22/07/2016


RELEMBRANDO O PAX CLUB I
Valério Mesquita*

Macaíba, nas décadas de vinte, trinta e quarenta foi uma das cidades de intensa vida social no Rio Grande do Norte. Viveu sua fase áurea da sociedade elitizada, organizada tradicionalmente em um clube, onde a chamada nata se divertia ao som das valsas, boleros, tangos, fox, sambas, etc., como hoje não se vê mais.
Em julho de 1950, surgiu o Pax Club, construído pelo então prefeito Luiz Cúrcio Marinho, localizado no parque governador José Varela, às margens do rio Jundiaí. Ao longo de vinte anos esse tipo de aglutinação social subsistiu. Em Natal, por exemplo, se acabaram antes o ABC, o Aeroclube, e o América como sodalícios. Algum tempo depois, o Pax Club também sucumbiu à desagregação dos hábitos sociais que começaram na década de setenta, pela modificação dos costumes, da música, do comportamento humano, etc.
Fui presidente do Pax Club durante um bom tempo de minha juventude. Com uma plêiade de companheiros, realizamos festas memoráveis nos anos sessenta, que marcaram época e ainda hoje são lembradas pelos daquela geração. Não poderia narrar nenhum fato pitoresco desse tempo maravilhoso, sem mencionar Francilaide Campos, Tarso Cordeiro, José Almeida, Eudivar Farias, Francisco Ribeiro, Edílson Bezerra, Adelfo Oliveira, Emídio Pereira, Raimundo Onofre, Bridenor Costa Júnior, Chagas Souza, José Amâncio, Walter Ferreira, Jorge Jonas, entre tantos outros.
O Pax Club, para veicular as suas promoções e eventos, possuía um serviço de amplificadora cujo locutor, com voz empostada, assim proclamava o seu inefável prefixo: “Serviço de divulgação da Associação Pax Club, falando do sodalício tradicional e elegante da cidade, diretamente do aprazível recanto do parque governador José Varela”. Eram duas bocas de ferro presas a um imenso pé de eucalipto, perto da ponte.
Aqui vai uma de suas primeiras estórias pitorescas.
O prefalado serviço de som mantinha em sua programação o quadro musical, intitulado “Data Querida”, que objetivava parabenizar os aniversariantes e diversas músicas oferecidas pelos namorados.
Às vezes, a turma gostava de “gozar” algumas figuras interessantes da cidade e dessa feita foi o motorista de praça Zé Cearense, asmático, marido de uma mulher hiper ciumenta, que residia à rua professor Caetano, bem embaixo dos altofalantes.
Com o “motorista” na praça e sua terrível mulher na calçada, saiu a seguinte “oferta musical”, pronunciada pela voz pausada e cheia de Durval Lima: “Alô, alô, Zé Cearense, escute essa página musical que um alguém das iniciais M.D.O., que ainda lhe ama e quer, oferece na voz de Orlando Dias, “Tenho ciúme de tudo””. Nem precisa dizer, ao ouvir a oferenda, o que aconteceu. Nos seus cem quilos bem pesados, a mulher de Cearense dirigiu-se à praça, sob os olhares de todos, aplicou-lhe uma chave de braço e o botou pra dormir, não sem antes, é claro, dá-lhe uns safanões. Depois, a irada mulher foi ao Pax Club tomar satisfações com Durval Lima, o locutor de plantão. Por via das dúvidas, o nosso Durval já havia retirado do ar apressadamente o serviço de som e se mandado pra casa com o pedido pronto de demissão da amplificadora. Constatou que era uma atividade de alto risco...
De outra feita, na missa do domingo na igreja matriz, o padre Alcides, irritadíssimo pelo comportamento dos diretores, desfechava adjetivos mil contra o Pax Club para um público silente e hipnotizado. Uma conhecida noiva de um diretor, revoltada com o que ouvia, quando se retirava em protesto, pelo meio da igreja, o sacerdote, sentindo a reação e flagrando o curto decote do vestido da mulher, fuzilou sem apelação pelo microfone; “E para onde vai essa barata descascada?”. Foi o fim.


(*) Escritor. 

