REFLEXÕES SOBRE UM JOGO SUJO
Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com
A insegurança é o medo
nosso de cada dia. A violência passou a ser uma necessidade fisiológica do ser
humano. Trata-se de um tema que merece um profundo estudo sociológico. Evidentemente
que não me proponho abordá-lo sob esse prisma. O policial é um facínora? Ou o
facínora é um policial?
Esse é o indigesto
caldo cultural da sociedade brasileira dos últimos dias. Faz-me pensar que os
fins de século e milênio, são como as ressacas das marés que trazem à tona a
sujeira anticósmica ou propriamente o lixo da civilização. O estado, o mostro
Leviatã de que nos falou o filósofo Thomas Hobben, nunca deixou de produzir
vítimas tanto nas causas da violência como nos efeitos. A fome, miséria,
ignorância e o desemprego continuarão a multiplicar a marginalidade na
sociedade desigual. O Poder Público cria o bandido dede pequeno para depois
destruí-lo em nome da segurança. Quando o direito e a segurança da educação, da
saúde, da nutrição deveriam lhe ter sido assegurados desde o começo. Culpar a
polícia pelos exageros é hipocrisia. Policiais e bandidos são seres humanos.
Vivem o histerismo da sobrevivência. Ambos produtos do Estado falido, da
sociedade injusta, da incompetência da justiça que além de morosa tem sido
geradora de equívocos aberrantes.
Como clamar por
direitos humanos numa guerra suja de vida ou morte, se foi esquecido antes o
direito da criança? Por que instituições como a OAB só procuram combates os
efeitos somente e não as causas? Deixa transparecer que defender a vida do
marginal em contraposição a do policial, como se este também não fosse um
cidadão.
É um campeonato
interminável. As disputas sempre sairão empatadas, mas fazendo vítimas
inocentes, que tem torcedores são, as, espectadores do próprio drama porque o
sistema quis assim e agora parece ser tarde. Será mesmo? Por fim, lembrei-me do
compositor Jackson do Pandeiro, cantando: “Esse jogo não pode ser um a um, se o
meu time perder eu mato um”.
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