BECODALAMENSES JÁ EXISTIAM DESDE ANTES DO ROMPER DO SÉCULO XX
Eduardo Alexandre
Matéria publicada n'O Beco, circulando hoje pelo Beco da Lama, durante a festa de 21 anos da SAMBA
A foto, que eu acredito pode ser de Bruno Bourgard, está entre 1911, data de início do funcionamento dos "electricos" em Natal, e 1913, data de sua publicação.
Em 1845, o presidente Sarmento mandou destocar a área de depois da Rua Nova, mais tarde Avenida Rio Branco, rumo aos morros de antes das praias salgadas.
Na foto já secular, cidade ainda sem serviços de saneamento, a água servida escorre das duas esquinas da Rua Voluntários da Pátria para a praça do padim João Maria.
A rua das nobres moradas era a Vigário Bartholomeu, antiga Rua da Palha.
E o casario descia à direita pelos caminhos em busca da água do Riacho Tissuru, Baldo; cidade também se expandindo à esquerda, descendo a Rua da Cruz para a Rua da Alfândega, onde se sonhava porto.
O Beco da Lama era fundos de casas da Rua da Palha e da Rua Nova, por onde escorria a água servida das residências dali.
Nos fundos das casas, afazeres domésticos, varais, brincadeiras de meninos. Um simples beco que via uma cidade nascer.
O cruzamento da Rua da Palha com a Ulisses Caldas viria a ser o ponto refinado dos ajuntamentos sociais, o Royal com cinema mudo e orquestra ao vivo animando as sessões; o Café Majestic em frente, recebendo a confraria do modernista Jorge Fernandes.
Dizia Cascudo que os amantes do violão eram os insubstituíveis naqueles tempos de noites escuras, festejada a luz da lua em serenatas pelas calçadas da província.
O que era Natal até antes da Guerra?
Cidade pequena, lenta, poucos bairros a contar; em função de alfândega, porto, comércio de atacado e varejo de exportação e importação, prestação de serviços, a Ribeira torna-se de maior importância e aglomerações em busca de conversas, novidades, passatempo se fazem no cruzamento da Avenida Tavares de Lyra com Frei Miguelinho e Doutor Barata, onde tinha sede o Banco do Brasil e havia comércio próspero. Esquina do Mundo.
Por ali, também, rondava a boemia.
Boemia que fora também e sempre, exercida pelos becos da Cidade Alta, o Beco da Lama, sempre o rei dos becos, o maior do mundo, pai de todos os becos e ruas e avenidas do mundo, vastos fundos por ondem escorrem as peraltices dos traquinas, os que aprontam, não sossegam, até nas noites sem luar ou segurança perambulam perambulam perambulam
Na verdade, ninguém vai acreditar: na verdade, na verdade, o beco é o pai da cidade. A Ribeira sossegou e tudo voltou pra cidade, a Cidade Alta, antiga Cidade do Alto, onde houve um Grande Ponto, café de cachaça e bilhar, de onde partiu Natal para ser o que é hoje, bem além do Beco, Natalópolis.
Eduardo Alexandre
Matéria publicada n'O Beco, circulando hoje pelo Beco da Lama, durante a festa de 21 anos da SAMBA
A foto, que eu acredito pode ser de Bruno Bourgard, está entre 1911, data de início do funcionamento dos "electricos" em Natal, e 1913, data de sua publicação.
Em 1845, o presidente Sarmento mandou destocar a área de depois da Rua Nova, mais tarde Avenida Rio Branco, rumo aos morros de antes das praias salgadas.
Na foto já secular, cidade ainda sem serviços de saneamento, a água servida escorre das duas esquinas da Rua Voluntários da Pátria para a praça do padim João Maria.
A rua das nobres moradas era a Vigário Bartholomeu, antiga Rua da Palha.
E o casario descia à direita pelos caminhos em busca da água do Riacho Tissuru, Baldo; cidade também se expandindo à esquerda, descendo a Rua da Cruz para a Rua da Alfândega, onde se sonhava porto.
O Beco da Lama era fundos de casas da Rua da Palha e da Rua Nova, por onde escorria a água servida das residências dali.
Nos fundos das casas, afazeres domésticos, varais, brincadeiras de meninos. Um simples beco que via uma cidade nascer.
O cruzamento da Rua da Palha com a Ulisses Caldas viria a ser o ponto refinado dos ajuntamentos sociais, o Royal com cinema mudo e orquestra ao vivo animando as sessões; o Café Majestic em frente, recebendo a confraria do modernista Jorge Fernandes.
Dizia Cascudo que os amantes do violão eram os insubstituíveis naqueles tempos de noites escuras, festejada a luz da lua em serenatas pelas calçadas da província.
O que era Natal até antes da Guerra?
Cidade pequena, lenta, poucos bairros a contar; em função de alfândega, porto, comércio de atacado e varejo de exportação e importação, prestação de serviços, a Ribeira torna-se de maior importância e aglomerações em busca de conversas, novidades, passatempo se fazem no cruzamento da Avenida Tavares de Lyra com Frei Miguelinho e Doutor Barata, onde tinha sede o Banco do Brasil e havia comércio próspero. Esquina do Mundo.
Por ali, também, rondava a boemia.
Boemia que fora também e sempre, exercida pelos becos da Cidade Alta, o Beco da Lama, sempre o rei dos becos, o maior do mundo, pai de todos os becos e ruas e avenidas do mundo, vastos fundos por ondem escorrem as peraltices dos traquinas, os que aprontam, não sossegam, até nas noites sem luar ou segurança perambulam perambulam perambulam
Na verdade, ninguém vai acreditar: na verdade, na verdade, o beco é o pai da cidade. A Ribeira sossegou e tudo voltou pra cidade, a Cidade Alta, antiga Cidade do Alto, onde houve um Grande Ponto, café de cachaça e bilhar, de onde partiu Natal para ser o que é hoje, bem além do Beco, Natalópolis.
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