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11/07/2014

MENDICÂNCIA SOCIAL E CULTURAL
Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes, escritor

            Não podia ser mais lamentável, depois do desânimo pela acachapante derrota do Brasil para 
Alemanha = A Casa do Bem vai fechar as suas portas.
       Li no JH o desabafo de Flávio Rezende: "Nós não temos carência de fazer o bem. Temos carência financeira. Estou desistindo porque já me sinto fragilizado".
          Esse jovem jornalista, há muitos anos, deu-se ao trabalho meritório de ajudar a sua comunidade carente de Mãe Luíza e vinha mantendo esse seu ministério social às custas da ajuda da população, fazendo promoções, convocando intelectuais, desportistas e outras pessoas abnegadas para conseguir manter as diversas atividades desenvolvidas pela Casa do Bem. Fui um dos mais modestos colaboradores, mas não me omiti aos apelos do Amigo Flávio, dentro das minhas possibilidades.
        Contudo, esse gesto está a merecer uma meditação de todos - até quando vamos aceitar que a atividade social, como igualmente a de natureza cultural, continuem à mercê da mendicância!
         Tenho sofrido algo semelhante na minha atividade junto ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, onde vivemos, também, de verdadeira mendicância, formalizando apelos, pedindo ajudas constantes aos associados e às pessoas de boa vontade, pois esta nossa centenária Instituição pertence ao povo e à história do Rio Grande do Norte, como maior fonte documental dos últimos três séculos.
        No Instituto, além da falta de recursos, contamos com a inveja de algumas pessoas frustradas na vida, que veiculam notícias mentirosas e tendenciosas somente para diminuir os abnegados dirigentes, que ali trabalham sem remuneração e, muitas vezes, tirando de suas economias pessoais para não deixar perecer tão rico e importante acervo, sob o comando dedicado do Presidente Valério Alfredo Mesquita.
       Recentemente, uma colunista informou que "conhecido pesquisador" alertara o Ministério Público para fiscalizar os mais de 1 milhão de reais recebidos pelo Instituto em 2013. E penso eu, que qualidade de pesquisador é essa, a merecer credibilidade de uma jornalista, quando em verdade a única ajuda financeira pública recebida no ano passado pelo IHGRN, foi de R$ 5.000,00, da Prefeitura de Natal, a qual já foi feita a prestação de contas.
          Este ano, após desesperados apelos aos Parlamentares do Estado, conseguimos a liberação de R$ 200.000,00 do Governo do Estado, através da Fundação José Augusto, com o que estamos restaurando o prédio, comprando mobiliário e preparando o levantamento do acervo, unicamente para melhor servir aos pesquisadores e estudantes, observando o devido processo legal. 
         Todavia, não possuímos receita ordinária suficiente para o custeio da manutenção básica, temos que batalhar muito, registrando, por inteira justiça, a ajuda mais permanente das entidades Fecomércio e outras que compõem o complexo da Federação da Indústria.
          É preciso uma conscientização para a importância de se dar maior atenção a esses organismos que primam pela melhoria da qualidade de vida do povo, evitando a delinquência e pela cultura histórica do nosso Estado, sem o que perderemos a identidade. 
            Há momentos de desânimo, somente superada pela união dos nossos poucos colaboradores e pela admiração das pessoas que se valem do nosso acervo para realizar suas pesquisas e estudos e que nos presenteiam com exemplares de suas obras, dando continuidade à difusão das coisas importantes do nosso Rio Grande do Norte.
              Com muito sacrifício e com um amor ainda maior, estaremos em agosto, possivelmente, reabrindo a Casa da Memória para desenvolvermos uma programação marcante neste final de ano e dando posse a novos sócios, verdadeiras sementes para a continuidade do nosso desiderato.

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