A Praça José da Penha
Elísio
Augusto de Medeiros e Silva
Empresário,
escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br
Sempre me disponho a
escrever sobre duas praças da Ribeira – A Praça Augusto Severo e a Praça José
da Penha (antiga Leão XIII) de tamanhos e formas variadas.
Há muitos anos, a Praça
José da Penha está no roteiro obrigatório diário que faço na ida e volta ao
trabalho. Cruzo o local várias vezes nos dias de semana.
Durante esse longo tempo
de convívio, acredito que a conheço muito bem – de todos os ângulos e em quase
todos os horários. O tempo criou entre nós laços profundos. Até o canto dos
pássaros que frequentam o lugar é familiar para mim, em todas as estações do
ano, nos dias de chuva ou de sol.
Este ano uma obra de
saneamento, com muita lama e buracos, deixou-lhe quase intransitável para os
veículos que obrigatoriamente trafegam por ali.
O barulho de máquinas
escavadeiras e bombas de sucção é terrível, e somam-se as buzinas impacientes
dos motoristas apressados. Paciência, é para o progresso do bairro, dizem
alguns.
Diariamente, tento evitar
o local, mas não tem jeito – não existe outra via de acesso para meu roteiro.
Todos convergem para o entroncamento do antigo “SAPS”, frente à Igreja do Bom
Jesus.
Quando vejo aquele imenso
canteiro de obras me vem à memória o que aconteceu no mesmo local no distante
ano de 1936, portanto há mais de 70 anos.
Naquele ano, o pavilhão
que ocupava o centro da praça, com bancos e gramados bem cuidados, desapareceu
para dar lugar a uma estação elevatória de dejetos.
Em razão disso, no dia 25
de setembro de 1936, “A República” publicava sob o título “Saneamento” a
matéria: “Atualmente, a maior intensidade de serviço se acentua no bairro da
Ribeira, onde está sendo efetuada a construção do reservatório R1, e ainda do
distrito D5, com sua respectiva estação elevatória da Praça José da Penha”.
Naquela época, com o
prolongamento da Avenida Tavares de Lira interligando definitivamente a Ribeira
com o bairro de Petrópolis, a praça perderia dois terços do seu espaço
original, ficando do tamanho que atualmente se encontra. Alguns antigos
moradores da Cidade Baixa com quem conversei se recordam disso.
A última reforma do local
ocorreu em 1998, durante a administração da prefeita Wilma de Faria, ocasião em
que foi colocada na praça uma justa homenagem ao Capitão José da Penha.
Não tenham dúvidas que o
progresso e melhoramento trazidos pela expansão imobiliária chegarão mais uma
vez ao velho bairro ribeirinho.
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