CHOQUES FITOSSANITÁRIOS
Valério Mesquita
O mundo jamais deixou de viver seus horrores pestilenciais. As
pragas, as pestes e doenças contagiosas já dizimaram milhões de pessoas. Nada
aconteceu por acaso. Desde a Antiguidade, passando pela Bíblia, fiel registro
dessas ocorrências, até as regiões mais antigas e confins superatrasados da
terra, todos experimentaram múltiplas epidemias. A grande maioria atinge tanto
o ser humano como os animais. E a transmissão pode ser recíproca. Gripe
espanhola, febre amarela, varíola, gripe asiática, gripe do frango, doença da
vaca louca e a gripe suína. Todo esse elenco epidêmico afligiu os continentes
nos séculos vinte e vinte um provocando óbitos.
Alguns surtos assumiram proporções de pandemia que desafiaram os
higienistas e sanitaristas, os quais, mesmo tendo inventado vacinas, não
conseguem deter ou isolar as causas de novos ciclos viróticos.
Essa é a questão. Por que, em plena era da cibernética, da
exploração do universo, da informática, o homem ainda não conseguiu descobrir
os males da própria degeneração das carnes humana e animal? Ou poderia tal fato
ser atribuído à própria corrupção humana, fruto da depravação hereditária por
sermos deste mundo? Faço tais reflexões por razões históricas. A raça humana
sempre se inclinou à depravação dos costumes, das relações sexuais, da
permissividade das leis, ao afrouxamento das medidas de prevenção às doenças
infectocontagiosas, às guerras, e, enfim, à quebra das barreiras
fitossanitárias em face das condições miseráveis de vida. Assim acontece com
mais de dois terços da população mundial. A chamada gripe suína, por exemplo,
surgiu nas fronteiras de dois países (México e Estados Unidos), cujas causas ainda
não estão totalmente explicadas pelos cientistas. Todavia, muitas são as
ilações a respeito.
O excesso da população do globo, que duplica a cada década, o
lixo descartável, os dejetos dos esgotos despejados nos rios e oceanos, o
subsolo do mundo afora repleto de restos de animais e cadáveres, as fossas
sépticas das imensas metrópoles e cidades, muitas a céu aberto, enfim, os
próprios hospitais infectados, tudo deve ser levado ao diagnóstico sobre o ar
pestilencial que respiramos. Um descuido aqui outro acolá pode levar o planeta
a uma pandemia, porque a ciência médica não evolui na mesma proporção dos
desmantelos gerados pelo homem.
Se não forem redobrados os estudos, as pesquisas e os cuidados,
peço a Deus que não permita o surgimento da gripe canina, do vírus felino, da
virose da barata, como veio do rato a peste bubônica e chegou do mosquito a
dengue. O ser humano de hoje luta para superar as enfermidades comuns do seu
corpo (enfarto, câncer e segue-se uma lista interminável) e as
infectocontagiosas por agentes externos bem demonstram a tragédia comum da
carne – de que pouco somos neste circo e ciclo terrestres.
Sobre essas divagações, aceitem-nas ou não. Que cada leitor
reflita por si mesmo. Exercite o pensamento. O seu livre pensar. Necessitamos
nos apropriar da fonte sobre a certeza desses fenômenos, verdadeiros inimigos
invisíveis. Não devemos para sempre ser escravos dos permanentes temores. De
minha parte, já que não tenho a competência de julgar o mundo nem a ciência de
curar, é lógico, prefiro sondar as profundezas do Espírito Santo de Deus e
crescer na graça e nas palavras consoladoras de Nosso Senhor Jesus Cristo.
(*) Escritor.
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