04/06/2014

MUITO BEM DOUTOR DIOCLÉCIO



DIOCLÉCIO DUARTE


Jurandyr Navarro

Do Conselho Estadual de Cultura


Na política do Rio Grande do Norte a sua cultura sobrelevava-se às demais da sua época. Aluno de José Augusto nos bancos escolares do Atheneu e depois um dos seus mais lúcidos biógrafos. Foram correligionários políticos. Depois, adversários. No final de sua carreira pertencia as fileiras do Partido Social Democrático. Nesta agremiação política destacou-se, no Estado, Georgino Avelino, e no plano federal Juscelino Kubitschek, que chegou à Presidência da República. Quando Deputado pela bancada de Minas Gerais, este último recebeu aulas de Retórica de Dioclécio Duarte.

O ilustre político potiguar dominava vários idiomas inclusive o alemão, tendo sido Cônsul em Bremen.

Pertenceu à nossa Academia de Letras, instituição que honrou, possuidor que era de notável conhecimento humanístico. Conferencista e jornalista tendo exercido esta última atividade na imprensa carioca.

Notabilizou-se como Orador. E não só. Foi professor de retórica. As suas orações dispersas por jornais, revistas e nos Anais da Câmara de Deputados, dariam alentados volumes, se publicadas fossem.

Viveu envolto na mais alta sociedade cultural e política do Brasil do seu tempo. Sem favor credenciou-se como um dos maiores tribunos da nação brasileira. Mestre do impro­viso cuja eloquência se aproveitava dos motivos do momento.

Na política as paixões se exacerbam, por vezes, em demasia. Inexperiente, o políti­co na tribuna será presa fácil das armadilhas ardilosas. Dioclécio desde colegial preparou-se na assiduidade dos grêmios literatos que tomava parte. Nesse aprendizado educou o comportamento dialético. Adulto, já era velho marinheiro dos mares revoltos das escara­muças partidárias.

Dioclécio Dantas Duarte foi Deputado Federal e chegou a assumir, por pouco tempo, a Interventoria do Rio Grande do Norte, na década de 1940.

O grande potiguar não foi somente inteligência e cultura. O coração amava o Bem, o Belo e a Verdade.

Disse o imortal Rui Barbosa: “Três âncoras deixou Deus ao homem: o amor da pátria, o amor da liberdade, o amor da verdade. Cara nos é a pátria, a liberdade mais cara; mas a verdade mais cara que tudo. Pátria cara, carior Libertas. Veritas caríssima. (Lieber, Reminiscences, p.42). Damos a vida pela pátria. Deixamos a pátria pela liberdade. Mas a pátria e a liberdade renunciamos pela verdade. Porque este é o mais santo de todos os amores. Os outros são da terra e do tempo. Este vem do céu, e vai à eternidade".

Esta a filosofia política que deve ser adotada por todos aqueles que dedicam a vida à nobre arte de governar.

Dioclécio Duarte tornou-se famoso pela eloquência elogiada e por tal adquiriu glória imorredoura, porque a oratória imortaliza. Disse-nos Plutarco, grego nascido em Queronéia, que "a glória da Retórica de Cícero permanece".

Afirmou Agripino Grieco que as orações de Demóstenes eram "perfeitas como os
mármores de Fídias", contendo a beleza da eloquência jônica.    

Dioclécio Duarte não chegou a essa perfeição, na tribuna, porém a sua palavra ma­ravilhava plateias. Dividiu o troféu da nobre arte com os melhores da Potiguarânia.

Surgida na Grécia, a retórica aflorou no meio social para auxiliar as causas populares através as sessões do juri. Daí, a presença invitável do orador. Depois, em Roma, a oratória iria ser o instrumento verbal indispensável, também, às questões do Direito.

Com o tempo, a tribuna iria servir à Política, à Religião e à Cultura em geral.

Em todos esses círculos da sociedade potiguar, foi ouvida a palava eloquente do talentoso natalense chamado Dioclécio Duarte. Político dos mais influentes do seu tempo.

Como jornalista a sua pena foi sempre brilhante. Muito escreveu na imprensa do Rio de Janeiro.

A sua cultura literária, cingiu-lhe a iteligência, com uma coroa dourada, prêmio merecido a um intelectual de renome.

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