21/07/2016


EM DIA COM A ACADEMIA Nº 19 DE 21-7-2016
Cuidando da Memória Acadêmica

CERIMONIAL

DIA 21 DE JULHO (   QUINTA-FEIRA)

19h30
Entrada Cerimonial dos Acadêmicos  e  Acadêmicas para o início da Solenidade

Posse do poeta  JARBAS MARTINS, como  quarto  sucessor da cadeira Nº 20, eleito 15 dezembro 2015  que tem como  Patrona  Auta de Souza, Fundadora Palmyra Wanderley,  sucessor 1 Mário Moacyr Porto, sucessor 2 Dorian Jorge Freire, Sucessor 3  José Hermógenes de Andrade Filho, seu último ocupante. 
                  

Orador:
Acadêmico Manoel Onofre Júnior


Comissão de Recepção:

Acadêmica Diva Cunha
Acadêmico Nelson Patriota
Acadêmico  Paulo de Tarso

    
  Comissão: Para impor as vestes  e insígnias acadêmicas no novo imortal

Acadêmica Sônia Faustino
Acadêmico João Batista Cabral
Acadêmico Armando Negreiros

                                         Acadêmica  Leide Câmara
                                          Secretária Geral

20/07/2016


Sobre Cícero (I)
À semelhança do que fiz nas duas últimas semanas, hoje vou tratar de mais um grande jurisconsulto romano, talvez o maior deles, pelo menos sob o olhar multifacetado e misturado do direito, da filosofia e da política, cuja vida e obra iluminou domínios que estão bem além das fronteiras estritas do direito. Falo de Cícero (106-43 a.C.).
Cícero – Marco Tullio Cicero, esse era seu nome completo em latim – nasceu em uma rica e culta família de aristocratas romanos, da ordem “equestre”, no ano de 106 a.C., em Arpino (“Arpinium”, em latim), pequena comuna da região do Lácio italiano, que dista pouco mais de cem quilômetros de Roma. Desde cedo, em um ambiente culto e politizado, Cícero foi educado na língua, na literatura, na história e na filosofia dos gregos (o que terá uma imensa influência na composição de sua futura obra). Aluno brilhante, no direito foi pupilo de Quinto Múcio Cévola Áugure (falecido, provavelmente, em 88 a.C.), um dos grandes juristas de então. Além de advogado praticante e jurista, Cícero foi poeta, orador, historiador, estadista, filósofo político e outras coisitas mais. Foi casado, em primeiras núpcias, com Terência, com quem teve dois filhos, Túlia e Cícero, o jovem (que terá também seu papel na história romana, embora bem menor que o do pai). Tinha seus defeitos – a vaidade e uma certa hipocrisia entre eles, certamente –, como todo grande homem os tem. Foi vítima de um assassinato político, sob as ordens de Marco Antônio (83-31 a.C.) e com o consentimento de Otaviano (63 a.C.-14 d.C.), em 43 a.C.
A vida pública de Cícero – que transcorreu em tempos difíceis, entremeados de ditaduras, revoluções e guerras civis – foi riquíssima, sendo quase impossível resumi-la aqui. Seu primeiro cargo público parece ter sido o de questor (uma função administrativa, com a responsabilidade de cobrar impostos, que não fazia parte da alta hierarquia burocrática de então). Embora não vocacionado nesse aspecto, serviu militarmente sob os comandos de Pompeu Estrabão (135-87 a.C.) e Sula (138-78 a.C.). Iniciou sua brilhante carreira de advogado provavelmente no início dos anos 80 a.C. Partiu para um primeiro período de exílio durante a ditadura de Sula. Voltou à cena política romana com a morte do ditador. Em 63 a.C., foi eleito cônsul, exercendo esse mais alto cargo da hierarquia política romana com grande destaque. Durante seu consulado, reprimiu a conspiração, contra a República e contra ele próprio, liderada por Catilina (108-62 a.C., objeto das “Catilinárias”, conjunto de discursos que será adiante referido). Ficou de fora da aliança entabulada por Crasso (114-62 a.C.), Pompeu Magno (106-48 a.C.) e Júlio César (100-44 a.C.), conhecida como o “Primeiro Triunvirato”, quando poderia ter sido, se não tivesse recusado, o “quarto” cogovernante. Restou ao lado de Pompeu na guerra civil contra Júlio César. Apoiou Marco Júnio Bruto (85-42 a.C.) na sua conspiração contra Júlio César. Foi o principal opositor de Marco Antônio. Padeceu, de modo cruel e humilhante (teve sua cabeça arrancada para exibição pública), a mando de Antônio, que, à época, dividia o poder com o jovem Otaviano (e com Lépido), no que restou conhecido como o “Segundo Triunvirato”.
Cícero é autor de inúmeros discursos e textos, mais do que qualquer outro autor latino, que chegaram até nós (coisa de uma centena, acredito). Suas perorações como advogado em defesa dos seus clientes, seus discursos políticos, seus escritos político-filosóficos e jurídicos, suas frases lapidares, passados mais de dois milênios da sua passagem fulgurante pela vida pública, são admiradas e repetidas até hoje. Entre seus discursos estão exemplos de retórica como “In Catilinam” (as famosas “Catilinárias”, contra Lucius Sergius Catilina, de 63 a.C.), as “Philippicae”, (ou “Filípicas”, contra Marco Antônio, de 44-43 A.C.) e até uma tal de “Pro Marcello” (“Em Defesa de Marcelo”, de 46 a.C.), que nunca tinha ouvido falar, mas desde já asseguro: Marcelo tinha toda razão. São também vários os tratados – sobre direito, filosofia, oratória, história e por aí vai – escritos por Cícero, tais como “De Oratore” (“Sobre o Orador”, de 55 a.C.), “De Re Publica” (“Sobre a República”, de 51 a.C.), “Brutos” (“Bruto”, de 46 a.C.) e “De Legibus” (“Sobre as Leis”, provavelmente de 52-51 a.C., possivelmente atualizado entre 45 a 43 a.C.). Isso sem falar nas suas cartas, direcionadas a figuras públicas – Pompeu Magno, Júlio César e Otaviano, apenas para dar alguns exemplos – e privadas, que são um dos mais confiáveis testemunhos sobre aquele período conturbadíssimo da história romana.
Desses títulos, por uma questão pessoal, vou destacar um: “De Legibus” ou “Sobre as Leis”, cuja redação provavelmente se deu nos anos de 52-51 a.C., mas que foi possivelmente retocado, pouco antes da morte do autor, entre 45 a 43 a.C. Sobre essa obra (que tem título e conteúdo perfeitamente ajustados ao direito em sentido estrito) e sobre o legado de Cícero para a ciência jurídica e para a filosofia política de modo mais amplo, doravante, resumidamente, escreverei. Mas isso, por manifesta falta de espaço aqui, será feito apenas na semana que vem.

