Expresso Guanabara
20/11/2016
texto Gustavo Sobral e ilustração de Arthur Seabra
Natal-Fortaleza. A partida é impreterivelmente ao meio dia. Passageiros alcançam suas poltronas. É um tal de se acomodar e poucas vozes. De ponto indefinido, o rapaz no estilo, óculos espelhados, falante, anima uma conversa pelo celular ao ouvido de todos: Irmão, esse homi superou ela inda não? Relaxe, chegue nas áreas nas suas férias.
O motoristas presta os esclarecimentos para o andamento da viagem: fiquem de posse dos seus pertences e avisa a dinâmica das paradas.
A primeira que se aponta é em Lajes, logo depois que se avista o Cabugi aprumado para o céu. Churrascaria Chimarrão. O esquema é sirva-se a vontade e pague tanto. E desfilam pratos com altura de invejar o pico, camada de arroz, camada de macarrão, monte de macaxeira e a carne enfeitando por cima, o copo de suco vem pela boca.
E tem cafezinho. A menina apresenta duas xícaras, uma pequena outra grande e explica: tem assim ou assim. É o negócio tem que ser ligeiro, 20 minutos de parada sem mais.
O caminho é paisagem, cidades vão passando na beira da estrada entremeadas por longos vazios de mato, pedra e terra aqui e acolá e, quando se vai chegando Açu, desfilam fábricas de tijolos fumegando e bueiros. O ônibus segue.
Acabou-se essa história de ônibus com janela. Agora o negócio é na vidraça, por ela desfila a paisagem que surge e passa no ritmo do seu levar, o ônibus vai dançando, um lado, outro, um lado, outro, sobre o asfalto, depois das quatro da tarde o sol brilha amarelo acompanhando o trajeto e apressando o dia que provavelmente vai se acabar quando for noite em Mossoró.
Você anda, anda e quando pensar que está perto está na metade do caminho. Mossoró não perde tamanho. Se Lampião ousou ao invadir cidade que tinha igreja com torre, sinônimo de cidade grande, Mossoró já cresce em edifícios que já se vê na paisagem distante. Mais um par de horas e Fortaleza recebe à noite.
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