JALES COSTA
Jurandyr
Navarro
Do Conselho Estadual de Cultura
Inteligência lúcida, desempenhou Jales Costa cargo de superior
instância administrativa no Tribunal de Contas do Estado. Advogado militante,
ao longo dos anos, prestigiando, com seu saber jurídico e seu trabalho afanoso,
a Classe que defendeu e resguarda os direitos da Cidadania, nas nações tidas
como civilizadas.
No Governo Geraldo Melo exerceu o cargo de Procurador Geral do Estado e
se houve com serenidade, honradez e competência. Na docência da Universidade
Federal integrou o Departamento de Direito
Privado do Curso das Leis. Lecionou "Introdução à Ciência do
Direito", disciplina filosófica desta ciência social aplicada, dentre
outras disciplinas. Neste oficio pedagógico distinguido-se como dos melhores
docentes.
O estudo do direito aclara a inteligência e dá
asas à imaginação criadora.
Preleciona Jean
Girandorix:
"A melhor forma de exercitar a imaginação é
estudar Direito: nenhum Poeta já interpretou a natureza tão
livremente como um Advogado interpreta a Verdade".
Estudou, Jales Costa, Religião, no Curso que fez na ordem dos Irmãos
Maristas. Especializou-se em Literatura, em curso de pós-graduação
universitária.
Sensível às coisas do pensamento, não poderia
Jales Costa alhear-se dos deleites da leitura
das belas páginas literárias
Enfatiza o Padre Serttilanges no seu monumental livro "A Vida
Intelectual" que a virtude própria do
homem de estudo é a estudiosidade. E que tudo num intelectual, deve ser intelectual.
Disso infere Van Helmont:
"Todo estudo é estudo de eternidade".
O que complementa o preceito ditado por Santo Tomás de Aquino:
"Nunca deixeis de orar”.
Ainda sobre o estudo proferiu Platão, aconselhando colocar mais azeite
na lâmpada do que vinho na taça. E Bossuet levantava-se de noite para encontrar
o gênio do silêncio e da inspiração.
É que Jales apurou o espírito no
estudo e dele fez hábito, uma segunda natureza. E através
dele manteve aceso o cérebro de homem inteligente e ilustrado em Ciência e
Religião. Os homens cultos e de Ciência são raros, mormente
os de conhecimento geral, como é o
caso do nosso biografado, que se adentrou pelos seus vários ramos pelo estudo
diuturno, investigando as suas origens e consequências, entre os povos mais
diversos. A propósito disso comentou o grande jurista Pontes de Miranda:
"Não saiu a Ciência, inteira e perfeita,
dos espíritos de uma raça ou de uma civilização. Quem negará que a cultura
nacional, quanto aos elementos que a compõem, seja mesclada e sintética? Os
gregos tiveram mística, e nenhuma escolástica, dizia há mais de meio século
Walther Rathenau; tiveram ciência, porém não técnica. Os judeus, escolástica,
mas nenhuma pesquisa; os romanos, livre pensamento e técnica, porém não
ciência. Egípcios e chineses, técnica, mas nem pensamento livre, nem pesquisa,
nem mística interior. Ora, a contemporaneidade para chegar ao que conseguiu,
utilizou tudo isso; ou melhor, foi de tudo isso que surgiu a Ciência, que é o
balanço do que se verificou e do que não se verificou na vida e na experiência
dos homens. A Ciência precisa do saber de todos os lugares e de todos os
povos".
Abeberando-se no estudo dessas fontes foi que Jales Costa conseguiu,
pela estudiosidade refletida, apurar o seu espirito nas ciências dedutivas em
que brilham miríades de estrelas no firmamento das letras, do direito, da
música e da poesia, da história e da religião. Através desse prisma
especulativo e no campo teológico e filosófico discerniu o segredo da Esfinge
do saber, na sua área de atividade, ampliando a sua liberdade cultural. Tem
mais liberdade na vida quem mais sabe.
A Verdade te libertará, disse Jesus Cristo!
Jean Jacques Rousseau advertia no seu "Emílio", que cérebros
bem preparados são os monumentos onde com maior segurança se gravam os
conhecimentos humanos.
A cultura de Jales Costa é um amálgama da Fé com a Razão. Absorveu os
conhecimentos do Medievo e do Renascimento. Daí afigurar-se cristão humanista.
Outro mérito do, seu espirito atilado é a oratória concisa, seguindo o
pensamento de La
Rochefoucauld – “a eloquência autêntica consiste em dizer
tudo que é necessário, e nada mais que o necessário. Como repetisse La Bryère: - 'Se vous voulez
dire il pleut, vous direz seulement il pleut.”
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