Marcelo Alves Dias de Souza

Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL
Mestre em Direito pela PUC/SP

19/07/2016

A POSSE DE CASSIANO



  A ACADEMIA NORTE-RIO-GRANDENSE DE LETRAS ENGALANOU-SE NESTA SEGUNDA-FEIRA, DIA 18, PARA DAR POSSE AO SEU NOVO IMORTAL JORNALISTA CASSIANO ARRUDA CÂMARA


O EVENTO FOI PRESTIGIADO POR INÚMERAS AUTORIDADES, ACADÊMICOS/ACADÊMICAS, FAMILIARES E AMIGOS DO EMPOSSADO

 O PRESIDENTE DIOGENES DA CUNHA LIMA DIRIGIU OS TRABALHOS, COM A SECRETÁRIA LEIDE CÂMARA COM RÉGUA E COMPASSO

CANTADO O HINO DO BRASIL E
APÓS AS PROVIDÊNCIAS DE PRAXE, COMPROMISSO, LEITURA DO TERMO DE POSSE E COLOCAÇÃO DAS VESTES ACADÊMICAS, OUVIU-SE O PRIMEIRO ORADOR, JORNALISTA VICENTE SEREJO, PROFERINDO O DISCURSO DE SAUDAÇÃO AO NOVO ACADÊMICO

