ÊXITOS E PROBLEMAS DA FRUTICULTURA
Tomislav
R. Femenick –
Contador, Mestre em Economia.
No ano
passado as exportações realizadas pelo Rio Grande do Norte representaram 15% do
total de frutas vendidas pelo Brasil ao exterior. O fato tem sua importância
exponencialmente aumentada se levarmos em conta que essas frutas foram
produzidas nos vale dos Rios Mossoró e Assú, na região do semiárido; periférica
à caatinga nordestina. Esse quase milagre só tem sido possível graças ao
sistema de irrigação que é adotado pelos agricultores locais.
Outro grande
e relevante feito foi a recente 17ª EXPOFRUIT-Feira Internacional da
Fruticultura Tropical Irrigada, que teve lugar no final de setembro passado em
Mossoró. Esse evento reúne anualmente produtores rurais, empresários,
distribuidores, atacadistas, exportadores e importadores de frutas frescas
produzidas em solo potiguar e é resultado de uma parceria entre o COEX-Comitê
Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte, o SEBRAE-RN e a
UFERSA-Universidade Federal Rural do Semiárido. Em sua última edição, EXPOFRUIT
contou com a participação de delegações da Europa (Alemanha, França, Itália,
Holanda, Espanha, República Tcheca, Bélgica, Noruega e Rússia) e também dos
Estados Unidos. Devido à esperada realização de negócios na casa de R$ 20
milhões, o evento contou com a participação de expositores que ocuparam 300
stands; 180 de empresas nacionais e 70 de outros países.
Todavia o
cenário não é somente de bonança. Há um conjunto de fatores que pode ameaçar
essa conjuntura. O primeiro deles e o mais premente é a seca dos últimos anos,
que reduziu a oferta de água para irrigação das plantações; tanto a
disponibilidade nos leito dos rios, com a dos reservatórios e dos lençóis
aquíferos – água do subsolo que é captada por meio de poços. Outro problema
está ligado ao aspecto financeiro, dado que a produção de frutas exige
investimentos cada vez mais altos, em função da adoção de tecnologias
compatíveis com as exigências dos compradores estrangeiros. A isso deve ser
somada a esperada elevação das taxas de juros, tão logo passem as eleições.
O terceiro
percalço diz respeito à falta de incentivos governamentais e, por mais
contraditório que seja, a alta incidência de impostos que recai sobre a
produção e comercialização de frutas, num contrassenso inexplicável. Por
último, porém não menos importante, há o obstáculo da deficiência da
infraestrutura, principalmente no sistema viário para escoamento da produção.
Não é por acaso que grande parte das frutas produzidas no Rio Grande do Norte é
exportada pelos portos dos Estados vizinhos.
Todas essas
dificuldades, que não são novas, fazem com que os plantadores, distribuidores,
exportadores e todos os envolvidos na cadeia produtiva de frutas do RN tenham
noites de pesadelos constantes e repetitivos. Empresas locais, nacionais e
mesmo estrangeiras já abandonaram o agronegócio potiguar e o fantasma do
desemprego atinge os trabalhadores do setor.
O próximo
governo do Estado há que encarar todos esses problemas de frente, sem
tangenciar, sem postergar soluções, sem fazer figuração. Se a seca propriamente
dita não pode ser evitada, há ações que podem ameniza-la e devem ser tomadas:
aumentar a capacidade e o número de açudes e barragens, por exemplo. A redução
do alto custo financeiro e a isenção fiscal para os equipamentos com novas
tecnologias têm que ser discutidas e resolvidas nos escalões federais,
incentivos fiscais têm que ser concedidos pelo Estado e os gargalos da
infraestrutura viária têm que ser estudados e solucionados.
Os pioneiros
da agricultura irrigada no Rio Grande do Norte – José Rodrigues de Lima, Dom
Eliseu Simões Mendes, Tarcísio Maia, Humberto Mendes, José Nilson de Sá e
muitos outros – não desejariam que seu idealismo seja perdido pelo descaso e
inércia governamentais; muito menos o menosprezo pelo suor do trabalhador
rural.
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