentadas eram: Redinha, Ponta
Negra, Pirangi e Muriú. A nossa família passava o mês de janeiro na Redinha.
Veraneio animado com as noites no Redinha Clube, e serestas pelas madrugadas.
Existiam os veranistas tradicionais que possuíam casas na praia, estes eram
visitados pelos rapazes nas madrugadas que faziam as serestas para suas filhas.
Nesta época podia-se dormir de portas e janelas abertas.
Termino aqui
prestando uma homenagem a algumas pessoas e boêmios que viveram aquela época:
Ivanildo e seu sax de ouro, Geraldo Pereira, João Juvanklin, Franklin, José
Domingos, Francisco Januário, Liz Nôga, Luiz Carlos Guimarães, Woden Madruga,
Celso da Silveira, José MelquÍades, José Alexandre Garcia, Francisco Nunes de
Carvalho, Domício, Jahyr Navarro, Ney Marinho, Eimar Vilar.
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