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22/02/2020


REFLEXÕES SOBRE UM JOGO SUJO

Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com

A insegurança é o medo nosso de cada dia. A violência passou a ser uma necessidade fisiológica do ser humano. Trata-se de um tema que merece um profundo estudo sociológico. Evidentemente que não me proponho abordá-lo sob esse prisma. O policial é um facínora? Ou o facínora é um policial?
Esse é o indigesto caldo cultural da sociedade brasileira dos últimos dias. Faz-me pensar que os fins de século e milênio, são como as ressacas das marés que trazem à tona a sujeira anticósmica ou propriamente o lixo da civilização. O estado, o mostro Leviatã de que nos falou o filósofo Thomas Hobben, nunca deixou de produzir vítimas tanto nas causas da violência como nos efeitos. A fome, miséria, ignorância e o desemprego continuarão a multiplicar a marginalidade na sociedade desigual. O Poder Público cria o bandido dede pequeno para depois destruí-lo em nome da segurança. Quando o direito e a segurança da educação, da saúde, da nutrição deveriam lhe ter sido assegurados desde o começo. Culpar a polícia pelos exageros é hipocrisia. Policiais e bandidos são seres humanos. Vivem o histerismo da sobrevivência. Ambos produtos do Estado falido, da sociedade injusta, da incompetência da justiça que além de morosa tem sido geradora de equívocos aberrantes.
Como clamar por direitos humanos numa guerra suja de vida ou morte, se foi esquecido antes o direito da criança? Por que instituições como a OAB só procuram combates os efeitos somente e não as causas? Deixa transparecer que defender a vida do marginal em contraposição a do policial, como se este também não fosse um cidadão.
É um campeonato interminável. As disputas sempre sairão empatadas, mas fazendo vítimas inocentes, que tem torcedores são, as, espectadores do próprio drama porque o sistema quis assim e agora parece ser tarde. Será mesmo? Por fim, lembrei-me do compositor Jackson do Pandeiro, cantando: “Esse jogo não pode ser um a um, se o meu time perder eu mato um”.



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