Paris no início dos anos 1920
Elísio Augusto de Medeiros e Silva
Empresário,
escritor e membro da AEILIJ
elisio@mercomix.com.br
Com
o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o presidente americano Woodrow
Wilson ganha o Prêmio Nobel da Paz, foi promulgada em 1919 a Lei Seca nos
Estados Unidos e inúmeros americanos ricos foram para Paris. Surgiam as
indústrias de produtos de massa, o automóvel, o rádio e incrementou-se os
esportes populares.
A
capital francesa estava no epicentro do terremoto do pós-guerra – período que
os franceses chamavam de “os anos loucos” (Les années folles).
Para
o escritor F. Scott Fitzgerald foi a era do jazz, que simbolizava o
divertimento despreocupado da época.
Para
Gertrude Stein e Ernest Hemingway era a “geração perdida”, o dinheiro sobrava
no bolso da burguesia, que se apressava a gastá-lo desenfreadamente.
No
Boeuf Sur le Toit, bar noturno na Rive Droite, era o local que reunia o maior
número da elite artística de Paris. Romances entre escritores, artistas e
milionários começavam e terminavam nas noitadas frenéticas do Boeuf.
Pierre
Galante descreve essa época como “os anos loucos”, período em que os artistas e
escritores buscavam a glória e reconhecimento. As pessoas comuns buscavam o
prazer e alegria depois de terem vivenciado os horrores da Grande Guerra, que
afirmava terminar com todas as guerras.
Paris
acolhia todos que escreviam, pintavam, esculpiam, compunham... era a cidade da
alegria. Todos queriam fazer parte dessa nova era, onde o que não faltava era
prazer, diversão e criatividade.
A
sociedade parisiense reunia-se nos cafés, nos ateliês, cervejarias, corridas de
cavalo, teatro e nos saraus animados por boas conversas, músicas e amor às
artes.
As
mulheres passaram a usar fragrâncias extraídas de flores – rosas, violetas,
flores de laranjeira, jasmim ou de fontes animais.
Os
homens preferiam colônias Bay Rum ou Roger & Gallet. Chanel revolucionaria o
mundo dos perfumes com a sua fragrância denominada Chanel nº 5.
As
jovens francesas começam a usar os vestidos pretos, os suéteres e as saias
curtas plissadas de Chanel. Surgem as garçonnes,
as mulheres emancipadas com ar de menino, encanto unissex, que dançavam tango e
charleston, bebiam e fumavam em público. Usavam cabelos curtos de corte
masculino, gravatas e paletós de homem, cullotes, e vestidos soltos até os
joelhos numa peça única, sem mangas, e com franjas a charleston.
A
população tinha esquecido os “anos negros” da guerra. Os exilados exploravam os
encantos da cidade e aguardavam ansiosamente pelas novidades que apareciam a
cada dia.
Na
pintura surgiam nomes como Picasso, Modigliani, Braque e Marie Laurencin. Le
Corbusier oferecia novidades no campo da arquitetura. Stravinski e Ravel na música. Nijinsky e Diaghilev na dança.
Em
Paris, a livraria de Sylvia Beach era frequentadíssima pelos novos escritores.
Em
Montmartre e Montparnasse, o exilado Hemingway bebia e jantava com seu colega
escritor Henry Miller.
A
capital francesa era o pano de fundo para a arte e literatura do século vinte.
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