MENDICÂNCIA SOCIAL E CULTURAL
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor
Não podia ser mais lamentável, depois do desânimo pela acachapante derrota do Brasil para
Alemanha = A Casa do Bem vai fechar as suas portas.
Li no JH o desabafo de Flávio Rezende: "Nós não temos carência de fazer
o bem. Temos carência financeira. Estou desistindo porque já me sinto
fragilizado".
Esse jovem
jornalista, há muitos anos, deu-se ao trabalho meritório de ajudar a sua
comunidade carente de Mãe Luíza e vinha mantendo esse seu ministério
social às custas da ajuda da população, fazendo promoções, convocando
intelectuais, desportistas e outras pessoas abnegadas para conseguir
manter as diversas atividades desenvolvidas pela Casa do Bem. Fui um dos
mais modestos colaboradores, mas não me omiti aos apelos do Amigo
Flávio, dentro das minhas possibilidades.
Contudo, esse gesto está a merecer uma meditação de todos - até quando
vamos aceitar que a atividade social, como igualmente a de natureza
cultural, continuem à mercê da mendicância!
Tenho sofrido algo semelhante na minha atividade junto ao Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, onde vivemos, também, de
verdadeira mendicância, formalizando apelos, pedindo ajudas constantes
aos associados e às pessoas de boa vontade, pois esta nossa centenária
Instituição pertence ao povo e à história do Rio Grande do Norte, como
maior fonte documental dos últimos três séculos.
No Instituto, além da falta de recursos, contamos com a inveja de
algumas pessoas frustradas na vida, que veiculam notícias mentirosas e
tendenciosas somente para diminuir os abnegados dirigentes, que ali
trabalham sem remuneração e, muitas vezes, tirando de suas economias
pessoais para não deixar perecer tão rico e importante acervo, sob o
comando dedicado do Presidente Valério Alfredo Mesquita.
Recentemente, uma colunista informou que "conhecido pesquisador"
alertara o Ministério Público para fiscalizar os mais de 1 milhão de
reais recebidos pelo Instituto em 2013. E penso eu, que qualidade de
pesquisador é essa, a merecer credibilidade de uma jornalista, quando em
verdade a única ajuda financeira pública recebida no ano passado pelo
IHGRN, foi de R$ 5.000,00, da Prefeitura de Natal, a qual já foi feita a
prestação de contas.
Este
ano, após desesperados apelos aos Parlamentares do Estado, conseguimos a
liberação de R$ 200.000,00 do Governo do Estado, através da Fundação
José Augusto, com o que estamos restaurando o prédio, comprando
mobiliário e preparando o levantamento do acervo, unicamente para melhor
servir aos pesquisadores e estudantes, observando o devido processo
legal.
Todavia, não
possuímos receita ordinária suficiente para o custeio da manutenção
básica, temos que batalhar muito, registrando, por inteira justiça, a
ajuda mais permanente das entidades Fecomércio e outras que compõem o
complexo da Federação da Indústria.
É preciso uma conscientização para a importância de se dar maior
atenção a esses organismos que primam pela melhoria da qualidade de vida
do povo, evitando a delinquência e pela cultura histórica do nosso
Estado, sem o que perderemos a identidade.
Há momentos de desânimo, somente superada pela união dos nossos poucos
colaboradores e pela admiração das pessoas que se valem do nosso acervo
para realizar suas pesquisas e estudos e que nos presenteiam com
exemplares de suas obras, dando continuidade à difusão das coisas
importantes do nosso Rio Grande do Norte.
Com muito sacrifício e com um amor ainda maior, estaremos em agosto,
possivelmente, reabrindo a Casa da Memória para desenvolvermos uma
programação marcante neste final de ano e dando posse a novos sócios,
verdadeiras sementes para a continuidade do nosso desiderato.
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