VISTA PARCIAL DO PRIMEIRO ORADOR ENTRE AUTORIDADES E ACADÊMICOS

COM A PALAVRA O NOVO IMORTAL CASSIANO ARRUDA CÂMARA, QUE TRAÇOU O PERFIL DO PATRONO DA CADEIRA 4 - LOURIVAL AÇUCENAFundador VIRGÍLIO TRINDADE,  sucessor 1 ENÉLIO LIMA PETROVICH, e sucessor 2 e seu último ocupante  AGNELO ALVES.
CASSIANO DURANTE O SEU DISCURSO


SOLENIDADE MARCANTE, SEGUIDA DE UM COQUETEL DE CONFRATERNIZAÇÃO.
PARABÉNS AO NOVO ACADÊMICO.

HOJE


Sobre Ulpiano
Na semana passada, escrevi aqui sobre o jurisconsulto Gaio (nascido antes do ano 120 d.C. e falecido por volta do ano 180 d.C., segundo as fontes mais confiáveis), autor, entre outras coisas, das famosas “Instituições”, obra que, como verdadeiro manual de direito privado e “livro de cabeceira” dos estudantes de então, fez dele o nosso “primeiro professor”.
Seguindo a mesma trilha, hoje trataremos de outro grande vulto do direito romano: o jurisconsulto Ulpiano, cujo nascimento teria se dado entre os anos de 150 e 170 (período que perpassa os reinados dos imperadores Antonino Pio e Marco Aurélio) e falecimento entre os anos 223 e 228 (no reinado de Alexandre Severo, seguramente), da era cristã, segundo informam as várias fontes que consultei.
Assim como se dá com Gaio, pouco se sabe com segurança sobre a vida civil de Ulpiano. É certo que ele nasceu na antiga cidade comercial de Tiro, situada na costa do que hoje é o Líbano, no seio de uma família da aristocracia (da ordem “equestre”) de então. Seu nome completo, em latim, era Eneo Domitius Ulpianus. Ele foi, segundo se registra, pupilo do famoso jurisconsulto Papiniano (142-212 d.C.). Foi rival de outro grande jurista, Paulo (que também viveu entre os séculos II e III da era cristã). Seus anos mais ativos como jurisconsulto vão de 211 a 222 d.C. Registre-se ainda que, além de jurista, Ulpiano foi historiador, demógrafo, grande economista e homem de Estado. Na política/administração romana, por exemplo, serviu sob os reinados de Sétimo Severo (como membro do Conselho deste), de Caracala (como “magister libellorum”, cargo também exercido pelo seu mestre Papiniano) e de Alexandre Severo (exercendo o importantíssimo cargo de prefeito pretoriano). Segundo a versão mais conhecida, Ulpiano foi assassinado, em Palácio, servindo ao Imperador Alexandre Severo, em meio a uma revolta envolvendo soldados e a população enfurecida.
Ulpiano é autor de muitos textos jurídicos, sempre claros e sistemáticos, que chegaram até nós, em fragmentos, sobretudo por intermédio do “Digesto” do grande imperador romano-bizantino Justiniano (483-565). Entre eles, bastante badalados são: “Ad Sabinum”, sobre o “ius civile” romano, composto de cinquenta e um livros; “Ad Edictum”, comentários sobre os éditos dos imperadores romanos de até então, composto de ao menos oitenta e um livros; “De Officio Proconsulis Libri”, uma sistematizada exposição do direito penal romano em dezenove livros; suas “Instituta”, obra dedicada ao ensino do direito; e por aí vai. No mais, muito conhecida do público em geral é a seguinte máxima de Ulpiano sobre o direito: “Iuris praecepta sunt haec: honeste vivere, alterum non laedere, suum cuique tribuere” (“São estes os preceitos do direito: viver honestamente, não lesar o próximo e dar a cada um o que lhe pertence”).
Entretanto, mais precisamente, o grande legado de Ulpiano está no fato de ele ter sido o primeiro pesquisador e sistematizador (dizem que ele não tinha a originalidade do seu mentor, Papiniano) em uma linha sucessiva de juristas que interpretaram e organizaram as outrora erráticas provisões do direito romano, transformando este (o direito romano) no “monumento” até hoje conhecido por suas qualidades de coerência e inteligibilidade.
Como aponta Robert Hockett (em “Little Book of Big Ideas – Law”, A & C Black Publishers Ltd., 2009), “de Ulpiano em diante, o direito romano restou conhecido pelo trabalho dos seus juristas comentadores, todos eles seguindo estilo de Ulpiano. Previamente ao estilo de comentários de Ulpiano, o direito romano era algo consideravelmente disperso, na forma de diversos princípios enunciados por juízes na decisão de casos concretos e de éditos 'ad hoc' de vários imperadores. Ulpiano está entre os primeiros a realizar um esforço sério no sentido de extrair princípios básicos de decisões judiciais e de éditos imperiais, com os quais ele sintetizou e sistematizou um arcabouço coerente de doutrina legal. Esse esforço não só facilitou o amplo entendimento e disseminação do direito romano desenvolvido até aquele momento, mas também ajudou a futura evolução sistemática desse direito, pois sua clarificação do direito existente tornou-se a base e guia para as futuras decisões judiciais e desenvolvimentos legislativos”.
Lembremos, por fim, que o grande “sistematizador” Ulpiano, assim como Gaio (referido no começo deste riscado), foi um dos cinco grandes jurisconsultos romanos cujas “opiniões”, segundo o disposto na “Lei das Citações” de 426, do tempo do imperador romano-bizantino Teodósio II (reinado de 408-450), deveriam ser “seguidas”, como “fontes” do direito romano, pelos magistrados nos casos em julgamento. E mais: sua sistematização do direito romano fez com que Ulpiano se tornasse – e talvez a história não conheça consagração maior para um jurisconsulto, romano ou não – o jurista mais citado no “Corpus Iuris Civilis” (no “Digesto”, mais especificamente), a mais perene compilação do direito romano, empreendida, no século XI de nossa era, pelo imperador Justiniano.


Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL
Mestre em Direito pela PUC/SP

18/07/2016

Texto enviado por WELLINGTON LEIROS



17 -  VOCALISTAS VOCACIONADOS
T R I O    M A R A Y A
  

1 – Behring de Campos Leiros;
2 – Marconi Campos;
3 – Hilton Acioli

O trio MARAYÁ foi formado em 1954, contando com Behring Leiros no tantã, Marconi Campos, no violão e Hilton Acioli, no afoché.

Inicialmente o Trio adotou o nome de Marajá e apresentou-se no programa da Sociedade Artística Estudantil, na Rádio Poti, em Natal..
Em 1956, durante a realização de um congresso da União Nacional dos Estudantes, UNE, em Natal, o conjunto foi convidado  a  ir ao Rio de Janeiro, onde alguns estudantes pretendiam criar um programa nos moldes do SAE.

Pouco antes de viajar para o Rio de Janeiro,o grupo adotou, por sugestão do professor e folclorista Luís da Câmara Cascudo, o nome de Trio Marayá.

No Rio de Janeiro, os jovens vocalistas conseguiram participar de diversos programas na Rádio Nacional, entre os quais, "Grande Show Brahma", "César de Alencar" e "Paulo Gracindo".

O grupo atuou, ainda, em diversas casas noturnas, sendo contratado, com exclusividade, para apresentar-se no Restaurante "Cabeça Chata", de propriedade do conhecido cantor de emboladas Manezinho Araújo.

Pouco depois, passou a atuar na Rádio e na TV Tupi. Por essa época, o conjunto foi convidado pelo cantor e compositor Luiz Vieira, que assistiu à participação do Trio Marayá na gravação de um disco de um cantor cearense na gravadora Copacabana, acabando por convidar o trio a apresentar-se  em seu programa de rádio, em São Paulo.

No programa de Luiz Vieira, na Rádio Record, interpretou o corridinho "Maria Fulô", de Luiz Vieira e João do Vale, e posteriormente gravado em LP pelo trio.

Aprovado em teste, o Trio foi contratado pela Rádio e TV Record. Na Rádio Record, o grupo foi contratado com o Trio Marayá",para o programa  produzido por Luiz Vieira, além de participar de outros programas da emissora.

Na TV Record, os vocalistas ganharam também um programa semanal, "Trio Marayá e você", com produção de Nilton Travesso e Eduardo Moreira.

