LÚCIA HELENA PEREIRA, que é conhecida como a “POETA DAS FLORES”, tal o seu amor a essas criações da natureza, tal a tessitura dos seus poemas, cheios de beleza e dos achegos dos bogaris, dos jasmins e das açucenas.
É uma poética dos sentimentos e dos sentidos. No primeiro caso, porque a poetisa vive – suspira, ama, sofre – e se transporta para cada um dos seus escritos. No segundo, porque os sentidos dos leitores são capazes de perceber a mensagem transmitida como manifestação de uma energia condensada exposta em cores e aromas, como nas flores. [...] Acostou-se timidamente aos astros e estrelas, meio sem jeito, porque não se achava iluminada para brilhar com luz própria. Mas tentou, ousada que é, e perseverou. [...] Mantém o lirismo plangente, a delicadeza dos temas, o intimismo, a celebração da natureza, mas expurgou a métrica e a rima, num gesto de rebeldia e espírito libertário. Pois é criatura que precisa de muito espaço – alguma coisa que se assemelhe ao vale verde da infância – e de expressão desabrida, espontânea, franca, características que não podem ser contidas pela rigidez da metrificação, nem pela submissão às rimas. Nem por isso, perde a sua poesia em essência e em encanto. Acaso a perdeu Adélia do Prado, Marise de Castro, Diva Cunha? Por que só falei de mulheres? Se sou machista ou segregador? Nada disso. Tanto que usei a expressão “poeta” ao invés do discriminador “poetisa”. É que apesar dos maravilhosos poetas masculinos, reconheço na poética feminina um calor e um afago sem precedente dentre os homens. Elas têm um útero e são o centro do universo. O coração feminino só é comparável às suas próprias lágrimas, mais santificadas no sentimento da concepção e do abandono. A tristeza é fêmea, a lágrima também, a dor, a fidelidade. Já observaram que a maioria dos sentimentos flexiona-se no feminino? Lúcia é espaçosa – a sua generosidade, o seu espírito dadivoso e solidário a expandem. Não a fazem maior do que já é, mas ampliam o seu espírito e a duplicam numa só. De fato há duas Lúcias Helenas. Uma, que é espécie vegetal, floral. Outra que é colibri, libélula, que paira sobre as fundações planetárias, fixando-se em pleno ar, para melhor vê-las. Nesse instante de vôo, vê-se flor temporã intimorata, observa a sua criação, e a obra divina. E sua humana constituição se restitui. Ai descontrói-se, desmonta-se, pedaço por pedaço, chora a própria descontrução e depois ri-se do desperdício das lágrimas porque se sabe capaz de reconstruir-se sempre. Eis porque a sua poesia é feita de peças de demolição, um grande quebra-cabeças, um jogo de montar em que o brincante, à moda dos repentistas, tem de decifrar os seus motes, para concluir a glosa. Texto do Patrono da ACLA, Pedro Simões Neto. POEMAS DE LÚCIA HELENA PEREIRA A poeta é ocupante da Cadeira número 4 da ACLA QUERO ESTRELAS BRANCAS EM MEU VÉU AZUL Quero estrelas brancas em meu véu azul, Para entrar no céu, como anjo iluminado Que se embeleza nas nuvens! Quero estrelas douradas em meu véu de luz, Como noiva num deserto, coberta de sol e imensidão, Buscando oásis, palmeiras e um lindo corcel negro. Quero estrelas banhadas em meus rios luminosos, Rios da infância distante, Como o rio d´água azul do meu vale de infância! Quero estrelas de esmeraldas em meu véu-canavial, Para enfeitar o vale onde nasci, Entre engenhos, riachos e olheiros! Quero estrelas feitas só de sonhos, para este poema. Que elas brilhem sobre as pequeninas palavras E possam salvar a parte do universo triste e infeliz! Quero estrelas! Lindas! Brilhantes! Fulgurantes, Apenas estrelas, solitárias ou em cortejos de luz, Engrinaldando a coroa de LUZ dos meus olhos! CEARÁ-MIRIM, DE VERDE E LUZ O vale verde, sereno Vestiu-se de poesia, Com palavras de Adele, Juvenal e Etelvina, Dizendo coisas de amor Naquele chão canavial, Na hora linda de vespertina luz! Uma cidade histórica De imensos casarões Que o tempo não desfaz E onde as sinhás passeiam E os engenhos resistem com bueiros apitando As sinfonias do tempo Ceará-Mirim das Sinhás Das mucamas e das praças Com suas moças bonitas, Coronéis, almofadinhas, Todos tão inocentes, Sonhando beijos e beijando sonhos. O vale verde tem sua luz diáfana Iluminando tudo ao redor, Desde os rios cativantes, Aos degraus da Matriz com sua imponência e sedução. Ceará-Mirim da Academia Cearamirinense de Letras e Artes " Pedro Simões Neto", cujos patronos Representam nosso orgulho: Edgar Barbosa, Nilo Pereira, Meira e Sá, Madalena Antunes, Pedro Simões Neto, Juvenal Antunes de Oliveira e tantos outros, Abrilhantando a alegoria do cenário de luz Da inteligência de um povo! |
28/06/2015
JUSTA HOMENAGEM
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