CASA DA MEMÓRIA (*)
Por GUSTAVO SOBRAL
Seu estilo é neocolonial, erguido em 1906, Cidade Alta, Natal/RN, bem vizinho à igreja matriz. Suas janelas desaguam na calçada, que a estrutura elevada da rua ditancia do res do chão. Passa pela casa o vento e a luz que as suas janelas abertas confiam, marca do transitório no perene registro da história que a casa guarda em objetos e livros. Coisa que a gente antiga classificaria cacareco, que a nova implicaria velharia, e que a história marcou como registro do tempo. Numa escrivaninha o primeiro telefone da cidade que não mais liga. Nas paredes do salão retrato de toda gente que fez a história do Rio Grande do Norte e daquela casa estão lá assinalados, Cascudo e toda sucessão de personalidades potiguares. A casa da memória é o depósito do tempo. Casa museu e casa biblioteca, serve aos estudantes para pesquisa, e serve ao turista como reunião de preciosidades.
O pelourinho da cidade onde açoitavam escravos, a Coluna Capitolina presente do governo italiano, tudo que foi memória tudo que faz história alí está. Reza que não era lenda Cascudo descer a Junqueira Aires a caminho de casa levando documentos para compor capítulos e mais capítulos com tudo que escreveu; reza que não é lenda que ali se reuniam e se reúnem intelectuais para narrar a história em discursos, palestras, encontros, ou no silêncio do arquivo histórico na pesquisa a documentos da colônia, do império do tempo do não mais para assim contar, dizer e escrever a história da cidade e a história do Rio Grande do Norte. Ao Instituto, a memória do Rio Grande do Norte é tributária. Tudo conta, nada perece. Jornais antigos, fotografias, relíquias, documentos raros. A primeira pia batismal da cidade ali se vê calada na sala, os paramentos do primeiro bispo. A memória está ali guardada.
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(*) A casa: Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, depósito do tempo.
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