Uma conversa na FLIN sobre Miguelinho e Manoel Dantas,
com Edgar Dantas e Gustavo Sobral, que foi uma viagem ao passado.
A leitura de Gustavo Sobral você acompanha
Leiam Manoel Dantas e conheçam Miguelinho
Uma conversa na FLIN sobre Miguelinho e Manoel Dantas,
com Edgar Dantas e Gustavo Sobral, que foi uma viagem ao passado.
A leitura de Gustavo Sobral você acompanha aqui.
Leiam Manoel Dantas e conheçam Miguelinho
11/11/2017
Conversas na FLIN 2017, Tenda Moacy Cirne
Natal/RN, 11 de novembro de 2017.
Frei Miguelinho e Manoel Dantas, com Edgar Dantas e Gustavo Sobral
Leiam Manoel Dantas e conheçam Miguelinho
Por Gustavo Sobral
Um
certo guarda-livros pernambucano, Antonio Nobre de Almeida e Castro,
teve que vir à Natal resolver umas pendengas da firma em que trabalhava
no Recife. Veio no trem, e aquele tempo, os jornais noticiavam, está em A República: viagem de trem era o terror, os assentos quebrados, a caneca d´água furada. Imaginem.
Pois
Antonio Nobre fez esta viagem, a serviço, desceu aqui na estação da
Ribeira e tomou o endereço do advogado que poderia orientá-lo, e este
advogado era Manoel Dantas. Aqui, começa a história que, se não tivesse
acontecido, eu aqui não estaria.
Manoel
Dantas, ocupadíssimo com outras causas e demandas, recomendou ao
guarda-livros que procurasse, para resolver a questão, o também
advogado, Manoel Hemetério Raposo de Melo, que morava aqui na Rio
Branco, 41. Antonio Nobre foi bater a casa do Manoel Hemetério e quem
lhe abriu a porta foi a filha de Hemetério, a jovem Maria Elisa, pela
qual Nobre se apaixonou à primeira vista. Casaram em 1902.
Não
fosse a cabeça fervilhante e ocupada de Manoel Dantas, este casal não
teria se encontrado e a minha avó, filha deles, não teria nascido, e por
tabela eu aqui não estaria para contar esta história: a história de Manoel Gomes de Medeiros Dantas.
Manoel Dantas foi
uma inteligência. Nasceu em Caicó/RN, em 26 de abril de 1867 e faleceu
em Natal, 15 de junho de 1924. Estudou Direito em Pernambuco, na
Faculdade do Recife, a mais próxima que havia, e se formou em 1890, a
muito custo.
Há
uma passagem narrada, acredito que por Juvenal Lamartine, que é um
traço do homem: sem recursos para adquirir uma coleção de livros cujo
autor era o jurista Clovis Beviláqua e julgando a preciosidade do
material, comprou cadernos e passou dias e dias na sala da biblioteca
copiando em caligrafia perfeita a obra magistral.
Formado,
andou pelo Rio Grande do Norte, promotor em Jardim do Seridó e Acari.
Instalou a justiça federal no RN, foi juiz, diretor de instrução
pública, deputado estadual, procurador do estado e professor de
geografia do Ateneu. Construiu uma grande biblioteca, atualizadíssima,
inclusive, com revistas francesas, hoje no acervo do IHGRN. Sabia
encadernar livros com perfeição e nas estantes do IHGRN encontram-se
estas obras-primas.
Foi jornalista. E jornalista completo. Juvenal Lamartine dele disse: “é a mais completa organização jornalística do Rio Grande do Norte”.
E
de tão completo foi até fotógrafo e no tempo que a fotografia era coisa
mais que difícil, tinha que se mandar revelar em Paris. Fotografou
Natal, o casario e as cerimônias cívicas, documentando um tempo, o seu.
Deixou história e geografia que se consultam até hoje, publicadas nos
jornais que fundou (Diário de Natal e O Estado) e nos que editou (O Povo em Caicó e A Republica em Natal).
Editor,
articulista, cronista, redator. Foi tudo. É José Augusto (Bezerra de
Medeiros) quem diz: “poeta, conteur, historiador, advogado, jurista,
pedagogo, político, tribuno, jornalista, sobretudo, jornalista...” (Rio,
1941). E foi pelos jornais que narrou um sonho e escreveu a lenda da cidade do Natal.
Ele mesmo conta como tudo aconteceu. Natal nasceu da lenda: quando o
anjo, no alto da duna, diante de Mascarenhas Homem, disse: surge e
levanta!
Osório
Dantas, seu filho, perguntou a Cascudo: Cascudinho, que história de
lenda é esta, existiu mesmo? E Cascudo prontamente respondeu: menino,
cale essa boca, essa lenda saiu do quengo de Manoel Dantas!
Foi
na revista do IHGRN, do qual foi fundador e redator, que publicou além
da nossa história e geografia, os traços biográficos de Miguelinho,
revolucionário de 1817. Um trabalho singular que sai na edição de 1907 e
que reproduzimos ipsis litteris (até no design gráfico) nesta edição
comemorativa, número 95, ano 2017. Agora, convido MD para esta conversa e
pergunto: Manoel Dantas, quem foi Miguelinho? A resposta está na revista, que a gente não conta para que todos leiam MD e conheçam Miguelinho por MD.
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