O Trio apresentou-se, ainda, nos programas "Sucesso Arno", de Blota Jr., "Astros do disco", de Rendal Juliano, e "O fino da bossa", apresentado por Elis Regina, entre outros.

Nesse período, ainda muito jovens, enfrentaram problemas com o Juizado de Menores nas apresentações contratadas em boates como "Boite Oásis", "Star Dust", "Nick Bar", "African" e "A Baiuca", nas quais seus componentes cantavam e tinham que ficar do lado de fora, na calçada, durante os intervalos.

Em 1958, eles gravaram pela Odeon o primeiro disco, interpretando o samba "O rei do samba", de Hervê Cordovil e Vicente Leporace e o mambo "Patrícia", de P. Prado e A . Bourget.

Nesse período, o grupo realizou excursões a diversas capitais do país. Em 1959,o trio gravou  o segundo disco, cantando as composições "Meu tio" ,de F. Barcellini, H. Contet e J. C. Carrière, com versão de Fred Jorge, e "Onde estará minha vida", de Segovia, Naranjo e Roman, em versão também de Fred Jorge.

No mesmo ano,o Trio recebeu o convite para representar o Brasil no "Festival da Juventude", em Viena, na Áustria, recebendo as passagens, a hospedagem e a comida. O tempo previsto de permanência na Europa era de apenas dez dias, mas o trio acabou ficando um ano.

Durante este período na Europa, os componentes viajaram para a Espanha, apresentando-se na cidade de Barcelona, na boate El Cortijo.

Em seguida ,o grupo seguiu rumando  para a realização de programas da TV húngara.

Em seguida, o conjunto foi contratado pela filarmônica de Budapeste e apresentaram-se com a orquestra húngara em quase todas as cidades daquele pais.

Pouco depois o Trio retornou  à Áustria onde obtiveram sucesso interpretando a "Polca de Liechtensteiner".

O Trio apresentou-se  em diversas casas de espetáculo de renome como "Éden Bar", "Lido", "Maxim's", "Moulin Rouge" e "Baden Cassino". De volta ao Brasil em 1960, gravaram mais um disco pela Odeon, no qual cantaram o samba "Prova de carinho", de Adoniran Barbosa e Hervê Cordovil, e o fox "Um telegrama", de H. G. Segura e Nadir Perez.

Em 1961, os componentes foram contratados pela RCA Victor, gravando em seu primeiro disco o bolero "Por pecadora" e a canção "O matador", de J. Bowers e I. Burgess, com versão de Fred Jorge. No mesmo ano gravaram o bolero "Descansa, coração", de Arquimedes Messima, e o samba "Sambinha quadrado", de Marconi Campos e Hilton Acioli.

Ainda em 1961, o Trio fez excursão ao Uruguai apresentando-se no Cassino Migues em Punta Del Este e na TV Canal 4 de Montevidéu.

Ali, o grupo foi contratado por três meses pela TV Canal 9 de Buenos Aires na Argentina, onde participou do programa "Festival 62", produzido e apresentado por Paloma Black.

No mesmo ano o Trio gravou rock balada "Nena Nenita", de Joaquin Pietro e Juvenal Fernandes e o bolero "Pede", de A . Algueró, A . Guijarro e Teixeira Filho.Em 1966, obtiveram destaque no II Festival de Música Popular Brasileira apresentado na TV Record em São Paulo. Defenderam, juntamente com Jair Rodrigues, a composição "Disparada", de Geraldo Vandré e Teo, e que, com arranjos de Hilton Acioli, tirou o primeiro lugar.

Nos festivais internacionais apresentaram-se com Nat King Cole, Sammy Davis Jr., Ella Fitzgerald, Rita Pavone, Sérgio Endrigo e Catherine Valente.

