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27/10/2013


                Ah! No meu tempo.

AUGUSTO LEAL, engenheiro

Ouvi muito meu pai falar, no meu tempo as coisas eram bem melhor e eu pensava comigo mesmo. “Papai brincou muito, teve muitas alegrias e não esquece.” Pensava ainda. O que passou. passou. Mas não é bem assim. Hoje não digo a mesma coisa, mais repito. No meu tempo as coisas eram diferentes. A minha juventude tinha hábitos mais saudáveis, era mais romântica, menos violenta mas,  às vezes penso comigo mesmo,  era mais bonita, porque eu era jovem, e sem dúvida a juventude é a época mais bonita do nosso viver. É tanto que é gostoso se falar ou recordar as boas coisas passadas, então resolvi voltar ao passado, fazer uma pequena viagem no tempo.
            Natal, a nossa cidade não era violenta, quase não se ouvia falar em drogas, quando aparecia, eram cinco gatos pingados, aliás, drogados.  Assassinatos? Raridade, assaltos não existia, era uma cidade calma, onde ás noites a juventude saia para fazer belas serenatas para namoradas ou amigas. “Mulher casada que anda sozinha, é andorinha.” Assim era a marchinha de carnaval, vejam a diferença, quase que não existiam cornos, era palavra só usada em momento de raiva, hoje hem? Tem mais corno rondando por aí que mosquito da dengue, que, aliás, ninguém ouvia falar no tal mosquito, o único mosquito famoso era Mosquito jogador de basquete.
            O Grande Ponto. Não existia shopping, então a Rua João Pessoa, Rio Branco, Ulisses Caldas, Princesa Isabel, e Avenida Deodoro era ponto de encontro para papos e namoros, encontros nos Cinemas Nordeste, Rex, Rio Grande, saídas das garotas dos Colégios das Neves e Imaculada da Conceição pelas manhãs, e à tardinha do nosso querido Atheneu. Ainda existia a saída da Escola Normal, que ficava na Praça Pedro Velho. Mas voltando ao Grande Ponto, ficava ou fica? Não sei, mas vamos para o passado, ficava na Rua João Pessoa, ia da Av. Deodoro até o Cinema Nordeste, lá a rapaziada ficava em pé papeando, e as moças mostrando suas belas mini saias ou suas melindrosas em um desfile sem juízes e sem holofotes, as luzes? Eram os nossos olhos, ou o sol que dava graça aquele belo espetáculo. A moda era o corte de cabelo Chanel, por isto ficavam todas parecidas, a cabeleleira do momento era Dá Luz e só tinha ela.
            Quando era o Natal aquele quadrilátero ficava todo iluminado e o comércio abria a noite, então se tornava uma grande festa, lá ficavam os magazines e confeitarias mais famosos da cidade, Confeitaria Cisne, Casas Vesúvio, Joalharia Nasser, Waldemir Germano (fotos), Loja Quatro e Quatrocentos, Duas Américas, Formosa Síria, Casa Rio, Lanchonete Ki-Show, Lanchonete e Bar Dia e Noite, Café Maia e São Luiz, Sorveteria Oasis e outras. Neste mês ( dezembro) podíamos chegar em casa um pouco mais tarde, entre 22 e 23 horas, e mais nada, no outro dia tinha aula no colégio ou faculdade e “ai de quem duvidar.” A rapaziada mostrando os “possantes” automóveis. Fusca, DKW, Gordine ou Duaphine, Jeep, corcel, ou Rural Willys, estes eram os principais, os “mais ricos” andavam de Sinca Chamboard ou Aero Willys
 Nossos pais compravam queijo do reino, passas secas, ameixas, doces de frutas desidratadas, nozes, castanha do Pará tudo isto para a ceia do Natal, que vinha acompanhada do famoso peru.
            Depois do Natal, vinha o veraneio. As praias mais movimentadas eram: Redinha, Ponta Negra, Pirangi e Muriú. A nossa família passava o mês de janeiro na Redinha. Veraneio animado com as noites no Redinha Clube, e serestas pelas madrugadas. Existiam os veranistas tradicionais que possuíam casas na praia, estes eram visitados pelos rapazes nas madrugadas que faziam as serestas para suas filhas. Nesta época podia-se dormir de portas e janelas abertas.
            Termino aqui prestando uma homenagem a algumas pessoas e boêmios que viveram aquela época: Ivanildo e seu sax de ouro, Geraldo Pereira, João Juvanklin, Franklin, José Domingos, Francisco Januário, Liz Nôga, Luiz Carlos Guimarães, Woden Madruga, Celso da Silveira, José MelquÍades, José Alexandre Garcia, Francisco Nunes de Carvalho, Domício, Jahyr Navarro, Ney Marinho, Eimar Vilar.
            


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