RELEMBRANDO O PAX CLUB II
Valério Mesquita*
O Pax Club teve de 1950
a 1995 quatro fases distintas. De 1950 (data da construção do prédio pelo
prefeito Luiz Cúrcio Marinho) até 1960 pontificaram os fundadores e diretores,
tais como, Francisco Falcão Freire, Aguinaldo Ferreira da Silva, Alfredo
Mesquita Filho, Severino Aleixo, Enock Garcia, João Fagundes, José Maciel,
Raimundo Barros Cavalcante, Nestor Lima, Gutemberg Marinho, Aldo Tinoco e
tantos outros. De 1960 a 1970, foi a época da Associação Pax Club fundada por
mim, Tasso Cordeiro, Vinicius Madruga, José Almeida, Francisco Francilaide
Campos, Jorge Jonas de Lima, Eudivar Farias, Edílson Bezerra, Silvan Pessoa e
Batista Pinheiro. Vieram, posteriormente, as gestões dos dois últimos
presidentes: Francisco das Chagas Souza e Rinaldo Spinelly Mesquita. Com o
tempo, surgiram as modificações nos costumes, o desinteresse pela vida social,
até que, no início dos anos noventa o clube social foi transformado pela
prefeitura em Centro de Convivência, espécie de miniteatro, ideal para
reuniões, formaturas, etc. O prédio, porém, apesar de algumas modificações
internas, não perdeu sua arquitetura externa original. Não podemos deixar de
fazer uma evocação às figuras populares que trabalharam no Pax, ao longo de
todo esse tempo. Músicos, garçons, cobradores entre outros, fizeram o lado
humano e musical da Instituição. MÚSICOS: Pereira e Jessé (piston), Rei e
Ronaldo (trombone), Banga (bateria), Belchior (banjo), Chicózinho (cavaquinho),
Ailton Feitosa (violão), Cícero Galante (sax), Neif Nasser e Edvan (sax),
Geraldo Paixão (contra-baixo), Tião (surdo), Bastinho (pandeiro). De Natal,
destaque para o Conjunto de João Martins, Orquestra de Jônatas Albuquerque,
conjunto The Jetsons, etc, etc.
GANÇONS: Luiz Bicho
Feio, Tota Passarinho, Antônio Paulino, Geraldo de Doca, João Cabeção, deram
porre em muita gente, liderados pelos diretores José Amâncio e Raimundo Nonato
Cavalcante (vulgo “Fiscá Fuleiro”). COBRADORES: Foreca, Chico Duzentos,
Vagareza Batista Fonseca, sofreram muito na cobrança das mensalidades,
principalmente com os sócios renitentes que lhes impunham verdadeiros
“esculachos” quando visitados.
No início de 1963,
Aluízio Alves era o governador. Em Macaíba a minha família era oposição. Eu
tinha 21 anos e a diretoria do Pax decidiu que eu fosse procurá-lo nas audiências
públicas com um
pedido redigido, de apoio financeiro para a construção
de uma quadra de esportes nos fundos do Pax. Cheio
de dúvidas, subi as escadas do Palácio Potengi e me quedei no salão dos “Despachos”
aguardando com outros a minha vez. Lembro-me que me identificaram como filho de
Alfredo Mesquita, ex-deputado. Aristófanes Fernandes, seu ex-colega de Assembleia,
vez em quando me lançava um olhar de esgueira. E também, Agnelo Alves, chefe da
casa civil, que transitava muito entre os circunstantes. Isso aumentava minha ansiedade.
Vou ser expulso daqui sem mais demora, pensava comigo mesmo. Ao cabo de algum
tempo, de repente, surge o governador e Agnelo com ele, papel à mão,
indigitando a Aluízio os presentes. Quando chegou a minha vez, cumprimentei o
governador, identifiquei-me e entreguei o documento. Aluízio leu rápido. Alguém
lhe deu um bloco pequeno e olhando pra mim, perguntou: “Você sabe onde é a
SUTERN, a Superintendência de Turismo e Esportes do RN? Conhece Ruy Paiva?
Entregue-lhe isto”. Agradeci achando que fora atendido. Ao sair do Palácio, a
curiosidade me alfinetava. Li o bilhete do governador. E bem ali, na rua da
Conceição, perto do museu Café Filho, entreguei o bilhete a Ruy Paiva, velho
pessedista. Leu a ordem, sapecou um talão de cheques e me entregou, mediante
recibo, duzentos mil cruzeiros. Em Macaíba, radicalizada pela luta do verde e
do vermelho, ninguém acreditava. Com essa ajuda a quadra foi concluída e
inaugurada. Aluízio, convidado, passou-me um telegrama e se fez representar por
Mônica Dantas, então prefeita e Alfredo Mesquita, ex-prefeito. Uma breve e
passageira paz pública. A partir daí, passei a admirar o governador cujo gesto
superior neutralizou as questiúnculas políticas.
(*) Escritor.
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