Nos meus longos anos de atividade
esportiva, mais especificamente no futebol recreativo – a pelada –,
convivi e presenciei algumas histórias que vez por outra aflora à
mente.
Na década de 1980, nosso grupo de
peladeiros ocupou, por obra e graça dos nossos amigos e também atletas, o
bom campo de futebol do ABC F.C., no bairro de Morro Branco.
Época em que alguns atletas que iam
deixando o futebol profissional se uniam ao grupo, enriquecendo mais e
mais o nível técnico da nossa confraria amadora. Lembro bem de Maranhão,
excelente meio de campo, ex-vascaíno; capitão Edson, grande nome da
zaga do time alvinegro; Soares, bom ponta esquerda, que deixou o
zagueiro lateral Fidelis da equipe do Vasco da Gama com a bunda no chão
no Estádio Machadão e muitos outros bons atletas. Recordo também da
inclusão do treinador do time mais querido na época, o paulista Clovis
Queiroz, que atuou como quarto-zagueiro no timão do Corinthians
Paulista.
Certo sábado, na resenha pós pelada
(momento mais gostoso e convidativo), o papo recai sobre o tempo em que
Clóvis atuou no timão paulista; época dos grandes embates com a super
equipe do Santos, com o rei Pelé, Coutinho (1943-2019), Pepe, Mengálvio e
Cia.
Contava o quarto zagueiro do timão
paulista que, quando os times se defrontavam, a preocupação maior era em
cima da dupla de área do time Santista: Pelé e Coutinho.
Em um desses belos confrontos, jogo em
andamento, a defesa do timão batendo cabeça, procurando a todo custo
marcar os “negões” com suas rápidas e curtas tabelas na pequena área.
Perdidos nas jogadas, o defensor Clóvis Queiroz do timão grita
apavorado:
– Pega, pega, pega o negão!
Responde seu parceiro de zaga:
– Qual deles? Qual deles? Vai, vai, pega tu!
Passado o vexame e depois de conseguirem
se orientar, só viam os negões se abraçando e correndo com a bola
debaixo do braço para o centro do gramado.
Que saudade!!!
Berilo de Castro – Médico e Escritor – berilodecastro@hotmail.com.br
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