Em 1968, retornaram à Europa, defendendo o Brasil no Festival Internacional de Música da Bulgária, realizado na cidade de Sófia, onde o trio recebeu Medalha de Ouro", tirando o 1º lugar com a composição "Che", de Marconi Campos e Geraldo Vandré. A composição "Che", vencedora do festival originalmente não tinha letra e havia sido proibida pela censura durante o regime militar, pois os censores entenderam que se tratava de uma homenagem ao guerrilheiro cubano Che Guevara, morto naquele ano. Geraldo Vandré pediu a Marconi Campos para colocar a letra, o que foi recusado pelo autor, que a considerava de característica puramente instrumental. Fez, porém, outra música inspirada na primeira e Vandré colocou a letra.

Após o festival, permaneceram um tempo em Sófia, apresentando-se em concorridos shows na capital búlgara. Visitaram também a Itália e a França. Em Paris, gravaram um disco pelo selo Barclay. Nesse período, participaram da revista musical "Tio samba", produzido pela diretora norte-americana Sonia Shaw e pelo maestro Bill Hithcock. Ao longo de sua carreira, o Trio Marayá participou dos filmes "Uma certa Lucrécia", com Dercy Gonçalves, "O circo chegou à cidade" com Walter Stuart, e "Quelé do Pajeú", dirigido por Anselmo Duarte, com orquestração de Marconi Campos.

Estiveram sob contrato das gravadoras Sinter, RGE, RCA Victor, Odeon, Philips, Chantecler e Som Maior, gravando diversos discos em 45 e 78 rotações, além de compactos e LPs. Alguns de seus discos produzidos no Brasil foram divulgados em países da Europa, como Portugal, França e Itália, e em países da América do Sul, como Argentina, Uruguai e Chile. Um de seus maiores sucessos foi "Gauchinha bem querer", de Tito Madi, onde os vocalistas potiguares interpretaram de tal modo que muitos os confundiram com gaúchos. Ao longo de sua vitoriosa carreira o Trio Marayá recebeu diversos prêmios.

Em 1958, 1960, 1961, 1962 e 1963 receberam o Prêmio Roquette-Pinto como Melhor Conjunto Vocal. Receberam oito troféus de Melhores da Semana, a Taça de Honra ao Mérito do programa César de Alencar, o troféu Campeões da Popularidade da TV Tupi, no programa Ayrton Rodrigues, diploma de Melhor Conjunto Vocal do Festival da Música Internacional na Bulgária, o troféu Índio de Prata como personalidade musical de 1967, além de receber diversas medalhas de honra ao mérito como grupo vocal/instrumental.

A partir de 1975, o trio foi diminuindo cada vez mais as atividades, embora ainda se tenha apresentado em diversos festivais de música universitária na época em que o componente Behring Leirois cursava a faculdade de Direito da Universidade Mackenzie em São Paulo.

Após esse período foram-se dedicando à produção de jingles comerciais e trilhas sonoras para filmes, quando obtiveram muito êxito, com poucos concorrentes na área dos conjuntos.

Marconi Campos fez formação superior em música e em 1985; formou o quinteto "Sombra", do qual faziam parte Faud Salomão, Beto Carrera, Vânia Bastos e Suely Gondim.

Em 1996, Marconi Campos juntou-se a Behring Leiros, Hilton Acioli, Flávio Augusto, Sandra Marina, Vera Campos e Cintia Scola - para gravar o CD independente "Ação dos tempos", interpretando músicas nordestinas, entre as quais "Asa branca", de Luiz Gonzaga, e algumas especialmente de compositores norte-rio-grandenses, como "Moinho d'água", de Chico Elion, e "Capricho", de Carlos Lyra e Behring Leiros. Behring Leiros, por sua vez, trabalhou como relações-públicas na área de divulgação da Rádio e Estúdio Ômega e também enveredou pela produção de jingles.

Hilton Acioli diplomou-se bacharel em Geografia pela Universidade Estadual de São Paulo e foi parceiro de Geraldo Vandré em diversas composições.

Behring Leiros, pai de José Armando Vannucci, bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais e seguiu no compo das composições de
Jingles, para o que instituiu uma empresa especifica.


Hilton Acioli e Behring continuaram a compor em parceria centenas de jingles, sendo os dois mais conhecidos, um de propaganda da Varig, e o histórico "Lula lá", utilizado pelo candidato à Presidência da República pelo PT, Luís Inácio Lula da Silva quando de sua primeira candidatura a presidência.